Embora a Doutrina Espírita tenha nascido, oficialmente, em 18 de Abril de 1857, com o lançamento de O Livro dos Espíritos, as suas bases remontam desde os primórdios da humanidade.
Os pontos em que a Doutrina se alicerça fazem parte do contexto histórico de nossa civilização, sendo, todos eles, inerentes à criatura humana.
O fenômeno mediúnico, um dos pontos basilares da Doutrina, sempre existiu de forma natural nas civilizações primitivas. Podemos afirmar que a partir dele, o homem passou a ter conhecimento de sua ligação com Deus, ou seja, passou a vivenciar o verdadeiro sentido de religiosidade.
À medida que a humanidade evoluía, e galgava cada vez mais conhecimentos, o fenômeno mediúnico a acompanhava e se fazia sempre constante em sua vida. Podemos constatar esse fato observando todos os períodos da história humana, subdividida em eras ou idades assim denominadas: idade antiga, idade média, idade moderna e, por fim, idade contemporânea. Em todas elas, sem exceção, iremos encontrar a fenomenologia mediúnica a fazer parte das culturas dos povos e também a integrar vários segmentos religiosos.
Podemos assim afirmar que o fenômeno mediúnico é inerente ao ser humano e que ele acompanha a humanidade em qualquer época de sua história, já que ambos estão sempre relacionados.
Arthur Conan Doyle, na obra de sua autoria: A História do Espiritismo, nos traz os seguintes apontamentos acerca do início da fenomenologia mediúnica, e, consequentemente, da fundação das bases que ergueram o Espiritismo:
É impossível fixar uma data para as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas. Os Espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o começo das coisas psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data. Entretanto, não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e o seu tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre esses episódios e o moderno movimento é que aqueles, podem ser apresentados como casos esporádicos de extraviados de uma esfera qualquer, enquanto os últimos têm as características de uma invasão organizada. Como, porém, uma invasão poderia ser precedida por pioneiros em busca da Terra, também o influxo espírita dos últimos anos poderia ser anunciado por certo número de incidentes, susceptíveis de verificação desde a Idade Média e até mais para trás. Uma data deve ser fixada para início da narrativa e, talvez, nenhuma melhor que a da história do grande vidente sueco Emmanuel Swedenborg, que possui bons títulos para ser considerado o pai do nosso novo conhecimento dos fenômenos supranormais.
Quando os primeiros raios do sol nascente do conhecimento espiritual caíram sobre a Terra, iluminaram a maior e a mais alta inteligência humana, antes que a sua luz atingisse homens inferiores. O cume da mentalidade foi o grande reformador e médium clarividente, tão pouco conhecido por seus prosélitos, qual foi o Cristo.
Para compreender completamente um Swedenborg é preciso possuir-se um cérebro de Swedenborg; e isto não se encontra em cada século. E ainda, pela nossa força de comparação e por nossa experiência dos fatos desconhecidos para Swedenborg, podemos compreender, mais claramente do que ele, certas passagens de sua vida. O objeto do presente estudo não é tratar o homem como um todo, mas procurar situá-lo no esquema geral do desdobramento psíquico aqui abordado, do qual a sua própria Igreja, na sua estreiteza, o impediria.
Swedenborg era, sob certos aspectos, uma viva contradição para as nossas generalizações psíquicas, porque se costuma dizer que as grandes inteligências esbarram no caminho da experiência psíquica pessoal. Uma lousa limpa é, por certo, mais apta para nela escrever-se uma mensagem. O cérebro de Swedenborg não era uma lousa limpa, mas um emaranhado de conhecimentos exatos de susceptível aquisição naquele tempo. Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos. Ele era, antes de mais nada, um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos 12, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político, antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente, era um profundo estudioso da Bíblia, que se alimentara de teologia com o leite materno e viveu na austera atmosfera evangélica alguns anos de vida. Seu desenvolvimento psíquico, ocorrido aos vinte e cinco anos, não influiu sobre a sua atividade mental e muitos de seus trabalhos científicos foram publicados após essa data.
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Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume I
EspiritualTodos os dias, nas Casas Espíritas, aporta uma quantidade regular de irmãos, interessados no conhecimento do Espiritismo. Curiosos uns, desesperados outros, enfermos aqueloutros, porém, todos eles, de uma forma geral, são carentes e necessitados da...