Prazer, Dutra

II

"E as pessoas eram boas."

Boas em questionar e julgar suas ações, o modo como se sentava a mesa, se o cutuvelo se apoiava ou se sua cadeira estava milimetricamente afastada. Pra eles era questão de ética, prestavam atenção se ela usava saia como uma princesinha perfeita ou calças rasgadas e maltrapilhas. Ela tinha que exalar perfeição, qualquer passo fora da linha era um erro imperdoável.

E, as pessoas de fato eram boas, boas em fazer suas escolhas por ela, com quem devia conviver, se relacionar...
Elas eram ótimas, perfeitas, em criar padrões para que ela se encaixasse.

E mesmo tentando recriar ela como uma peça de tabuleiro, para que ela se encaixasse no lugar "ideal", a todo momento, eles não puderam responder uma simples pergunta:

"mas quem era ela?"

Eles à observavam mas não notavam sua presença.
E ela? ahh, ela mesmo sendo o centro de tudo não conseguiu mostrar a eles que a sua essência era a diferença."

Lapsoul (Dutra)