Meus dedos se chocavam com as teclas com agilidade, raiva, mágoa, dor. Parecia que cada som de "clack" extirpava uma parte do sentimento ruim que havia crescido de forma descontrolada dentro de mim. Eu só desejava retirá-lo do meu âmago. Os olhos insistiam em marejar, mas meu ego brigava contra minhas fraquezas, não querendo deixar as lágrimas caírem. Ele, meu ego, não queria que aquele homem tivesse mais nada de mim, muito menos minhas lágrimas. Já meu coração e meu bom senso dizia para entregá-las de bom grado para que assim pudesse dar um ponto final àquele capítulo. Histórias inacabadas sempre voltavam para assombrar, desejando que o ponto final fosse colocado, substituindo as reticências.
Suspirei novamente vendo que o poema tomava forma, sabendo que aquela seria uma entrada bem pessoal em meu blog, mas no final o que não era pessoal naquele espaço? Apesar de falar de arte, cultura, gastronomia e política, tudo no final falava sobre mim. E muito falava sobre ele, então por que não encerá-lo ali também? Meus dedos continuam a correr de forma agitada e rude contra as teclas pretas, castigando-as por um crime que elas não haviam cometido. A infidelidade havia partido de Zayn e não das minhas teclas. Ambos estavam comigo a dois anos e eu só podia confiar meus sentimentos agora ao ser inanimado cujas decepções eram resolvidas com o suporte técnico.
Ofeguei novamente como se sentisse dor, mas talvez eu realmente sentisse dor. As palavras saíam de mim de forma brusca, de forma intensa e ritmada, os sentimentos escorrendo por meus dedos, pela tela, por meus olhos. Quando eu havia começado a chorar? Nosso relacionamento já estava desgastado, talvez um pouco monótono e cômodo, mas ainda assim não pensava que estava tão insuportável ao outro. Talvez nunca tivesse havido amor, só desejo, só comodidade. No final meus dedos buscavam a resposta que minha mente e meu coração haviam acordado em fazer. Eu me sentia triste pela perda de um amor ou ofendido por ter sido "trocado" por alguém mais interessante? Apesar da tristeza, do ego dilacerado e da confusão em ver a casa vazia. Eu não sentia falta dele e isso me assustava. Eu sentia alívio de não ter mais o perfume enjoativo mesclado com a nicotina mentolada dominando cada coisa que me pertencia.
Em um suspiro ofegante finalizei a última linha, observando o pequeno barco de papel que ficava em minha mesa de trabalho. Aquele havia sido o primeiro presente do moreno, junto de um flerte que elogiava meus olhos e me oferecia seu telefone caso eu tivesse interesse nele. Estiquei a mão e prendi o pequeno objeto em meus dedos, usando minha força para amassá-lo e dar-lhe uma nova forma, suspirando enquanto jogava a primeira lembrança fora, olhando para a tela a qual seria a última lembrança.
Não sinto tua falta
Não sinto falta do cheiro de perfume importado
Que exportou de mim
Não sinto falta do teu erre puxado
Nem do teu beijo gosto-de-dente
Que morde coração-envenenado
Eu não sinto tua falta
Não sinto
Nem lembro de você
Nem da tua respiração ofegante
Eu não sinto falta
Eu sinto ânsia
Distância
Do teu signo preto
Do teu silêncio-grito
Sinto ânsia e a provoco
Enfio meus dez dedos na garganta
Pra ver se vomito o teu ser
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Virtual Love
FanfictionHarry nunca poderia imaginar que sua postagem sobre relacionamentos e seu desabafo sobre términos poderia viralizar ao ponto de Louis Tomlinson, editor de um dos maiores jornais do Reino Unido, descobrir seu modesto blog e se interessar por seu trab...