capítulo: 3

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Se passou um mês já, e aquele trabalho estava sendo uma bênção, nos primeiros dias fiquei um pouco perdida mas Henrique estava lá me ajudando quando eu precisasse.
Eu estava ganhando mais dinheiro e por isso sempre sobrava para comprar coisas diferentes e reunir a família.
Era uma segunda-feira e por sorte não tinha aula. Aproveitei para ficar com a minha mãe e percebi que ela não estava nada bem.
Eu estava ali perto dela quando se acordou.
-filha?- minha mãe me chama
-sim, a senhora quer alguma coisa?
-eu preciso que faça uma coisa.
Me espantei e logo perguntei:
-e o que seria?
-lá -falou apontando para a última gaveta do guarda-roupa -pegue uma caixinha que estava guardada lá.
Eu fui até lá e peguei, era uma caixa simples e pequena.
-muito bem minha filha -ela sorri- agora abra.
Tendo aquela ordem eu logo abri e fiquei muito surpresa. Naquela caixinha tinha um colar sua corrente brilhava e seu pingente era uma flor vermelha, era completamente lindo.
-filha, esse colar foi sua vó que me deu quando estava preste a morrer, é como se fosse uma relíquia que passa de geração em geração, então eu preciso que não perca ele. Agora cuide muito bem pois ele é seu.
Ela começou a se emocionar e seus olhos estavam cheios de lágrimas.
-mãe eu não posso aceitar
-como assim? Você pode sim! Lembre-se que a vida não é só flores no caminho, vai existir pedras e espinhos tentando te machucar, mas não desista nunca, no final você vai ver que vai valer a pena ter alguns arranhões e machucados.
A minha mãe tenta se levantar mas na mesma hora ela cai desmaiada, coloquei a caixinha na mesa próxima a sua cama, eu gritava pelo seu nome. Corri para a sala e liguei para seu médico, ele me falou que ia vim o mais rápido possível.
Eu comecei a chorar ajoelhada no chão.
Meu irmão chegou e viu o meu estado, acho que ele já tinha imagino o que estava acontecendo e logo me abraçou. Não demorou muito e o médico com o corpo de bombeiros já estava ali.
Eles foram até o quarto dela e trouxeram a minha mãe as pressas.
-o que estava acontecendo? -eu gritei.
-venha rápido Alice sua mãe precisa de uma cirurgia urgente. -o médico me diz.
Levemos ela as pressas para o hospital.
Era 21:00 e aquela cirurgia demorava muito, eu e meu irmão estávamos muito preocupados. Vejo que alguém senta do nosso lado.
-Henrique? -assustada pergunto
-não foi no trabalho hoje, fiquei preocupado e fui até a sua casa então sua tia me contou o que aconteceu.
-minha tia? Ela esta na nossa casa?
-sim, ela estava arrumando lá
Eu olhei bem dentro dos seus olhos e disse:
-estou com medo de perder a minha mãe.
-não vai acontecer nada.
Ele me abraça. Emanuel estava com muita fome e foi comprar alguma coisa para comer.
Passou alguns minutos e logo vejo o médico vindo com passos lentos e a sua cara nada boa.
Ele chega perto de nós dois e pergunta:
-quem é esse rapaz Alice?
-um amigo, mas e a minha mãe?
Ele respira fundo
-Alice eu...
-doutor ela esta bem? Quando ela vai sair daqui? não faça esse suspense por favor.
Ele me interrompe:
-Alice, me desculpe mas sua mãe não resistiu a cirurgia.
Eu paralisei, minha respiração ficou muito rápida e meu coração começou a acelerar. Eu comecei a chorar novamente, Henrique vem e me abraça forte como nunca, meu choro estava abafado, as lágrimas molharam a gola da sua camisa.
E como meu irmão vai ficar?
Foram minutos de desesperos no meio do corredor.
******
Eles me deram um calmante, meu irmão chegou.
-irmã? Estava chorando?
-Emanuel eu sei que não gosta de suspense -abaixei a minha cabeça e fiquei em silêncio, não consegui falar
-fala logo Alice, a nossa mãe esta bem não é mesmo?
eu chorei novamente
-a nossa mãe não está aqui conosco Emanuel, ela morreu.
Ele fica sem reação e logo se joga para me abraçar, eu ouvia ele chamar baixinho por ela e aquilo estava me destruindo.
HENRIQUE:
eu não sou de chorar mas tive que segurar as lágrimas para dar uma força para eles.
Eu percebi naquele dia que temos que valorizar a família porque não sabemos quando a vida vai tirar eles de nós.
Eu abracei os dois, olhei para o final do corredor e vi o médico da Valentina que parecia que estava chorando também.
Eu fiquei pensando como é que vai ser a vida de Alice daqui para frente, eu não sou muito próximo a ela e já estou vivenciando os piores momentos da sua vida.
Já era quase meia noite e eu resolvi perguntar para Alice:
-quer que eu te leve para casa?
-se você fizer isso vou ficar agradecida.
Ela colocou suas duas mãos no meus rosto, estavam quentes, seus dedos com maciez me fazia um carinho, olhei para ela que estava com uma aparência cansada e seus olhos vermelhos de tanto chorar.
Me dava um aperto de ver ela sofrendo e teve algumas vezes que meu desejo era tirar aquela dor dela e colocar tudo em mim.
já estávamos dentro do Carro, ela estava quase dormindo.
O caminho do hospital até a sua casa não era muito e em poucos minutos estávamos na sua casa.
Seu irmão saiu do carro e correu para dentro da casa.
Alice parou perto da janela do carro e falou:
-muito obrigada por estar nessas horas comigo.
Eu apenas sorri, ela se virou e foi andando para entrar na sua casa, como de costume eu só ligava o carro novamente quando ela estivesse entrado dentro da casa.
Depois de os dois já estarem lá dentro eu parti para a minha casa com uma grande tristeza.

eu me chamo AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora