Capitulo 6

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"Eu acho que o stor ... " hesitou "Eu acho que o stor é o pai da Deb!"
Fiquei confuso.
"E isso é mau?" perguntei
"É horrivel!" ela disse exasperada
"Porquê?!"
"Não posso contar, eu prometi-lhe que não contava a ninguem. Se quiseres saber, vais ter de lhe perguntar" disse
"Ele fez-lhe mal?  É por causa dele que ela faz aquilo que faz?" perguntei referindo-me aos cortes
Ela arregalou os olhos.
"Merda! Não tinha pensado nisso! Eu vou ver como é que ela está" disse levantando-se "Stôr, posso ir ver como é que a Deb está?" perguntou
"Sim, vai" a sua voz era pouco mais que um sussurro.

* Harry POV Off *

Continuo paralisada a ver o sangue escorrer e reparo que no chão se vêm manchas de sangue. A minha cabeça está uma confusão enorme, sinto tudo a andar à volta. As lágrimas caem sem eu as conseguir controlar. Estou completamente desligada do mundo até que oiço uma enorme pancada na porta da casa de banho.

"Deb! Abre a porta!" grita a Hannah
"Eu estou bem" minto
"Abre a merda da porta! Já!" grita

Destranco a porta e saio indo em direção ao lavatório. Abro a torneira e meto o braço debaixo de àgua para limpar o sangue. Entro de novo dentro do compartimento de onde tiro um bocado de papel e pouso-o em cima do braço. Hannah observa-me atentamente.

"É o teu pai não é?" pergunta
Assenti.
"Deb...estás bem?"
"Achas que estou bem?"
Ela suspira
"Eu sei que não estás...eu não sei qual seria a minha reação se o meu irmão aparecesse à minha frente" ela diz
"O teu irmão?" pergunto confusa
"Sim o meu irmão. Eu tenho um irmão mais velho, e ele batia-me...fiquei três meses em estado de coma por causa dele..." diz com as lágrimas nos olhos "Eu não sei qual seria a minha reação se ele aparecesse à minha frente, mas eu iria mostrar-lhe que cresci e que ele não me pode voltar a fazer mal. E é isso que tu vais fazer! Vais mostrar ao teu pai que ele nunca mais te pode fazer mal!"

Abracei-a
"Agora, vais lavar a cara e vens comigo para a sala outra vez" diz-me num tom autoritário
Sorri e obedeci-lhe.

Abri a porta da sala e vi o meu pai olhar para mim petrificado
"Desculpe stor, não me estava a sentir bem...posso entrar?" perguntei seca
"S-Sim, c-claro. Senta-te" gaguejou

Entrei na sala e sentei-me ao lado do Harry.
"Estás bem?" perguntou
Sorri "Faço por isso"

Ele passou dois dedos pelos meus cortes recentes o que me fez encolher de dor mas de seguida sorrir pelo prazer que aquela dor me causava. Estava viva...
"O que é que ele te fez de tão horrivel que te levou a fazer isto?" perguntou preocupado
Olhei-o nos olhos e logo me perdi naquele verde profundo
"Ele nunca sobe ser um pai." disse secamente

"Vamos continuar com as apresentações" disse o meu pai "Tu" apontou para o Harry "Passo-te a palavra"
Harry revirou os olhos.
"Chamo-me Harry Styles, tenho 19 anos, sou orfão, que eu saiba ainda não tenho filhos e nunca me casei" disse no gozo e toda a gente riu
"A menina ao lado" disse falando para mim

Olhei para ele com despreso
"Chamo-me Deb, tenho 16 anos e também sou orfã" disse a última parte num tom carregado
Vi que os olhos do meu pai se começaram a encher de lágrimas e ele depressa se voltou para o quadro tentando disfarçar.

Pûs os fones nos ouvidos, não queria ouvir a voz dele. E passei o resto da aula a desenhar no caderno e a ouvir musica em vez de prestar atenção à aula.

Acordei do meu enturpecimento quando o Harry me tocou no braço e me arrancou os fones dos ouvidos. "Miuda, já tocou" disse
Arrumei as minhas coisas e preparava-me para sair atrás de Harry quando oiço
"Deb posso dar-te uma palavrinha" a voz do meu pai a dizer o meu nome arrepiou-me.
Harry olhou para para mim como que a perguntar se estava tudo bem e eu assenti e disse apenas "Eu vou ter convosco lá fora" e depois do Harry sair da sala virei-me para o meu pai.

Estava em pânico, o meu coração batia com força. Eu não queria estar ali! Estava completamente fora da minha zona de conforto. Mas como a Hannah tinha dito eu tinha de o enfrentar...ela tem razão, é a única maneira de eu melhorar. Respirei fundo.
"Diga stor" disse secamente
"Deb...por favor não faças isto, eu sei que tu me reconheceste" ele diz com a voz trémula, ele estava tão desconfortavel como eu.
"E então? O que é que queres de mim?" a minha voz agora mostrava raiva
"T-Tu estás...diferente" disse-me "Cresceste imenso"
"Não ia ficar uma criança para sempre. Se tivesses sido um pai decente podias ter acompanhado a minha mudança"
"Filha eu" suspirou "Eu não estava bem! Eu depois de me ir embora procurei ajuda. Eu estou curado"
"Devias tê-lo feito mais cedo"
"Eu sei que não mereço o teu perdão, eu sei que não te devia ter abandonado mas eu nã-" enterrompi-o
"Sabes, quando eu te vi fazer as malas eu fiquei tão, mas tão feliz! É verdade que viver só com a mãe também não foi fácil, mas eu durante muito tempo te quis agradecer por nos teres deixado."
Ele começou a chorar
"Não te atrevas a chorar" disse secamente "Tu não sabes metade das merdas que eu passei por causa de ti! Tu não sabes que enquanto ainda estavas connosco eu continuava a ter esperança que tu um dia olhasses para mim como um pai o devia fazer, tinha esperança que aprendesses a ser um pai!" agora era eu que chorava "Eu só deixei de ficar feliz pela tua partida quando a mãe arranjou outro homem!" gritei-lhe

Os olhos dele arregalaram-se
"A tua mãe arranjou outro homem?!"
Eu ri-me ironicamente
"Esperavas que ela chorasse para sempre o facto de nos teres deixado? Achavas que eras o homem da vida dela? Estás muito enganado"
"Espero que ele tenha sido um melhor pai que eu" disse com a cabeça baixa
"Sabes o que é ironico? É que ele no inicio se esforçou! Ele foi realmente um pai para mim. Até que a mãe lhe deu a volta à cabeça e ele se transformou num monstro como tu!"
"Ele bateu-te?!" perguntou com os olhos muito abertos
"E não só..." disse friamente "Eu não te reconheço como meu pai, nunca tive um e não é agora que vou começar a ter, por isso nunca mais me chames filha. A única relação entre nós é de professor e aluna, e nada mais que isso!"

Virei-lhe costas e saí da sala a chorar. Corri até lá fora onde se encontravam os meus mais recentes amigos. Vi a Emily com um charro na mão.
"Ems, posso?" perguntei
"Claro miuda, toma" disse passando-me o charro para a mão

A Hannah sentou-se ao meu lado e pegou na minha mão livre.
"Como correu Deb?"
"Podia ter sido pior...disse-lhe tudo o que queria dizer. Sinto-me estranhamente leve" disse "Logo à noite alguém quer ir sair?" perguntei sem pensar duas vezes
Todos se olharam e passados alguns segundos sorriram.
"Claro! Parece-nos bem! Comemorar o facto de termos sobrevivido a mais um primeiro dia de aulas!" disse a Naomi

Dark Past  || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora