Capitulo II

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Me deparei com duas mesas ocupadas, nenhuma precisava de mim. Até ouvir o sino da porta me alertando de que alguém havia chegado, me virei, dando de cara com dois grandes e bonitos homens, ambos eram fortes e fariam qualquer mulher, menos eu, cair aos pés deles. Ao entrarem, olharam diretamente para mim, e pararam, me avaliando, um deles passou a se direcionar a uma mesa, puxando o outro consigo. Respirei profundamente, e fui atende-los. Ao me aproximar da mesa, notei que um deles tinha os olhos em um verde extremamente claro e o outro um dourado assustador, fingi desinteresse, a cor dos olhos deles não me dizia a respeito. Cheguei na mesa com meu bloco em mãos e perguntei calmamente:
- Os senhores gostariam de algo?
Eles se entreolham cúmplices e o de olhos verde inalou o ar e disse:
- Já temos o que precisamos, obrigada.
Os encarei. Como assim? Acenei brevemente com minha cabeça, e me direcionei de volta ao balcão, encarando eles saírem pela porta.
Após meu turno terminar, por volta das oito horas da noite. Comecei a andar na rua, em busca de um táxi que pudesse me levar para casa. Acenei para o primeiro, segundo, terceiro, ninguém parava. Bufei, frustrada, o que custa um maldito táxi parar?
Até que o quarto, iluminado, táxi parou. Entrei e lhe passei meu endereço, como uma incrível curiosa, eu queria ver o rosto do taxista, que não me olhou por um minuto. Passei o caminho todo, montado mentalmente seu rosto, a curiosidade me corroía, estava rezando para chegar logo, ele precisaria se virar para receber o dinheiro, certo? Alguns poucos minutos depois chegamos, um pequeno e cinza prédio, que parecia perdido no meio de um mar da casas. Ansiosa, perguntei o preço e esperei animadamente que ele virasse. E isso aconteceu, mas não era bem o que eu esperava. Tentei não demostrar reação nenhuma, mas foi impossível, eu encarei, dando rapidamente o dinheiro ao homem, no qual parecia não ter olhos, e sim duas crateras vazias, acompanhadas de uma pele acinzentada. Recebi o troco. Dei um sorriso nervoso e ouvi ao sair do carro:
- Boa noite senhorita Vitória.
Congelei. Me segurei para não começar a hiperventilar, eu nunca tive medo de nada e não iria me tornar fraca agora. Tentei relembrar as palavras de meu tio enquanto passava a portaria, mas era quase impossível! Aquele homem não tinha olhos!
Entrei no antigo elevador, que pela primeira vez, me fez assustar com seus rangidos. Meu andar chegou, e encarei minha porta, sem acreditar no que eu estava vendo. Não tinha mais porta!
Eu estou ficando louca! Respira. Inspira. Respira. Inspira. Acende a luz! Por favor!
Meu subconsciente gritava comigo. De repente, engoli seco, ao acender a luz do corredor, e ter o vislumbre de uma mulher de pele verde, com os cabelos perfeitamente ondulados que chegavam a metade de suas costas, com uma roupa de couro justa. Ela seria bonita, se não estivesse em cima da minha porta, segurando alguma bugiganga e não tivesse a pele verde!
Por favor, não começa a hiperventilar, não agora, se acalma, se mostre segura, você é forte e está bem. Uma lagartixa com cabelo e roupa de couro não vai te abalar, certo?
Ela me olha calmamente, com carinho.
Abre a boca e a fecha novamente. Até que parece tomar coragem, e diz:
- Olá Vitória!

14/03

O NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora