*Flashback On*
Cheguei a casa receosa como sempre. Tinha medo que o meu pai tivesse bebido outra vez, ele torna-se violento quando bebe. Fico aliviada por me aperceber que estou sozinha em casa. Subo as escadas e vou para o quarto fazer os trabalhos de casa.
Tremo quando oiço a porta de casa abrir. Eu sabia que era o meu pai. Tremo ainda mais quando oiço algo partir lá em baixo e gritos. A minha mãe e o meu pai faziam questão de discutir todos os dias. Oiço a porta bater outra vez e um andar pesado a subir as escadas. A minha mãe tinha-me deixado outra vez sozinha com o meu pai. O meu corpo parece congelar por saber o que ia acontecer a seguir. A porta do meu quarto abre brutalmente e mostra a cara do meu pai cheia de fúria.
"A culpa é tua pirralha! Estava tudo bem antes de tu nasceres!" grita e levanta a mão dando-me um estalo de seguida.
Não tenho palavras, não posso dizer nada porque é pior.
"Não vales nada! Estragaste a minha vida e a vida da tua mãe! Não passas de um estorvo!" ele continua a gritar e a bater-me.
Ele fecha o punho e dá-me um soco fazendo-me cair. Não consigo conter as lágrimas. Nem mesmo depois de me ver no chão ele está satisfeito. Ele continua a gritar comigo mas a dor faz com que tudo fique turvo. Ele dá-me repetidos pontapés no estomago. Ele baixa-se à minha frente e pega-me pelos cabelos fazendo-me olhar para ele.
"Hás de pagar!" ele diz-me, e as palavras dele causam-me arrepios.
Ele larga-me e sai do quarto. Deixo-me ficar no chão, sem força para me levantar. Pela porta que ele deixou aberta consigo vê-lo a fazer as malas. Ele continua a falar em voz baixa e faz as malas com fúria. Quando acaba de as fazer, pega nelas e sai de casa disparado. Ele deixou-nos, a mim e à minha mãe. Eu odeio-o, estou-lhe grata por ele se ter ido embora. Mas nem todos os meus problemas ficam resolvidos, a minha mãe também me odeia e vai-me culpar por o meu pai nos ter deixado.
Quando a minha mãe chega a casa eu ainda estou no chão mas já sentada. Oiço-a gritar o nome do meu pai e a andar pela casa. Ela entra no meu quarto e consigo ver desprezo no seu olhar.
"O teu pai?" pergunta.
"Foi-se embora..." sussuro
"Embora para onde?" ela insiste
"Não sei, ele fez as malas e foi embora" digo baixinho.
Consigo ver o choque na cara dela. Ela vai até ao quarto dela e abre o roupeiro, revelando-o vazio do lado do meu pai. Ela corre outra vez para o meu quarto.
"O que é que tu lhe disseste? Han?! Responde-me! Não vales nada! E agora fizeste com que o teu pai nos deixasse! Estás feliz? Estás?" ela grita e dá-me um estalo.
Depois sai do meu quarto e fecha a porta.
*Flashback Off*
Encontro-me a relembrar este episódio da minha vida, sentada no autocarro a caminho da minha nova casa, ou do meu novo quarto. Não aguentava mais aquela casa e agora com 16 anos saí de casa. Aluguei um quarto em casa de uma rapariga, que fica ao pe da escola, da minha nova escola. Não demorei muito tempo a planear tudo. Encontrei outra escola longe de casa, e depois foi só encontrar um quarto para alugar lá perto.
Chego à minha paragem e saiu do autocarro. Uau, a casa parecia grande vista de fora. Toco à campainha e tremo com receio do tipo de pessoa que estará do lado de lá. Não tenho nada contra os outros estilos, mas as pessoas olham-me de lado porque eu tenho ar de adolescente rebelde. Na verdade é o que eu sou. Se eu ficasse na casa de uma betinha decerteza que não ia correr bem, ela ia olhar de lado a minha roupa preta, os tops curtos, as calças justas, as botas...
A porta abre-se e eu deixo cair o queixo. Pela primeira vez parecia que encontrava alguma sorte na minha vida. A rapariga que me abre a porta veste-se de maneira parecida da minha, tem alguns piercings, cabelo comprido e loiro, e tem um sorriso adoravel.
"Tu deves ser a Deb" diz ela.
Automáticamente sorrio de volta.
"Sim sou eu" respondo.
Ela sai de frente da porta de maneira a deixar-me entrar. Uau, outra vez. A casa era enorme por dentro, e linda.
"Eu sou a Hannah" diz com um sorriso. "Acho que vamos ser boas amigas" às palavras dela eu sorrio e ela abraça-me.
Ela faz-me um visita guiada à casa, diz-me que há dois rapazes a morar lá em casa (o que foi uma novidade), o namorado dela que ela disse que se chama Zayn e o melhor amigo dela, Harry. Ela mostra-me o meu quarto e eu apaixono-me de imediato, o quarto era grande mas simples. Tinha uma cama de casal, uma estante com livros e uma secretária simples com uma cadeira/sofa à frente. Pouso as malas em cima da cama e sento-me ao lado delas.
"Gostas?" ela pergunta
"Eu adoro!" digo com sinceridade.
"Ainda bem...Há uma festa logo à noite em casa de uns amigos meus, queres vir?"
Eu era conhecida por não perder uma festa, era uma maneira de tirar os problemas da cabeça.
"Adorava ir." respondo
Um sorriso aparece na cara dela.
"Boa! Está pronta às oito, o Zayn vem buscar-nos a essa hora"
Eu assinto e ela sai do quarto. Isto está a começar bem.
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Dark Past || h.s.
FanfictionPode alguém danificado emocionalmente amar? Podem duas pessoas com problemas emocionais apaixonarem-se uma pela outra e serem felizes juntas? Deb, uma rapariga de 16 anos, sente-se cansada de tudo o que já passou por causa da sua família e decide sa...