Puppy Love 6

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Quase um mês depois de Moonbin ter conhecido Min Jun as coisas começavam a voltar ao "normal", o que quer que normal fosse comigo e com Moonbin.

E, pela primeira vez em cinco anos, eu ia deixar meu filho passar a noite em casa de outra pessoa, a pessoa no caso sendo, obviamente, Moonbin. Apesar de ter quase a certeza que o menino acordaria a meio da noite, chorando pela mamã eu concordei deixá-lo ficar com o pai pela noite. Mas, na verdade, eu estava rezando para que Moonbin me ligasse a meio da noite a dizer que o meu bebé estava chorando por mim.

Ah, qual é? Sou mãe! Quero o meu bebé perto de mim o tempo todo, mas sei que já o tive só para mim durante cinco anos, chegou à altura de partilhar... Por muito que me custasse.

-Moonbin, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, à miníma coisa, tu ligas-me. - Repeti, pela milésima vez, parada na porta do seu dormitório.

O lado positivo de ele ainda ficar no dormitório é que eu sei que os meninos o ajudarão com tudo que ele precisar, mas, ainda assim, isso não faz com que meu coração fique totalmente em paz.

-Yuri, eu quero acreditar que não sou incompetente ao ponto de não conseguir ficar com o meu próprio filho por uma noite.

Suspirei e assenti. 

-Ok, estou indo. Qualquer coisa já sabes... 

Moonbin me cortou, revirando os olhos e sorrindo.

-Já sei, agora vai.

Acho que foi a primeira vez que o vi sorrir para mim em cinco anos, fiquei tão surpreendida que, depois de ele fechar a porta eu continuei encarando a mesma por um tempo. Um tempo longo.


(...)


Deviam ser duas da manhã, eu estava dando voltas na cama quando meu telemóvel tocou. Não consegui evitar, mas sorrir triunfante, afinal meu bebé ainda precisava da sua mamã à noite.

Atendi logo que pude e fingi uma voz ensonada, não queria que Moonbin soubesse que esperava por este momento. Nem queria, muito menos, que ele pensasse que eu achava que ele não era capaz de ficar com nosso filho.

-S-sim? - Respondi.

-Yuri, sou eu. Vem logo, o menino está chorando faz uma hora! - Moonbin exclamou, desligando logo em seguida.

Me levantei num ápice e troquei meu pijama por umas calças jean e uma camisola bem largueirona cinzenta. Não havia tempo para lidar com meu cabelo, por isso decidi prendê-lo.

Em menos de quinze minutos estava tocando à campainha do dormitório e logo fui recebida por Moonbin.

Fiquei confusa, não ouvia o meu menino chorar e a cara de Moonbin era de tudo, menos de pânico. Na verdade, ele estava sorrindo descontraído. Como assim?

Entrei assim que ele me fez sinal que eu podia fazê-lo e olhei em volta procurando sinais do meu filho.

-Onde está Min Jun? - Perguntei confusa.

-A dormir, a dormir já à muito tempo. - Respondeu andando até à varanda.

O segui, sem saber se me sentia aliviada, chateada ou furiosa.

-Como assim? Eu sonhei? Não! Tu disseste...

Moonbin soltou uma suave e maravilhosa gargalhada enquanto pegava um refrigerante e se encostava no vidro da varanda.

-Eu sei, se tivesse dito que te queria ver tu não virias. - Deu de ombros.

-Tu usaste nosso filho...

-Não me disseste que o Sanha e ele se conheciam, na verdade eu acho que ele até gosta mais do Sanha do que de mim. - Riu um pouco.

-Moonbin... Eu não sabia como... - Olhei para baixo.

Um silêncio se instalou entre nós por uns momentos, não foi um silêncio mau como os últimos que tínhamos tido, de todo. Pelo contrário, era um silêncio bem confortável, bom, quase... Quase doce, aquela doçura familiar que só se consegue ao fim de muitos anos.

-Não tem mal, agora está no passado. Sabes... O Min Jun é muito parecido contigo. - Ele fez uma breve pausa e eu aproveitei para observá-lo. - Ele me fez perceber algo.

Franzi minhas sobrancelhas, como é que uma criança de cinco anos faz um adulto lembrar algo que não seja comida e a hora de usar o bacio? Moonbin ou estava bêbedo do refrigerante ou passar tempo com uma criança fez seu cérebro regredir.

-Como assim? - Me ouvi perguntar numa voz bem baixa.

E, em menos de nada, Moonbin deu três passos na minha direção, ficando tão perto de mim que eu conseguia quase ouvir o bater do seu coração e sentir seu sorriso.

-Ele me fez perceber que eu sinto muito, mas mesmo muito, a tua falta.

O encarei, perdida em memórias e pensamentos, meu coração gritando que também sentia saudade mas minha boca incapaz de o pronunciar. Felizmente, os meus olhos falaram por mim, pelo menos assim pareceu, porque depois de um minuto em que Moonbin ficou me olhando nos olhos, tendo uma conversa silenciosa, ele se baixou, bem devagarinho, me dando tempo para me afastar se eu quisesse. Mas eu não queria e acho que ele sabia disso. 

Lentamente, os seus lábios tocaram os meus e algo salgado chegou aos meus lábios. Ele estava  chorando, eu estava chorando. Silenciosamente pedindo desculpa, silenciosamente recordando todos os momentos, silenciosamente pensando sobre o que poderia ter sido se ele não me tivesse deixado, se eu lhe tivesse dito de Min Jun mais cedo. Silenciosamente reconectando nossos corações partidos que só fazem um coração completo quando estão juntos.

-Eu devia ter segurado a tua mão... - Murmurou contra os meus lábios. - Fui um cobarde, desculpa...

Sorri suavemente antes de tocar cuidadosamente sua bochecha.

-Eu também... Me desculpa.

Ficamos assim por um tempo, silenciosamente... Tentando fazer chegar um ao outro aquilo que não conseguíamos pôr em palavras porque éramos demasiado orgulhosos.

-Ok... O que raio se passa aqui? - Uma voz fez-se ouvir, nos fazendo saltar para longe um do outro.

Oh boa, fomos mesmo acabados de ser apanhados por alguém?


Puppy Love - Astro MoonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora