A Proposta

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- John, querido, você esqueceu seu quepe – Mary está na ponta do jardim vindo em minha direção, no carro para me entregar o objeto esquecido.

- eu voltarei a tempo do jantar – Dito isso acelero o carro pela rua, a delegacia não é tão longe de casa então logo chego ao meu destino.

- Bom dia policial Ross – vários outros oficiais me cumprimentavam com certo respeito , afinal não são todos que tem apenas vinte e oito anos e já tem algumas medalhas de condecoração ganhadas à mérito.

Meu dia costuma ser sempre o mesmo, chego a delegacia, pego um café e espero alguma ocorrência, sempre pequenas coisas como um bêbado causando desordem ou um pequeno acidente de carro. Mas hoje algo um pouco diferente aconteceu, uma secretária veio até minha mesa com uma mensagem.

- Senhor Ross?

- Em que posso ajuda-la?

- O senhor Bryan, quer vê-lo em sua sala.

- Obrigado.

O capitão Bryan nunca precisou chamar-me em sua sala. Assim que chego em frente a mesma bato à porta.

- Entre.

- Capitão, deseja me ver?

- Não precisa de tal formalidade John, sente-se – Diz ele se levantando e caminhando até o mini bar no canto da sala – Whisky?

- Não senhor.

Ele estão se serve e volta bebericando até a janela do lado direito da sala.

- Sabe John, você é um orgulho para esta delegacia, nunca houveram reclamações ao seu respeito e nós valorizamos pessoas assim. Após cinco anos no mesmo cargo percebemos em você um grande potencial! Sabe como lidar com situações de pressão e isso é exatamente o que precisávamos.

- Serei promovido? – Perguntei com certa dúvida.

- Quase isso, iremos transferi-lo para o presídio de segurança máxima do Texas.

- Mas senhor...

- Sei que teria que mudar-se com sua esposa para lá, mas vamos pagar sua viagem daqui da Califórnia para o Texas e lhe daremos moradia por seus serviços a segurança pública do estado, tudo isso sem contar é claro que ganhará o mesmo salário até que seja promovido .
Eu não posso fazer isso com Mary, assim que nos casamos mudamos para San Francisco e agora que estamos completamente acostumados com a cidade , não sei se ela vai aceitar passar por tudo isso de novo.

- Desculpe senhor mas eu e Mary não queremos ter de nos adaptarmos novamente, preciso recusar o convite – Digo já me levantando enquanto ele se vira para mim.

- Deixe-me ser um pouco mais claro John, não vou obriga-lo a aceitar,  mas vou lhe dar um conselho, a delegacia terá de fazer cortes de funcionários e seria melhor manter-se longe da desta linha de fogo não é mesmo? Você tem uma semana para responder a minha proposta, pode ir.

Me levanto e caminhos um pouco atordoado até a porta.

- E John – Viro me para trás – Espero que faça a escolha certa. 

Passei o dia todo na delegacia, foi uma calma segunda-feira. Aceitar a proposta do capitão Bryan parecia a coisa certa a se fazer, mas não faria isso sem consultar Mary, afinal a vinda para San Francisco foi escolha minha e não dela. Quando o expediente acabou, como toda segunda e sexta-feira a maioria dos oficiais se dirigiram a um bar próximo a delegacia para beber e conversar, apesar de ter dito a Mary que voltaria a tempo do jantar não vou fazê-lo. Me sentei em uma mesa com meus colegas de trabalho, como nenhum deles comentou sobre o “corte de funcionários” que o Capitão mencionou acredito que não saibam, mas não cabe a mim contar. Assim que viro meu terceiro copo de cerveja me levanto e deixo dez dólares pagando minha bebida e não espero pelo troco.

- Já vai embora Ross? Ainda é cedo! – Um dos homens ali presentes comenta.

- Sexta eu fico mais, prometi a Mary que voltaria a tempo do jantar e já estou bem atrasado.
Dito isso pego meu casaco que estava dependurado atrás da cadeira junto ao quepe, assim que o coloco, com o quepe debaixo do braço apenas os cumprimento com a cabeça – Senhores.

Caminho para fora do estabelecimento em direção ao meu carro. Chegando em casa apenas o coloco na garagem e entro pela porta da frente, vou direto para a cozinha e não tem nada sobre a mesa, talvez eu tenha me atrasado demais. Para confirmar minhas suspeitas dirijo o olhar para o relógio na parede, falta apenas vinte minutos para meia noite, pelo visto minhas três cervejas foram mais demoradas que o esperado. Caminho em direção a sala de estar, Mary dormiu com a televisão ligada e o avental na cintura. Pelo visto, ela me esperou. Optei por não acorda-la, a casa está perfeitamente arrumada como sempre posso ver que o dia foi longo, tiro seu avental, pego a nos braços e subo as escadas em direção à nosso quarto. Depois de a colocar na cama eu fui para o banho e em seguida me deito ao seu lado, assim que o faço ela acorda.

- John?

- Sou eu Mary, desculpe me por não chegar a tempo do jantar, eu e os outros oficiais fomos para bar e eu perdi a hora.

- Não tem problema, me diverti ao tirar a mesa.

- Certo.

Ela se senta na cama – Está tudo bem querido? Você não costuma ir ao bar as segundas feiras, a menos que haja algo de errado.

- Eu estou bem, nada de mais - Deito de costas para ela.

- Tem certeza?

- Vá dormir Mary – Me irrito levemente – Não se esqueça que tem que acordar antes de mim pela manhã.

- Durma bem John.

Ela se deita e poucos minutos depois consigo ouvir sua respiração pesada, ela dormiu. Me levanto e vou para a janela observar a rua calma, durante meu curto período de insônia eu decido mencionar a proposta de Bryan para Mary pela manhã.

Por Trás da Sentença Onde histórias criam vida. Descubra agora