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Assim que finalmente retornamos ao acampamento, depois de quase quarenta minutos de caminhada, a maioria dos competidores já havia retornado. Amberle e os demais se apressaram em se aproximar de nós, todos carregando expressões preocupadas em rostos marcados pelo cansaço da atividade e pela expectativa da espera. Nossa canoa havia sido encontrada e ninguém sabia sobre nosso paradeiro, e a festa quando aparecemos foi quase que generalizada. Minha amiga começou a chorar assim que seus braços envolveram meu corpo, e Christopher encarou isso como uma deixa para se afastar, seguindo para perto de seus colegas de trabalho.

Depois disso, não voltei a vê-lo por quase um dia inteiro. O quarto dia passou depressa e sem acontecimentos importantes. Depois do pequeno acidente envolvendo Christopher e eu, as atividades das equipes acabaram sendo repensadas, e a gincana terminou mais cedo do que era previsto. Tentei alegar que isso não era necessário e que estava tudo bem, e fiz questão de frisar que o viking havia salvado minha vida, o que resultou em um sorriso envergonhado do Deus nórdico. Meus esforços, no entanto, foram em vão, já que as atividades acabaram de qualquer maneira.

Para comemorar o final das atividades e o desempenho de todas as equipes, e divulgar também o resultado da competição, foi marcado um jantar em torno da fogueira durante a noite. Amberle, que resolvera passar o dia inteiro me torturando com perguntas sobre o loiro, tinha feito questão de me emprestar seu melhor conjunto de roupas – um vestido longo e branco, que deixava minhas costas completamente a mostra – com a desculpa de que eu precisava estar radiante para reencontar o babaca do aeroporto.

― Eu já disse, eu e ele não vamos mais nos cruzar, nossa relação aqui já aqui ― Afirmei enquanto terminava de arrumar meu cabelo, tentando manter os fios no lugar.

― Daisy, você é minha amiga então me sinto na obrigação de falar isso... Você passou tanto tempo mentindo pra você mesma, que agora você simplesmente não sabe mais a hora de parar ― Parei imediatamente o que estava fazendo e encarei Amberle. Ela lutava com nossa barraca, tentando arrumar o tecido que não parecia muito bem encaixado desde o primeiro dia.

― Eu não sei do que você está falando ― Talvez eu soubesse. Ela deixou a barraca para lá, soltando alguns palavrões e então se aproximou de mim.

― Eu estou falando que quando um cara desses cruza o seu caminho por uma, duas, várias vezes, você aceita isso como um sinal divino e aproveita! ― Exclamou ela, levantando as mãos na direção do céu ― Se você não pegar ele, eu mesma pego.

― Amberle, pelo amor de Deus... Você já quer pegar o Will!

― E daí? Até parece que eu não dou conta dos dois ― Minha amiga fez uma careta, como se fosse um absurdo o que eu estava dizendo, e então terminou calçar suas sandálias e começou a me arrastar em direção a fogueira.

A noite estava agradável, mas um vento gelado começava a surgir, agitando as árvores e revelendo que o tempo provavelmente acabaria mudando. Agradeci por estarmos quase no último dia, e por não termos dado o azar de pegarmos alguma chuva forte, já que isso provavelmente acabaria deixando nossa barraca afundada em um mar de lama.

Quando chegamos na fogueira, a maior parte dos participantes já se encontrava no local. Johnny, o monitor do time vermelho estava sentado em um dos bancos de madeira, tocando uma música animada em seu violão e sorrindo para algumas garotas que dançavam animadas ao seu redor. Amberle me largou assim que avistou Will e acabei seguindo na direção de Johnny, ocupando o lugar vazio ao seu lado. Ele terminou a canção e então entregou o violão para um dos garotos que estava por perto, aproveitando a foga para iniciar uma conversa.

― Como você está depois do que aconteceu ontem? ― Ele não precisou entrar em detalhes para que eu soubesse do que estava falando. Queria fugir do assunto mas Johnny havia sido legal demais comigo para que eu não desse uma resposta decente.

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