Pensamentos de um anjo!

CAPÍTULO 01 PESADELOS

- Então Bernardo, tu não sabes quem és?

Belial gargalhou tão alto que ecoou por toda a prisão celestial, depois contraiu todos os músculos zigomáticos da face numa expressão impiedosa.

Bernardo acordou, foi só um pesadelo, mais um...

Já virara rotina tantos pesadelos que Bernardo não ligava mais. Apenas achava estranho que um homem chamado Belial perturbasse seus sonhos. Talvez fossem memórias do começo da vida quando o seu pai agredia de forma impiedosa sua mãe e depois, descontava toda raiva em um garoto indefeso.

O último ano da escola já tinha acabado e Bernardo passou de raspão. Não via sentido, nem vontade de estudar. Era a mesma coisa de sempre. O pior, agora teria que escolher uma faculdade, na verdade, Bernardo só pensava nas festas e em garotas. "Puxou ao pai!" pensava sua mãe Catarina todas as vezes que ele chegava de madrugada em casa.

O pai de Bernardo mais uma vez não apareceu para o natal nem sequer ligou. Bernardo estava acostumado, mas batia uma tristeza imensa como se tivesse perdido algo. Sua mãe tentava o alegrar falando que era o nascimento de Cristo o Salvador.

- Mãe! Ele a reprimia . - Deus não existe, não mais, Cristo morreu e virou pó. A humanidade esta abandonada, olhe ao seu redor.

Catarina pedia perdão a Deus todas as vezes que achava que seu filho blasfemava. De repente, a campainha tocou, era Celeste apavorada, olhos arregalados. Estava em choque, tremia o corpo inteiro, parecia em colapso. Abraçou Bernardo e chorou de gaguejar. Ela mal conseguia respirar.

- Acalme-se Celeste! Sente-se, vou buscar um copo de água. Disse Bernardo inquieto.

Catarina vendo a cena ficou alarmada. Celeste enxugou as lágrimas.

- Oi senhora Catarina, me desculpe o jeito que entrei.

- Tudo bem minha filha? Se quiser conversar, se tiver um modo que eu possa ajudar...

- Na verdade dona Catarina. Interrompeu Celeste ainda em prantos - É complicado. Eu gostaria de conversar a sós com Bernardo.

Catarina apertou-a em seus braços num longo abraço.

- Seja o que for tudo ficara bem. - Você faz bem ao meu filho, Celeste.

- Oi! Tome essa água irá acalmá-la. Disse Bernardo portando um copo transbordando. - Agora vamos para o meu quarto conversar?

Os dois lentamente subiram as escadas para o quarto de Bernardo.

- Celeste o que você fez? Ele indagou, assim que fechou a porta.

- É isso o que pensa? Que só cometo erros? Redarguiu Celeste limpando os olhos.

- Não. Não, desculpe-me!

- Esse mês começou um ritual para um próximo ano melhor e para realizações na faculdade e...

Antes que ela pudesse terminar de explicar, Bernardo a interrompeu abruptamente:

- Celeste eu já mandei você parar com esse tipo de coisa. Isso só vai te destruir!

Ele se controlava para não repreender Celeste. Mas ela insistiu em descrever.

- Apareceu uma mulher magra com olhos grandes azuis feitos o mar. Com um sorriso perverso. Ela falou em magia e destruição, falou em dragão das profundezas. Disse que a magia tem um preço e muitas mortes vão acontecer.