Barulhos Noturnos

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         Faziam duas semanas que Patrícia havia mudado com sua família para uma casa nova num bairro mais afastado

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         Faziam duas semanas que Patrícia havia mudado com sua família para uma casa nova num bairro mais afastado. Um casarão de construção antiga, dois andares e com ares sinistros. Lembrava muito casas de filmes de terror que Patrícia gostava muito de assistir.

         As duas primeiras semanas foram perfeitas, as coisas estavam começando a estar em seus lugares, as roupas em suas gavetas e agora já era possível usar a cozinha. A vizinhança parecia tranquila, apesar de haver poucas casas ao redor do velho sobrado, até mesmo poste de iluminação era um pouco longe. Porém na terceira semana quando Patrícia fora buscar pães na padaria uma de suas vizinhas, que morava na única casa que se atrevera a estar próxima, a parou perguntando:

       -Quem fica acordado a noite toda na sua casa?

        Confusa Patrícia fez cara de intrigada e respondeu:

        -Ninguém, todos dormem rápido, acordamos cedo demais!

        A vizinha insistiu:

        -Mas alguém fica no quarto com a luz acesa e ouço batidas de portas a noite toda! Aquela maldita luz - Bradou a mulher com gestos exagerados de fofoqueira - Impediram Stefano a dormir, meu pequeno bebê não pregou os olhos a noite toda!

       -Sinto muito pelo seu bebê, verei o que pode ser! - Respondeu corando.

      -É o meu cão, por favor, o faça mesmo! - Disse a vizinha enfurecida.

      Patrícia continuou fazendo cara de intrigada, tentando fazer com que a vizinha não percebesse que ela achava que ela estava louca. Mas era o que Patrícia achava, que a vizinha era uma impressionada e inventora de histórias.

         - Olhe, eu não sei quem fica acordado, mas vou verificar viu! – Respondeu a adolescente para a vizinha, rematando o assunto.

          Chegando em casa patrícia contou a sua mãe o que havia acabado de acontecer, a mãe entortou os olhos e fez gestos imitando uma pessoa louca, patrícia riu com gosto, então desencanou do fato.



            No outro dia a vizinha cercou Patrícia mais uma vez e perguntou:

          - Então! - Botou a mão na cintura - Descobriu quem fica acordado? 

           Patrícia respondeu que não.

           - Esta noite estava mais intenso – Informou a vizinha com ares temerosos – batidas de portas, luzes acendendo-se e até pude ouvir vozes!

         - Não entendo! – Disse Patrícia irritada – Não fica ninguém acordado a noite!

          A atendente da padaria que trazia pães para Patrícia disse:

         - Fica mesmo, ontem mesmo quando eu passava pela frente vi um homem passando pela vidraça da sala, tarde da noite! Devo concordar com Madame Matarazzo.

        Patrícia fez cara de medo e disse:

      - Não moramos com nenhum homem!

         A mãe de patrícia era divorciada e não tinha um namorado ainda. Moravam apenas Patrícia, seu irmão e a mãe.

          - Não é metendo medo não! – Começou dizendo a balconista – Mas o outro pessoal que morou na sua casa viviam me dizendo que ouviam barulhos à noite e que saíram de lá por conta disto!

        - É mal assombrado aquele lugar! – Disse a vizinha que ainda estava por ali defendendo a sua afirmação de ter alguém acordado durante a noite, Stefano não late pra sua casa, late para tudo até para borboleta, mas para sua casa nunca! Eles sabem, eles sabem das coisas os cães...

         Patrícia saiu da padaria pensando nas palavras das mulheres, mas não deu muita liga porque nunca havia ouvido nada, muito menos visto.

        Mais uma vez a garota narrou a história das mulheres da padaria para sua mãe.

         - Está impressionada demais Pati! – Disse a Mãe

        – Se quiser pode dormir comigo esta noite, para não ficar com medo.

        Em geral Patrícia diria que não queria, para não se passar por medrosa, mas naquela circunstancias aceitou o convite, o irmão mais novo também fora dormir com elas.



         Naquela noite Patrícia não fechou os olhos nem um minuto. Então seu coração disparou a ver uma fresta de luz entrando pelo vão embaixo da porta e ouviu um ranger de porta. Congelou-se, levantou e trancou a porta do quarto, o que for que fosse não poderia fazer mal a eles. Havia alguém dentro de casa, será que eram bandidos e assaltantes ou algo sobrenatural, poderia ser os velhos moradores, mas mesmo que tivessem a chave era ilegal aquilo...

        Uma vez trancados, e seguros Patrícia acordou sua mãe:

        - O que foi Pati? – Perguntou a mãe sonolenta.

        - Tem alguém aqui dentro de casa!

        A mãe levantou num pulo acordando o irmãozinho de Patrícia também.

        -Já tranquei a porta! - Disse Patrícia.

        Nesta hora todos olhavam para a porta, agora se ouviam passos pesados pelo corredor da casa, e uma respiração ofegante, então Patrícia deu um pulo para trás de medo quando alguém bateu contra a porta, em seguida começou a forçar a fechadura tentando abrir a porta.

        - Quem está aí? – Gritou a mãe tentando manter a voz firme.

       Ninguém respondeu mas continuou forçando a fechadura e a bater na porta.

       - Vou ligar para a polícia! – Gritou a mãe novamente.

        Patrícia sabia que a polícia não iria fazer nada contra o que ali estava não era ninguém, era algo sobrenatural, patrícia sabia disto. A confirmação veio quando a luz do quarto começou a piscar com freqüência, logo a luz do abajur começou a piscar também.

       Um estouro ali perto assustou a todos, era a tomada que havia fechado em curto-circuito, em seguida as cortinas começaram a voar, o irmão de Patrícia chorava horrorizado.

      Então tudo parou abruptamente. As batidas à porta e as luzes, tudo ficou quieto novamente. A mãe de Patrícia chegou mais junto da porta para ouvir melhor e tudo estava em absoluto silêncio. Devagar a mãe girou a chave e abriu a porta.

      Nada aconteceu, Patrícia respirou aliviada.

      - Mas o que foi isto? – Perguntou a mãe de Patrícia assustada.

      - As vizinhas estavam certas! Este lugar é amaldiçoado.

      O fato de ser sobrenatural foi confirmado quando Patrícia viu que não havia sinal de arrombamentos em nenhuma janela, nenhuma porta.


      No outro dia a vizinha de Patrícia contou que ali morava uma família, nesta família houvera uma morte, o pai havia se enforcado em um dos quartos e desde então seu espírito ficou preso a casarão, atormentando quem ali morasse. A família de patrícia mudou-se naquele mesmo dia, pois não queriam arriscar mais, aquela noite jamais seria esquecida, acontecimento sobrenatural e atormentador. Já no carro, Patrícia olhou para trás, para a casa que estava deixando, e ficou em choque ao ver que na vidraça havia um homem olhando fixamente para o carro deles. Parecia com um espectro,um vulto negro e colossal que ameaçava de longe. 

Patrícia esfregou os olhos e quando voltou a olhar para a vidraça, o espírito já havia sumido.

O Assustador e Doentio Livro de Histórias de TerrorOnde histórias criam vida. Descubra agora