Dark Past || h.s.

Capitulo 22

Às vezes dou por mim a pensar "quem me dera voltar atrás, no tempo em que tudo era simples..." e depois caio na realidade e percebo que para mim as coisas nunca foram fáceis. Foda-se, é tão injusto! Umas pessoas nascem com tudo, não têm preocupações têm vidas perfeitas...(e por vezes dizem que não têm nada ou fazem birras quando ouvem um não) e outras nascem sem nada!

Neste momento estou-me a cagar para tudo. Estou-me a cagar para o facto da minha mãe e do meu padrasto poderem estar na mesma cidade que eu. Estou-me a cagar que o Harry tenha sido um completo idiota para mim. Estou-me a cagar para que a minha melhor amiga esteja a quilómetros de distância. De qualquer das maneiras, nunca nada vai fazer sentido na minha vida.

Saio de casa a começo a andar sem destino. As vozes na minha cabeça não me deixam por isso ponho os fones nos ouvidos na esperança de os silenciar. Carrego no play e começa a tocar uma música dos Kings of Leon. E continuo a caminhar durante um tempo indefinido e sem prestar atenção ao caminho que estava a percorrer.

Quando dou por mim estou num enorme prado verde. Está deserto...acho que ninguém conhece a existencia deste lugar, porque se sobessem de certeza que estaria cá alguém. Estou exausta, não fisicamente mas psicologicamente. Não sei quanto mais tempo vou aguentar. Deito-me na relva e fecho os olhos ouvindo as músicas dos Kings of Leon, que naquele momento eram as únicas que me conseguiam fazer desconectar da confusão de sentimentos que se encontrava dentro de mim. Cantei em alto e bom som acompanhando a voz do Caleb Followill e fiquei ali deitada durante horas. Quando dei por mim, já era de noite. Acendi um cigarro e relaxei. Que se foda, não me apetece ir para casa! Vou dormir aqui...

O meu telemovel vibra em sinal de mensagem, quando vejo o nome Harry, ignoro. O telemovel volta a vibrar mas desta vez em sinal de chamada e eu continuo a ignorar. Este dia é meu, este é o meu momento, esta é a minha oportunidade de ser livre! Este sitio apartir de hoje é o MEU sitio, porque aqui eu sou livre, aqui não há problemas, aqui eu não sou eu.

* Harry POV On *

"Mas tu és estupido?!" grita a Hannah "Tu deixaste-a sozinha no estado em que ela estava?!"

"Já estou nervoso o suficiente Hannah, não precisas de me por mais! Foda-se! Eu sei que sou um idiota, mas o que é que queres que eu faça? Tu sabes que a Deb não me é indiferente...não é que eu goste dela, mas há alguma coisa entre nós! E depois eu descubro de ela não dormiu com um amigo meu, mas com dois!"

"Não sejas ótario! Já pensaste que ela pode ter andado com eles só porque tu andavas a comer a Taylor?"

Suspiro "Porque é que eu tenho de estar constantemente a estragar tudo?"

Viro costas e fecho-me no meu quarto. Tento ligar-lhe outra vez mas nada. Estou mesmo preocupado. Se alguma coisa lhe acontece a culpa é minha. Visto o meu casaco e saio de casa. Ando à deriva pela rua à procura dela ou de algum vestigio dela.

Se eu fosse a Deb onde é que eu gostaria de estar? pergunto-me. Gostaria de estar sozinho, num local sossegado. Ela disse-me uma vez que gosta de natureza por isso provavelmente gostaria de estar num sitio onde houvesse arvores...Faz-se luz, tenho um palpite de onde ela possa estar!

Caminho em direção ao monte de àrvores e depois de uns bons cinco minutos a andar finalmente chego ao enorme prado verde. Está escuro por isso tenho de olhar atentamente e é quando vejo uma sombra deitada no chão. Caminho na sua direção. Não me perguntem como mas eu sei que é ela. Conforme estou mais perto começo a ouvir a sua voz, a sua linda voz entoar uma música que me é desconhecida.

Quando ela sente uma presença limita-se a calar-se. Deito-me ao lado dela e suspiro de alivio por finalmente a encontrar, sã e salva.

"Liguei-te" digo

"Eu vi"

"Porque não atendeste?"

"Não me apetecia falar contigo." as palavras dela são como socos no estomago.

"Tencionavas dormir aqui?"

"Não é nada que eu nunca tenha feito. E este sitio é o meu sitio." diz a ultima parte mais para ela do que para mim

"Como assim é o teu sitio?"

"Não te sentes livre aqui? Este sitio é uma especie de refugio...aqui ninguem me pode chatear, aqui não há problemas. Aqui eu não sou eu e as vozes não existem"

Pergunto-me como é que é possivel alguém ser tão fascinante. Tenho plena noção que outra pessoa já se tinha afastado dela e a ia chamar de lunática, mas eu não me quero afastar. Eu quero saber todos os segredos dela, eu quero conhecê-la.

"Sabes o que a minha tia costumava dizer?" a voz dela soa nostalgica "Ela dizia isto à minha melhor amiga 'A Deb é um grande mistério, tu nunca a vais compreender por completo. Podes ver isso no seu sorriso. Aquele sorriso dela que nos diz : tu não me conheces, nem nunca vais conhecer.' Achas que sou assim tão dificil de compreender Harry?"

Paro por momentos para pensar nas suas palavras.

"Não. Tu tens uma maneira única de ver o mundo, talvez por causa de toda a merda que já passaste...mas eu acho que te compreendo. Eu venho aqui muitas vezes para me abstrair de todas as merdas que já passei."

"Às vezes acho que sou maluca sabes? Os cortes, os ataques de pânico, as tentativas de suicidio...algures no meio disso tudo acho que perdi a minha sanidade."

"Eu também já os tive...os ataques de pânico. Depois da minha irmã m-morrer e dos meus pais morrerem também..."

"Fala-me dos teus pais" ela pede

"A minha mãe era a melhor mãe do mundo. Tinha sempre um sorriso na cara, estava sempre disposta a ajudar-nos, era uma grande amiga, dava-nos conselhos. Estava sempre pronta para uma festa. E era uma optima cozinheira . O meu pai era um bom pai. Às vezes resmungava e gritava, mas de maneira geral era um bom pai."

"Tens saudades deles..." afirmou

"Sim, tenho" confirmei

Ela levanta-se e eu imito-a.

"Vamos para casa." sussurra

Vira costas começando a caminhar e eu sigo-a.