III

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O quarto estava tão escuro que Tyler começou a se sentir desorientado. Ele tinha que contar com o som de sua respiração para se assegurar que ainda estava vivo. Ele não tinha certeza de quantas horas haviam passado, 20 minutos pareciam dois dias naquela maldita cela.

A corda que estava presa a sua mão fazia cócegas em seu antebraço, lembrando-o constantemente da situação.

Ele supôs que a garota na sala estava provavelmente adormecida por sua falta de conversa, ou ela estava apavorada demais para falar.

Ele apoiou a cabeça contra a parede dura que suas costas estavam pressionadas e suspirou. Ele, sem sucesso, tentou puxar os pulsos para quebrar a grossa corda que os confinava.

Cada vez que se movia, mesmo que só um pouquinho, sentia uma dor aguda na caixa torácica. Ele inalou fortemente através de seus dentes, incapaz de sequer verificar se há ossos rachados com os pulsos amarrados de volta. Ele estava certo de que pelo menos uma de suas costelas estava quebrada. A dor era muito agonizante para que elas ainda estivessem intactas.

Tentou impedir de dobrar a parte superior de seu tronco, pois sabia o quão fácil seria para uma das suas costelas quebradas perfurar seus pulmões. Um gemido baixo escapou de seus lábios enquanto ele começou a pensar sobre o quão difícil seria evitar que isso acontecesse.

Ele sentiu lágrimas quentes caírem por suas bochechas úmidas. Sua consciência ainda agarrava desespera-damente um único pingo de esperança que, à medida que passava cada minuto, lentamente se desintegrava em nada.

– Você está bem? – Perguntou a moça com um tom suave e preocupado.
Ele saltou ao som de sua voz, tendo esquecido que havia mais alguém ali com ele.

– Uh, sim. – Ele disse, sua voz ofegante. – Eu acho que sim.

– Ele... ele te machucou muito, pensei que ele não ia parar. – Ela disse, sua respiração tremendo.

Tyler sacudiu a cabeça, embora soubesse que não podia vê-lo na escuridão.

– Eu vou ficar bem. – Ele mentiu, antes de seu corpo inteiro doer. Também não ajudou que sua garganta estava seca, seu estômago estava tão vazio que estava praticamente devorando-se, e a sala estava insuportavelmente gelada.

– Eu só quero sair daqui. – Ela murmurou, um pouco mais alto que um sussurro.

– Vamos sair daqui, eu prometo. – Ele falou, procurando em volta da sala por algum modo de escapar.

Não havia nada além de uma escuridão engolindo, exceto por sua mente que estava em modo de histeria.

Ela não respondeu por um tempo, mas ele não podia permitir que seus pensamentos assumissem sua sanidade por mais tempo. Ele tinha que falar, mesmo que fosse só para si mesmo.

– Meu nome é Tyler – disse ele.

Ela não respondeu.
Ficou sentado ali por um minuto, com os olhos fechados.

– Tem... um, você tem um nome?

– Nós vamos morrer, e tudo que você pode pensar é em meu nome?

Ele exalou de surpresa.

– Eu estou na mesma posição que você. Não há nenhuma razão para você ficar brava comigo...

Ela o interrompeu:
– Eu não estou louca, você acha que há um jeito de sairmos daqui, mas não existe, estamos mortos, tudo o que já fizemos é inútil! Não há saída. – Ela enfatizou em voz alta.

Ele ficou assustado; Essa foi a primeira vez que a ouviu falar tão alto, tão claramente.

Ele ouviu seu soluço, e cada respiração inalada que ela tomou sacudiu seu corpo. Ele não podia dizer onde ela estava exatamente, mas ela parecia próxima.

– Eu acho que se nós apenas... se nós apenas, você sabe... fique calma e tente dar o seu melhor. Só assim teremos alguma chance.

– Nós vamos morrer, ele vai nos matar e eu nunca conseguirei dizer adeus à minha família. – Ela fungou, enquanto Tyler batia rapidamente com o seu pé numa tentativa de encontrar algum buraco que o levasse a alguma saída.
– Alguém nos ajude! – Ela gritou. – Por favor, por favor, ajude-nos!

Seus gritos estavam deixando-o louco. Ele balançou a cabeça para tirar o cabelo sujo e emaranhado dos olhos.

