Aquela mulher me encarava a espera da sua tão desejada resposta, mas tudo que eu conseguia pensar era em como tudo aquilo poderia ser um engano. Não poderia ser verdade toda aquela baboseira de escolhida. Não vou negar o que eu vi, não vou negar que uma coisa no dia do cemitério me pegou e quase me matou, meus olhos não estavam enganados. Além disso, a pessoa que eles estavam procurando tinha um caráter impecável, " justa, humilde com os seus poderes... " Entre os humanos eles definitivamente não encontrariam uma pessoa com esse carácter, e muito menos poderia ser eu... Isso me fez lembrar do meus cabelos, ele já não tinha aquela vida, aquela cor negra e bonita de ver, agora estava esbranquiçado até a raiz, este não era o meu cabelo. Olhei finalmente para a mulher e resolvi por fim tirar um dúvida.
- O que houve com o meu cabelo? - ela me olhou incrédula, pois esperava obter a sua tão sonhada resposta, mas eu rosolvi testar a sua paciência com a minhas perguntas.
- No dia que foi atacada pelo Grãji, a criatura criada pelo Darkon ( que foi apelidada de perseguidor), ela foi criada para sugar a energia vital de seres vivos. Para fazer isso, ela parte das coisas mais simples para depois as mais complexas, por exemplos, os cabelos do seu corpo. - esclareceu Dhália.
- Mas quando os meus cabelos crescerem, ele voltará ao normal não é? - eu precisava saber. Como eu andaria com eles assim? O que o David diria ao ver eles assim? E mais, como iria aparecer com ele na escola dessa forma?
- Infelizmente Lucy, os efeitos do ataque do Grãji são irreversíveis, até sobre magia. Até porque, o maior mago o fez depois da grande escolhida. - Maggy explicou e ao fim da frase ia fazer reverência a " escolhida ", mas eu a impedi, não gostava desse termo, não me considero a tal.
- Por favor Meggy, me chame como sempre chamou, sem reverências, por favor. - ela assentiu dando um sorriso que eu amava ver dançar nos seus lindos lábios cheios e vermelhos. Ela era uma boa prima.
- E então my lady? Já se decidiu? - perguntou Dhália a procura da sua querida resposta.
Parei para pensar mais um pouco no assunto e por fim tomei a melhor decisão no momento.
- Desculpe, mas não - todos me olharam espantados e eu apenas prossegui - Essa pessoa não sou eu, eu sou uma garota normal, não tem muita coisa especial para ver em mim. Além disso, se meus pais fugiram comigo quando eu era pequena, é por que não queriam esse futuro para mim. Eles morreram por isso, então vou acatar esse último ato deles como seus último pedidos. Vá embora Dhália, essa escolhida não sou eu, e talvez nunca seja. - falei e com muita dificuldade sair manquejando para o meu quarto. Por um momento achei que alguém falaria algo para me impedir de voltar para o quarto e persistir no assunto, mas pelo contrário, deixaram que eu me retirasse do ambiente sem mais nem menos e sem aceitar esse suposto destino.
Entrei no meu quarto e encaminhei meus olhares para a janela e para checar se aquelas ervas tão belas ainda permaneciam no mesmo lugar onde eu as deixei a gênese. E lá estavam elas, paradas e do mesmo jeito que eu as deixei.
Deitei na cama muita atordoada e frustrada, foi muita coisa para um dia só. Independente do que querem para mim, só eu posso dizer o que eu realmente desejo pra mim, sou eu a única escritora da minha vida e história, e ninguém pode me tirar esse direito, o direito de escolha.
Adormeci submersa nesses pensamentos. A princípio eu não quis dormir, mas eu estava cansada demais, por isso meu corpo e o cansaço foram mais forte e me fizeram dormir profundamente.
(...)
Na manhã daquela sexta-feira eu acordei ainda muito dolorida por conta dos acontecimentos do dia anterior, mas mesmo assim eu já me sentia melhor e conseguia andar sem sentir uma grande dor varrer todos os músculos até os ossos mais pequenos que se encontravam no meu corpo. Me levantei e fui até o banheiro tomar um banho. Ao me olhar no espelho acabo por recordar dos meus cabelos de tons claros, tão claros quantos nuvens de um dia ensolarados. Meus cabelos pareciam platinados. Não estava feio, eu até que fiquei bem com a cor, mas mesmo assim era estranho me olhar no espelho e não ver as minhas madeixas negras e rebeldes, e sim um cabelo escorrido e singularmente branco como neve. Resolvi ignorar e tomar finalmente o meu banho.
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A Escolhida: O Início
RandomMedo... Palavra de quatro letras... Que para alguns não tem muito significados, para outros carrega um turbilhão de sentidos... Para mim, o que significa medo? Medo... Soa até meio estranha ao se falada ou ouvida para mim... Bom, medo pra mim não é...