Capítulo: VI

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"O terror dá asas aos pés. – Virgílio"

Ponto de Vista: Jasmine Lowe

- Noah... – O chamado saiu por meus lábios em um tom de voz baixo, rouco, cansado. O suspiro pesado surgiu e escapou assim que as pálpebras de meus olhos foram abertas, trazendo a dor de cabeça consigo assim que a luminosidade do cômodo se fez presente, intensificando-se com velocidade no decorrer dos segundos.

As batidas calmas e ritmadas do coração ganharam força conforme o entendimento se apresentava. Onde eu estava?

O desespero ganhou forças.

Existia uma confusão em minha mente que impedia que determinadas informações, que poderiam me ajudar a entender a situação, fossem reconhecidas e processadas com eficiência, atrapalhando o Córtex Cerebral¹ de realizar qualquer tipo de ação e/ou reação justificável.

A sensação se assemelhava a um delay que todos os equipamentos eletrônicos acabam sofrendo quando uma quantidade x de dados é inserida ou solicitada, em sua controladora mãe, sem um intervalo de tempo para que a compreensão seja possível.

Quando tornei a abrir as pálpebras de meus olhos, poderia dizer que existia uma magia indescritível e inexplicável naqueles flocos de poeira que só eram visíveis na luz do Sol ou quando a escuridão era invadida pelos raios solares, criando feixes únicos de luz e trazendo tais flocos a vista, onde o interessante de poder observá-los se devia a sensação de inocência e tranquilidade que o ato trazia até mesmo para alguém agitado, preocupado ou ansioso.

O contraste criado me fascinava desde criança.

O simples gesto de "abrir os olhos" e ver aquela reação natural, ou quase, era atraente. Talvez a calmaria que ela me proporcionava nos momentos de tormenta fosse a responsável por tamanha simpatia.

Mas, não demorou para que as lembranças da noite anterior se apresentassem como um flash, trazendo clareza a mente confusa.

E, mais uma vez, o desespero se apresentou. Palpável até.

Ergui o corpo em um salto, porém retornei ao chão instantes depois assim que meus joelhos cederam ao peso, trêmulos.

As palmas tocaram o chão sujo.

Uma careta foi feita em reflexo ao contato com algo tão imundo.

As lembranças daquela noite se tornaram presentes. Estava caminhando em direção ao carro no estacionamento da Clinica quando meu celular vibrou, atraindo a minha atenção. Peguei o celular em um dos bolsos da bolsa que carregava e desbloqueei a tela, vendo a mensagem: "Corra!". Estranhei o conteúdo e me preparava para responder aquilo até escutar o som de uma corrente caindo no chão, fazendo-me olhar na direção da origem do som. Nada. Precisei respirar fundo para me acalmar e olhei novamente a tela do celular, bloqueando-o e guardando na bolsa. Olhei outra vez na direção do som e assustei-me ao ver o homem vestido de preto me encarando. Apenas corri na direção do carro.

As lembranças seguintes se tornaram confusas. Tentei lutar, mas falhei. Depois acordei no banco de trás de um carro. Em seguida, haviam árvores enorme acima de nós. E então agora.

Tornei a erguer meu corpo, decidida a lutar por minha vida e a sair daquele lugar. Apoiei-me contra a parede quando senti as pernas fraquejarem ao trazer sustento ao corpo. Não demorou para que meu cérebro ajudasse na tarefa de trazer algum equilíbrio decente e me guiasse até a porta, coloquei a mão sobre a maçaneta e a girei, suspirando pesadamente ao perceber que a porta estava trancada.

Terror Psicológico [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora