Acordo com o barulho da porta do meu quarto a ser aberta. Oiço passos e sinto alguém a aproximar-se da minha cama. Todos os meus musculos ficam tensos. Os lençois são arrancados de cima de mim com brutalidade mas eu permaneço parada na esperança que ele não me faça nada. Mas não resulta, ele puxa-me fazendo-me ficar virada para cima sobre o colchão.
"Já sabes como é que isto funciona, quero-te calada" até a voz dele me mete nojo
Deixo algumas lágrimas escorrerem pela minha face enquanto ele me despe.
"Não precisas de chorar. Tu sabes tão bem quanto eu que tu gostas disto"
Porquê mãe?! Porquê?! Mas será que alguma vez vais escolher um homem decente e que me trate bem?
Grito quando ele me penetra com violencia. Sinto a minha face arder quando ele me dá um estalo.
"Eu disse que te quero calada!" diz e vejo raiva nos seus olhos.
Eu tento debater-me mas nada do que eu faço é suficiente para o tirar de cima de mim. Neste momento sinto nojo não só dele mas também de mim. Sinto nojo porque ele está dentro de mim, sinto nojo do meu corpo. Não consigo controlar as lágrimas e a minha garganta doí pelos gritos que eu contenho. Solto apenas pequenos gemidos de dor e ele sorri quando os ouve. Quero morrer, assim não tenho de passar por isto outra vez. Ele aumenta a velocidade e a violencia com que me penetra e eu quase solto um grito. Só quero que isto acabe, por favor que isto acabe depressa! Não quero viver mais neste corpo...Ele acelera ainda mais e torna-se ainda mais violento e desta vez eu grito alto.
Acordo com os meus próprios gritos. Merda, será que algum dia vou deixar de ter estes pesadelos?! Sinto-me abalada, cansada de lutar. Este sonho mexeu comigo, foi demasiado real. Não consigo controlar o meu corpo ele tem vontade própria. Vou até à minha caixa e tiro de lá uma lâmina. Corto o meu braço repetidas vezes, os cortes são profundos, mas não profundos o suficiente. Ainda não está na altura de eles se tornarem profundos o suficiente...
Sinto a garganta seca por isso desço as escadas para ir buscar um copo de àgua. Encosto-me à bancada da cozinha com o copo entre as mãos. Imagens do pesadelo vêm-me à cabeça e eu sinto os meus olhos encherem-se de lágrimas mas elas recusam-se a cair. Porquê eu?! Com tantas pessoas no mundo, porque é que tive de ser eu? Estas memórias estão a destruir-me, elas vão ser o meu fim...
"Ainda acordada?" uma voz rouca assusta-me e eu quase deixo cair o copo no chão
Olho para aqueles olhos verdes e a minha garganta parece fechar, não consigo dizer nada, agora a vontade de chorar consome-me.
"Tiveste um pesadelo?" pergunta-me com uma cara séria. Devia estar com um péssimo aspecto mas nem me dei ao trabalho de me ver ao espelho.
Os olhos dele nos meus, ele olha para mim tão profundamente que acho que consegue ler os meus pensamentos. Não me consigo conter mais e as lágrimas começam a escorrer pela minha cara. Deixo-me chorar compulsivamente. Uns braços fortes envolvem-me e eu sinto-me protegida. Encontrei um lugar onde estou segura...nos braços de Harry. Deixo-me ficar abraçada a ele, a chorar.
* Harry POV On *
Estou a ir para casa depois de passar a última hora em casa da Taylor. Sinceramente não sei porque é que continuo com ela...não é como se ela fosse boa na cama nem como se eu gostasse dela. Acho que estou com ela porque a Deb a odeia e tenho esperanças de lhe fazer ciumes...O que é que eu estou para aqui a pensar?! Claro que eu não quero fazer ciumes à Deb! Porque é que haveria de querer tal coisa?! Harry admite, tu estás interessado nela! Tu gostas dela! Tu preocupas-te com ela! Suspiro rendido. Eu quero-a!
À minutos atrás em casa de Taylor, enquanto ela me fazia um broche (algo que ela não é má de todo a fazer) chamei o nome da Deb, o que fez com que houvesse uma discussão e é por isso que estou a ir para casa a meio da noite.
Foda-se! Mas o que é que a Deb me fez? O que é que ela tem de tão especial que me atrai nela?
Chego a casa cansado. O caminho de casa da Taylor até à minha ainda é grande. Preciso de àgua por isso vou até à cozinha. Paro à porta quando vejo a Deb encostada ao balcão. Foda-se ela é linda...Mas ela parece abatida...
"Ainda acordada?" pergunto e ela assusta-se
Ela olha para mim com aqueles olhos azuis e um arrepio percorre o meu corpo todo. Os seus olhos vermelhos enchem-se de lágrimas. Ela está pálida e a tremer. O seu braço escorre sangue e eu sinto o meu coração apertar-se.
"Tiveste um pesadelo?"
Ela observa-me e depois pequenas lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto perfeito. De repente não são apenas pequenas lágrimas. Ela começa a chorar compulsivamente e num gesto protetor e envolvo-a com os meus braços. O corpo dela relaxa ligeiramente e eu abraço-a até ela parar de chorar. É estranho como os nossos corpos encaixam perfeitamente um no outro.
Lembro-me de cuidar da minha irmã quando ela tinha pesadelos por isso trato a Deb exatamente da mesma forma. Quando sinto que ela parou de chorar pego nela ao colo e levo-a até à casa de banho. Retiro o alcool de um dos armários e em papel higienico. Deito o alcool no seu braço e ela geme de dor.
"Desculpa" sussurro
"Não faz mal, já passei por pior" diz com um ligeiro sorriso no rosto
Acabo de tratar dos seus cortes e depois levo-a até ao seu quarto e deito-a na cama.
"Dorme bem" digo dando-lhe um beijo na testa.
Levanto-me para me ir embora mas sinto a sua mão agarrar o meu braço.
"Fica comigo, por favor" diz com voz fraca.
Eu sorrio, descalço os sapatos e tiro o casaco deitando-me de seguida ao seu lado. Ela rola para cima do meu peito e enrosca-se em mim. As minhas mãos fazem caricias nos seus cabelos.
"Queres falar sobre o teu sonho?" pergunto docemente e sinto incerteza da parte dela "Vais-te sentir melhor" reforço
Ela suspira pesadamente.
"Sonhei com o meu padrasto" confessa. "São memórias antigas e nestes sonhos, quer dizer nestes pesadelos eu revivo estes momentos vezes e vezes sem conta"
"E o que é que o teu padrasto te faz?" pergunto de modo a incentivá-la
"E-ele ... ele" gagueja e começa de novo a chorar
"Shhh, tem calma. Ninguem te vai voltar a fazer mal, eu estou aqui, eu protejo-te." sussurro várias vezes até ela adormecer.
Mas como é que alguém é capaz de fazer-lhe mal?! Pergunto-me enquanto a vejo dormir. Ela é tão...tão perfeita. Sorrio quando ela se aconchega mais em mim. Fecho os olhos e deixo-me adormercer ao lado desta rapariga misteriosa que já passou por mais do que eu posso imaginar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Dark Past || h.s.
FanfictionPode alguém danificado emocionalmente amar? Podem duas pessoas com problemas emocionais apaixonarem-se uma pela outra e serem felizes juntas? Deb, uma rapariga de 16 anos, sente-se cansada de tudo o que já passou por causa da sua família e decide sa...