– Fique calada, porra! – gritou ele, fazendo-a parar imediatamente.
Ele não queria soar tão cruel, mas estava frustrado, e com razão. Ele estava tentando manter uma mente firme e ela estava completamente atirando nele, que era a última coisa que ele precisava. - Me desculpe. – Ele se desculpou calmamente.

– Está tudo bem ... – Ela murmurou, fungando um pouco. – Você está certo.
Seus pulmões estavam tentando desesperadamente se expandir, mas não conseguiram, diminuindo o fôlego.
– Meu nome é Emily. – Ela falou, sua voz gentil novamente.

Ele suspirou, sentindo-se aliviado por ela ter finalmente parado de chorar.

Tyler foi falar, mas de repente, a porta se abriu e a imagem mais horrível foi exposta a eles. O homem estava de pé na entrada, sua postura poderosa. A luz cintilante do corredor, atrás dele, entrou na sala, iluminando-a mal.

Tyler olhou e encontrou a silhueta de Emily não muito longe dele, olhando para o homem com os olhos arregalados.

– Vamos, meus bonecos, tenho uma surpresa para vocês – disse o homem enquanto se aproximava deles.
Tyler engoliu em seco enquanto o homem agarrou a parte amarrada de seus pulsos e puxou os dois ao mesmo tempo. Ele os parou no meio da sala e fez algo que nunca tinha feito antes. Ele puxou a máscara para cima um pouco, expondo seus lábios e seu nariz largo, a escuridão impedindo Tyler de distinguir quaisquer traços faciais distintos.

Ele acariciou os cabelos de Emily por alguns minu- tos, pegando um punhado dele e pressionando-o no na- riz. Ele inalou audivelmente, fazendo com que Emily tremesse sob seu toque.

Tyler olhou para a troca, perturbada. O homem começou a pressionar os lábios para o fundo de sua mandíbula, e Tyler viu algumas lágrimas escapar de seus olhos.

– Tenho tanta sorte de ter encontrado uma linda menina como minha marionete. – O homem elogiou, sua voz perigosamente baixa. Emily resmungou alto, os lá- bios tremendo. – E um fantoche tão bonito ... – Ele então desviou sua atenção para Tyler enquanto acariciava seu dedo suavemente ao longo de sua mandíbula proeminente.

O coração de Tyler bateu contra seu tórax maltra- tado, sua respiração pesada.

– Olhe para aqueles olhos – declamou o homem ao examinar os traços de Tyler. – Tão azul, tão perfeito ...
O homem olhou inexpressivamente para Tyler por um minuto, antes de dar um soco nos olhos de Tyler. Tyler grunhiu e tropeçou no chão, e Emily engasgou em voz alta.

O homem só riu quando agarrou a camisa rasgada de Tyler e puxou-o para cima, dando outro soco no lábio de Tyler. Tyler tentou o seu melhor para não protestar. Ele tomou uma surra e cuspiu o sangue que se juntava entre os dentes.

– Você é tão bonito. – disse o homem, um tom de ciúme em sua voz. – Um jovem bonito. Aposto que ninguém nunca fez isso com você antes, bem adivinha o quê! – O homem gritou, pegando Tyler pela camisa dele novamente e puxando-o para o nível dos olhos. – Adivinha! – Ele gritou de novo.

Os lábios expostos do homem se inclinaram para um sorriso malicioso.

– Eu estou no controle de você agora. Eu vou estar no controle de você até o final de sua bela e pequena vida. – Ele prometeu.

Tyler tentou acalmar-se.

– Eu não tenho medo de você. – disse ele, surpreso com a suavidade de seu tom.

Mas Tyler estava assustado. Ele não conseguia respirar. Seu coração praticamente parou, seu sangue correu frio e seu corpo dolorido congelou inteiramente quando o homem se aproximou.

– Nós vamos ver sobre isso. – O homem sussurrou, seus olhos sombreados bloqueados em Tyler.

O homem então soltou a camisa de Tyler, agarrando seus pulsos amarrados junto com Emily e puxando-os para frente. Tyler tropeçou da dor que sentia.

– Agora, para sua surpresa...

Psicopatia: O FantocheOnde histórias criam vida. Descubra agora