Capítulo 1 - A segurança

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(a música ajuda a entrar no clima da história)

Maria Luiza Ondina Silveira - esse é o meu nome. Sempre o achei meio estranho e, por isso, prefiro que as pessoas me chamem de Malu. Nem Maria, nem Luiza. Malu. Acho que define bem quem eu sou: uma pessoa curta e prática, mas fofa.

Tenho 19 anos e ingressei na faculdade no ano passado - 2018. Depois de muito brigar com meus pais, Jorge e Helena, consegui fazê-los aceitar o meu curso: Biologia. Meus pais são cristãos e sempre me ensinaram sobre Deus e o Seu Reino. Aos 11 anos decidi ter uma vida com Jesus e estou com Ele desde então, apesar de meus pais sempre encherem a minha cabeça com comentários como

 "Você está diferente..."

"Você já foi mais amiga de Jesus..."

"O que está acontecendo com você?"

Bla, bla bla, ... Quem, além de mim, sabe se eu estou sendo menos amiga de Jesus ou não?

Eles não conseguem entender que o ambiente acadêmico não me permite ser quem eu sou dentro da igreja. Lá as pessoas fazem tudo o que eu não faço, então, como eu, sozinha, vou viver da maneira que vivo na igreja? É impossível. Meus professores do primeiro período sempre diziam que a faculdade é um ambiente ótimo para fazer amigos e aprender mais sobre as coisas da vida - e não só para fazer trabalhos em grupo. Depois que entendi isso, decidi não mais forçar a barra perto de pessoas que não tem a mesma fé que eu. Afinal, cada um acredita no que quiser, não é mesmo?

Na minha igreja tinha cultos todos os domingos e eu sempre estava lá junto de meus pais e as vezes de Carlos. Esse rapaz era meu melhor amigo. No mês passado Carlos me contou que "aceitou Jesus" e que essa tinha sido a melhor escolha que ele já fizera na vida. Fiquei feliz por ele. Meus pais sempre contavam de Jesus para ele e às vezes eu também. Depois de um bom tempo ele resolveu tomar essa decisão e isso foi ótimo. Eu o convidei para ir ao grupo jovem da igreja e ele conseguiu fazer amizade com o carinha mais chato - o Pablo. Eu era amiga de todos os jovens, só que eu tinha a minha vida e eles sabiam disso.

Sempre fui evangélica, mas nunca deixei de fazer o que gostava de fazer. Sempre ia à festinhas de amigos, bebia quando tinha alguma ocasião especial, fiz duas tatuagens super maneiras na costela, beijava muito sempre que tinha a oportunidade, e por aí vai. Apesar de a maioria do pessoal da igreja não fazer nada disso e reprovar algumas coisas, meus pais nunca me impediram ou brigaram comigo, somente ficavam fazendo aqueles comentários que já citei. Mas eu nunca liguei muito para o que as pessoas pensavam sobre mim ou sobre o que eu fazia. A vida era minha e aos 19 anos de idade eu já sabia muito bem em que direção eu iria trilhá-la. Deus estaria nela, com certeza, mas... eu tinha muitos sonhos e vontades e eu tinha em meu coração a ideia de que Ele me entendia.

O primeiro semestre da faculdade ia começar na segunda, portanto, eu tinha o final de semana inteiro para me despedir das férias. E, obviamente, eu já tinha tudo programado: festas e bebida!!! Qual seria a outra alternativa para se começar um semestre com alegria, segurança e coragem?

Liguei para a Joyce, que era uma amiga da faculdade, e combinamos de ir a uma boate no centro da cidade. Mas, como eu ainda não tinha total liberdade para sair de casa na hora em que eu bem quisesse, precisei mentir para os meus pais alegando que eu iria passar a noite na casa da Joyce e que precisaria de dinheiro caso resolvêssemos comprar comida ou alugar algum filme no GooglePlay. E meus pais sempre foram muito legais nesse quesito, porque eu não tenho irmãos, então, a maioria das oportunidades de fazer amigos novos ou de me divertir que aparecia, eles deixavam.

A caminho da EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora