Puppy Love - Astro Moonbin

Puppy Love 5

Nos sentamos numa gelataria aleatória pela qual passamos quando saímos do centro infantil, Moonbin estava em frente a mim, com Min Jun do seu lado e parecia furioso, mesmo que o tentasse esconder.

-Então Min Jun, o que queres ser quando fores grande?

Revirei os olhos, que pergunta, estava óbvio, o menino era aficionado no pai que só conheceu verdadeiramente hoje, era bem óbvio o que ele ia dizer.

-Eu quero dançar. - Respondeu sorrindo enquanto lambia seu gelado de chocolate.

Moonbin me encarou com uma sobrancelha erguida.

-Sim? - Perguntei.

-Porque ele quer dançar? - Perguntou de volta.

-Porque eu costumava mostrar vídeos de tu a dançar para ele. Simples. - Encolhi os ombros.

-Escondeste o meu filho de mim, mas nunca me escondeste dele... Porquê? E por que é que ele me chama "dada"?

Suspirei, eu sabia que devia muitas explicações para Moonbin, mas o que ele estava à espera? Ele acabou comigo porque era o "melhor para mim", o que é que ele esperava? Que corresse e lhe contasse que ele ia ter um filho no dia a seguir a ele me ter deixado? Para quê? Da minha maneira, eu tentei deixá-lo seguir em frente e proteger a sua carreira, eu estava até à espera de ser a escolhida para transferir de empresa, nunca pensei que o dia em que os dois se sentassem lado a lado chegaria. Nunca.

-Eu queria que ele soubesse que tem um pai. Mesmo que o pai não estivesse presente. E dada porque é o que as crianças pequenas dos filmes chamam aos pais quando estão a aprender a falar. Achei que ele não te devia chamar "appa" porque imagina que eu caso um dia e o meu marido quer cumprir o papel de pai... Não seria certo... - Suspirei.

É, era um pensamento egoísta, mas eu realmente nunca pensei em contar nada ao Moonbin, afinal, eu criei nosso filho até agora e não me sai tão mal.

Moonbin olhou para as suas mãos e suspirou pesadamente.

-Sabes o quão egoísta isso é? Privaste-me do meu filho! - Ele elevou a voz, o que fez Min Jun dar um pequeno salto, assustando-se.

-Fala baixo, olha o menino. - Respirei fundo. - Egoísta? Eu sou egoísta quando tu é que acabaste comigo por ser o "melhor para mim" quando na verdade tu é que nunca irias ter coragem de assumir uma namorada perante o público, logo a seguir ao debut?! Não que eu alguma vez tivesse pedido que tu assumisses alguma coisa comigo, eu estava bem na sombra, a amar-te e a torcer por ti na sombra dos holofotes e tu sabias isso! - Murmurei irritada. - E mesmo assim usaste a desculpa da fama para me deixar- - Me interrompi para respirar fundo antes de continuar. - Descobri que estava grávida no dia a seguir, era uma miúda, tu fizeste o teu debut com apenas 19 anos, imagina! Imagina uma miúda dessa idade grávida. Se eu te ligasse a dizer que estava grávida logo a seguir a termos deixado, terias acreditado?

Moonbin pareceu refletir quietamente nas minhas palavras, como se cada palavra que eu disse estivesse a ser absorvida por cada fibra do seu ser. É, eu tinha sido egoísta para caramba, mas e ele? Ele não tinha sido cobarde quando me deixou? O que ele esperava?

-Tu podias ter-me dito! - Insistiu.

Incrível, parece que este homem não se ouve a ele próprio. Ele nunca teria acreditado em mim, eu conheço-o demasiado bem, caramba, o conheço melhor do que a mim própria, todos estes anos fiz questão de o observar de longe, porque por mais que doa, especialmente com Min Jun que parece tanto com ele, eu continuava a amar Moonbin com todas as minhas forças. E a prova disso era que eu estava aqui a tentar justificar-me.

-Tu nunca terias acreditado, foi logo no dia a seguir! - Suspirei.

-Como é que tu sabes?! Tu escondeste o meu filho por cinco anos, nunca me disseste uma palavra sequer! UMA! Fingiste que eu não tinha filho! Mais valia nem lhe teres dado fotos minhas, era mais fácil dizeres que o teu novo namorado era o pai! - Gritou, levantando-se, o que fez Min Jun chorar.

-Omma, porque é que dada está a gritar contigo? - Perguntou entre soluços.

Me levantei, pegando no meu filho e secando as suas lágrimas.

-É só uma brincadeira do dada, não tenhas medo meu anjo. - Respondei, forçando um sorriso tranquilo, antes de me virar para Moonbin que olhava para Min Jun com ar de pânico. - Olha aqui, tu escolheste deixar-me, eu escolhi não te dizer do filho que eu criei sozinha apesar de ser demasiado nova, mas isso não te dá o direito de gritar comigo. Tu nunca mais gritas comigo na presença do teu filho, se queres realmente ser um pai de verdade para ele algum dia. - Murmurei entredentes.

-M-min Jun... - Moonbin chamou, mas o menino simplesmente virou a cara. - Ele tem medo de mim?

-Ele não suporta gritos, coisa que saberias se me tivesses deixado falar-te do teu filho, invés de me interrogares com perguntas que devem ser feitas a sós. E já agora, o Myoung foi mais homem do que aquilo que algum dia serás, portanto não te atrevas a dizer o que seja dele. Ao menos ele sempre suportou o teu filho e me ajudou com ele. E não, não é meu namorado, mas se fosse não tinhas nada haver com isso. - Finalizei, virando costas e saindo porta fora.

Deixei para trás uma versão do Moonbin que eu não queria ver nunca mais. A versão que me acusava de ser egoísta quando ele não era capaz de admitir a sua própria covardia no dia em que deixou.

Sim, foi egoísta esconder Min Jun dele, mas eu não iria admitir que Moonbin me atirasse isso à cara enquanto não admitisse seus próprios erros. Nessa história há dois a culpar e eu, de certeza, não estou nisto sozinha.