Uro

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Kayla havia acordado de bom humor. Ignorando o fato de ela ter descoberto que teria de ir para o reino de Frigus, e pior, para a capital do reino inimigo, com o objetivo de fingir que ainda existia paz e um pouco de civilidade entre os dois reinos.

Seu pai estava completamente enganado. Ou louco.

Desceu as escadas de dois em dois degraus, como sempre fazia desde que era pequena. Kayla olhou ao seu redor para o palácio tão familiar: as escadas douradas, as paredes amarelas com fios de ouro, o grande candelabro no centro do cômodo feito de diamante, os quadros espalhados pelas paredes — com imagens das paisagens de Uro, principalmente dos vulcões, e da capital Rubrum. Além de um grande retrato da antiga família real, quando sua mãe era viva. Era visível o rei em pé com o braço envolta dos ombros da mãe de Kayla que estava sentada em um banco, com a princesa de apenas um ano em seu colo.

A jovem saudou todos os empregados que passaram por ela em direção a sala de jantar da família real, para levar o desjejum até lá. Todos se conheciam e se respeitavam, era uma qualidade dos cidadãos de Uro, calorosos e carinhosos.

Kayla anda até a sala de refeições da família real com animação, já que era o tempo livre que seu pai tinha com ela, quando ele não estava ocupado em afazeres reais.

A princesa encontrou com a sua dama Kendra no corredor, já que a mesma havia dito a ela que não queria ser acordada cedo. E se o rei soubesse disso as duas estariam encrencadas.

— Bom dia, princesa — cumprimenta a sua dama enquanto a acompanha.

— Já falei um milhão de vezes a você, Kendra, é Kayla! — responde a jovem bufando.

Kayla e Kendra eram amigas desde que Kayla se lembra, já que a jovem era filha de uma camponesa que era serva no palácio, e logo quando a mãe de Kendra morreu, a menina continuou trabalhando como serva, até Kayla tornar sua amiga em sua dama, o que diminuía em peso os afazeres da menina.

E a princesa não gostava de ser chamada por seu título, por incrível que pareça, principalmente no castelo onde todos eram uma família.

— Faço de propósito, sei que não gosta — justifica rindo.

Kayla avança em direção a sala de jantar ainda de bom humor. A mesma visualiza seu pai enquanto alegremente deposita um beijo em sua bochecha como de costume.

— Bom dia — disse enquanto se sentava.

— Bom dia, querida. — Responde seu pai.

Sua madrasta só trata de revirar os olhos e de fazer um bico, enquanto desdenha com a mão.

Ela era do reino Caeli, o que para Kayla explicava o seu jeito. Como eles controlavam o ar, ela com certeza deveria ser vazia por dentro, e no lugar do coração, deveria ter um vácuo. Kayla riu de seus pensamentos e recebeu um olhar de repreensão do seu pai, a jovem confirmou e começou a brincar com o garfo como de costume. Ela não entendia porque o seu pai, um homem tão bom e feliz havia casado com uma mulher tão fria como ela. Mas seu pai havia explicado:

Coroa De Guerra (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora