(a música é uma dica para entrar no clima da história)
Era manhã e o sol se esforçava para iluminar os prédios destruídos da cidade. Estávamos todos reunidos numa casa abandonada numa rua desconhecida. Percorri meus olhos sobre os rostos feridos e aflitos daquelas pessoas enquanto refletia sobre as palavras do pastor durante a pregação:
– "Quem aqui deseja ter paz?" ele perguntou enquanto todos levantavam as mãos com uma expressão de desespero e tristeza no olhar.
– "Pois, bem, amados irmãos... A paz que procuramos está em Deus! Precisamos continuar acreditando! Não deixem a esperança morrer".
Esperança... Como ele poderia falar aquilo? Éramos um grupo de fugitivos dentro de um país que um dia foi laico. Um grupo de fugitivos que mal se conhecia e que compartilhava apenas uma coisa em comum: a fé. A fé de que "um dia" entenderíamos a morte cruel de nossos familiares e amigos. A fé de que "um dia" acharíamos um propósito para tudo. A fé de que "um dia" tudo aquilo terminaria.
Eram tempos muito difíceis. As pessoas não sabiam mais o que era sorrir, ou cantar, ou dormir por mais de três horas seguidas. Nem mesmo a chuva trazia paz para os nossos corações. O medo nos cercava. O mundo estava em guerra. Nós éramos a razão para o acontecimento de todas essas coisas. Nós, cristãos, estávamos sendo, enfim, perseguidos por causa do Nome de Jesus. Como ele queria que continuássemos acreditando se a nossa esperança há muito tempo já havia morrido?
Não havia mais famílias. Nem amizades. Nem sociedade. A nossa liberdade foi burlada e cruelmente destruída. Vivíamos, literalmente, dentro de um campo minado prestes a explodir. As coisas tinham mudado. A Igreja estava fragmentada. As pessoas estavam fora de si, a violência só aumentava e o amor foi para sempre extinto. O apocalipse havia começado.
Meu celular havia descarregado, meus pais haviam viajado e, desde o dia anterior, meu melhor amigo havia me ignorado. Era difícil de acreditar, mas eu estava sozinha. Apenas eu e minha mochila. A guerra já tinha alcançado o meu bairro e, por essa razão, fui obrigada a deixar tudo para trás se quisesse continuar viva. Eu não queria, mas sabia que precisava. Ao sair, dei uma última olhada para a minha casa e para a casa do meu melhor amigo e senti uma lágrima escorrer do canto do meu olho.
"Para onde eu vou?" pensei e permaneci ali durante alguns minutos. Mas o cair de uma bomba no quarteirão vizinho me fez prosseguir.
Eu precisava continuar.
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A caminho da Eternidade
Mystery / ThrillerEssa é uma história que contará sobre uma jovem de 19 anos chamada Malu. Ela estava vivendo uma ilusão dentro do mundo cristão por achar que sua vida poderia ser vivida de acordo com a sua própria vontade. Sem perceber, ela se afasta cada vez mais d...