Capítulo: III

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"Nossas cicatrizes servem para nos lembrar que o passado foi real. - Hannibal"

Ponto de vista: Noah Bärwald

Meus olhos permaneciam atentos, fixos naquelas páginas brancas com linhas mesclando entre o preto e vermelho, no relatório atualizado das últimas vinte e quatro horas, trazendo informações recentes sobre o "Caso 1.474" ou, como a mídia havia intitulado, "Assassino da meia-noite".

O nome ganhou forças pelo simples fato de que o criminoso sempre sequestrava e descartava as vítimas à meia-noite em ponto, nunca antes ou depois. E esse detalhe ganhou a atenção do público em geral.

Uma terrível dor de cabeça que piorava e aumentava com o passar das horas. Uma das contribuições para o desconforto mental era o fato de Jasmine ter se tornado uma das vítimas do criminoso, e a última até então. Não encontramos um corpo ou qualquer rastro de seu paradeiro.

Outra grande preocupação.

Encerrei a leitura e encostei minhas costas contra o encosto da cadeira, deixando o ar, que estava preso em meus pulmões, saírem de maneira lenta e pesada. Demonstrando assim parte do cansaço e sensação de impotência.

Minha mente se encontrava em um caos completo.

Estar no Departamento além do horário de expediente era necessário.

Era necessário para que prendêssemos o culpado e trouxéssemos Jas de volta juntamente da justiça para as respectivas famílias destruídas ou abaladas pela perda de um ente querido.

Não demorou para que minha mente voltasse a criar hipóteses e inúmeras possibilidades do que existia por trás daquela máscara de sequestrador.

Qual seria o seu nome? Sua idade? Seus ideais e motivos? Por que havia escolhido as rosas como marca? Por que sempre à meia-noite?

Perguntas que rodeavam parte dos meus pensamentos e que tinham o mesmo fim: um caminho sem saída.

Desviei meus olhos das páginas, agora, nada atrativas do relatório e encarei a tela do computador, vendo o cursor do mouse parado sobre o ícone de um play. Eu sabia o que vinha em seguida, mas precisava de alguma informação adicional, algo que não houvesse visto antes ou que tivesse passado despercebido.

Apertei o play e vi o vídeo se iniciar.

"Jasmine andava com habilidade sobre os enormes saltos altos da Louboutin em direção ao carro azul escuro, parado no estacionamento, escuro e vazio, deserto da Clínica em que trabalha.
A tela do celular se acende. Jasmine pega o objeto, checando alguma coisa antes de o guardar dentro da bolsa.
Alguma chama sua atenção, pois ela olha para trás e, em instantes, ela estava correndo com as chaves do carro em mãos.
" - Por que eu deveria te tratar bem, se você me tratou feito lixo?"

E então a imagem mostrava um automóvel saindo do estacionamento antes de ficar tudo silencioso até as primeiras horas da manhã.

A partir daquele ponto, não havia mais indícios de nenhum dos dois.

As lágrimas involuntárias vieram subitamente assim que o vídeo foi finalizado.

A sensação de impotência crescia em meu peito juntamente com a angústia e o medo. O medo trazia pensamentos ruins, fazendo minha imaginação criar diferentes cenários cruéis para a situação atual de Jas.

Não saber o que estava ocorrendo com minha noiva era terrível.

A insegurança começava a dar o ar das graças. E isso poderia ser preocupante para a conclusão do caso.

Terror Psicológico [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora