Palavras em Néon

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Rose

A semana já passou, mesmo não estando perto das provas finais ou do fim do semestre, sinto que tudo está passando muito rápido como se soubesse que eu queria que o fim de semana chegasse logo.

São 4 da tarde, as aulas de hoje acabaram mais cedo e provavelmente todo mundo está ocupado com alguma coisa. A Nath e a Isa estão estudando e os meninos estão jogando vídeo-game como sempre.

Andei um pouco pelos corredores, que estavam vazios a essa hora e depois fui para a sala de música, que também estava vazia, gosto de ficar aqui sozinha as vezes, o ambiente meio que me ajuda a pensar melhor.

Sentei na frente do piano e comecei a tocar Flashlight, as memórias dos momentos com o Ed voltavam a se repetir na minha mente, eu tocava como se quisesse dizer algo de uma vez por todas, falar que não consigo mais ficar longe dele, que preciso dele perto de mim, mas não sei, isso é só uma confusão, não é real.

Assim que toquei a última nota e abri os olhos, me deparei com um vulto próximo a janela que vinha em direção a mim, depois que meus olhos se ajustaram a luz do sol, consegui perceber nitidamente quem era, o Victor, meu professor de música, sua aparência era inconfundível,  ele ajeitou a franja para o lado e me lançou um leve sorriso que logo se transformou em algo razoavelmente reflexivo.

-Essas notas... Lindas, porém melancólicas... Elas parecem denunciar algo que quer esconder a sua própria existência... Ou talvez algo que apenas tenha medo de se mostrar... Como uma rosa, envolta em uma redoma, esperando que assim não morra tão depressa... -Ele puxou uma cadeira e sentou ao meu lado.

-Ou talvez elas só queiram ecoar e ir para longe... - Eu disse.

-Seu coração fala toda vez que você toca, minha rosa... Posso sentir por essas notas que há algo incomodando esse coraçãozinho... -Ele olhava janela, pensativo enquanto dizia essas palavras.

-Não é nada, Victor -Tentei disfarçar

Ele começou a tocar Nightingale, a mesma que toquei em sua aula, e eu acompanhei, mas no final da primeira parte ele parou olhou bem nos meus olhos e disse:

-Tem mesmo certeza de que não é nada?

Abaixei o rosto e fiquei em silêncio por alguns segundos, era óbvio demais, dava pra notar claramente que algo me incomodava.

- Eu só... Estou um pouco confusa... Isso é normal -Falei

-Sentimentos são as coisas mais belas e mais confusas da humanidade, é natural que uma vez ou outra essa confusão queira nos sufocar, mas isso é como o inverno, uma hora o gelo começa a derreter e as flores sorriem para a primavera... Uma hora isso passa...

Era impressionante como ele conseguia extrair de mim tudo o que meu coração queria falar e não conseguia, talvez por insegurança.

-Obrigada,  Victor... -Lancei-lhe um sorriso

-De nada. Rose. Quando precisar de um conselho... Apenas toque, a música é a maior conselheira de todas as coisas que existem.

-Não vou esquecer disso, prometo...

Ele assentiu e eu me levantei indo em direção a porta.

As palavras dele voltavam a minha mente e eu entendi que o melhor que eu poderia fazer com relação ao que está acontecendo era deixar que o meu coração me guiasse...

(...)

-Eu tenho mesmo que ir? -choramingo para a Isabella.

-Tem!-ela afirma e cruza os braços -E ande logo, não quero chegar atrasada -ela resmunga e puxa o vestido pela cabeça, ele se encaixa em seu corpo, eu acho ela linda com esses vestidos pretos, esse em especial, ele é colado em cima e solto em baixo, é tomara que caia, o que realça seus seios e, por ser escuro, realça sua pele também.

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