Três

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Hoje já é domingo à noite, e fico feliz ao me lembrar que amanhã eu não trabalho.

Fiquei brincando o dia inteiro com meu filho. Fazia tempo que não me sentia tão bem e descansada.

Agora à noite estamos vendo um filme, deitados na cama.

Ouço meu telefone tocar.

— Licença, meu anjo. Vou atender — digo me levantando da cama.

Ele assente.

Pego o celular e vejo quem é. O número é desconhecido, mas atendo mesmo assim.

— Alô?

É... Oi, Manu, é você? — levo um susto quando ouço essa voz.

— É, sou eu... — saio do quarto e desço as escada, para sair da casa. — Ian, como você conseguiu meu número?

Ah, seu filho me passou aquele dia na biblioteca. Fiquei impressionado que ele já soubesse o seu número de cor.

— Ele sabe para casos de emergência, não para sair passando por aí.

— Imaginei que fosse isso... — consigo sentir seu sorriso pelo jeito que ele falou. — Mas foi bom, eu preciso falar com você.

— Fala — sou direta.

— Não dá para falar por telefone... Você pode sair amanhã? A gente pode jantar em algum lugar, sei lá.

Penso em sua proposta. Não sei se é uma boa ideia, mas o que eu tenho a perder? Ele não fez nada para mim, não tenho motivos para ficar com raiva. A Gabi vai me matar quando souber que eu aceitei.

— Tá. Onde e quando?

Amanhã, às sete horas. Eu posso ir te pegar, onde você tá morando?

— No mesmo lugar de antes — respondo envergonhada. Não consegui fazer nada do que eu disse que sempre faria.

Ok, então. Tchau.

— Tchau.

Desligo o celular e volto para junto do meu filho.

Amanhã será um longo dia...

§

      Estou muito nervosa.

      Já são sete horas e um minuto e o Ian ainda não chegou. Tudo bem que ele só está um minuto atrasado, mas a gente combinou sete horas!

      Calma Manoela, relaxa. Por que você está tão nervosa? Vocês só vão jantar.

      Me olho no espelho de novo. Dou uma ajeitada no meu cabelo que, por um milagre, está bonito.

      Resolvo sair do meu quarto e ir para sala. Lá encontro Murilo assistindo TV. Quando ele me olha dá um sorriso.

      — Você tá linda, mamãe.

      — Você acha? — pergunto, mas logo penso como isso não importa.

      — Mas é claro, a senhora tá usando até batom. — Levo a mão à boca. Nem percebi que tinha passado batom. —  O tio Ian é seu namorado? — arregalo os olhos com a pergunta.

      — Não, claro que não! Nós somos amigos, só isso.

Só mais uma chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora