Capítulo 4

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E como dito, começaram. Folhearam todo o diário e com seus celulares, tiraram fotos de todas as páginas. Tyler Robert falava sobre seu ódio, sobre suas decepções e ilusões, e finalmente, o motivo de ter assassinado sua família e várias outras pessoas. Ficaram boquiabertos, naquele diário estavam escritos poemas indecifráveis e indecisos, como se sua mente fosse um labirinto sem saída. E, por fim, a chave. Aquela chave maldita, estranha, que não se encaixava em lugar nenhum. Aonde? Aonde? Aonde? Aonde você se encaixa?

—No escritório, —falou Louis —achamos uma porta escondida no escritório do irmão do Tyler. Pode ser de lá.

—Verdade! A cor da porta era exatamente igual a cor das paredes, se não fosse pela fechadura, nunca teríamos achado aquilo. —Falou Zach.

—Ótimo, podemos ir lá depois. —Disse Mary. —Mas, antes...

Lentamente, a garota pegou a faca que estava enrolada por panos e a retirou de lá. Era enorme e muito afiada, e havia sangue seco e velho nela.

—Foi com isso que... —Ivy olhou com nojo.

—Sim. —Disse Mary. —Melhor eu guardar novamente, ou melhor, esconder em algum lugar que apenas nós sabemos. —Pegou a faca e a enrolou no pano, e em seguida a colocou debaixo do sofá.

—Vamos abrir aquela porta logo, vamos! —Bryan levantou-se do sofá e foram todos para o escritório.

Com a ajuda de seus amigos, Bryan conseguiu tirar completamente a prateleira do meio do caminho. Lá estava ela! Nem parecia uma porta, era como se a fechadura estivesse flutuando por aquela parede branca.

Mary a destrancou, revelando um armário repleto de armas, facas e machados. Todos deram alguns passos para trás, com medo de encostarem em qualquer coisa.

Zach já estava com sua câmera em mãos tirando fotos do armário, enquanto o resto do grupo fazia suas teorias.

—...E se o irmão do Tyler também estivesse planejando fazer um massacre?...

—...Tyler deve ter guardado tudo aí sem seu irmão saber...

—O material lá dentro está intacto, não encostaram naquilo.

—...Esse lugar é cheio de surpresas...

Ivy pegou uma das armas sem ninguém ver, e então a apontou para a janela.

—Fácil alvo. —Mirou no pássaro em um poste do outro lado da rua. —Aposto que consig...

A arma foi tirada de sua mão com tal facilidade, a espantando. Quando virou-se, se deparou com Bryan, que olhava para a garota com um olhar sarcástico.

—Você sabe atirar?

—Sim. —Pegou de volta. —Muito bem. —Mirou nele, que em um piscar de olhos tirou a arma de sua mão novamente.

—Eu costumava lutar ás vezes. —Sorriu. —Defesa pessoal é meu forte.

—Exibido. —Ivy revirou os olhos. —Poderia me ensinar, depois.

—Quando quiser. —Disse enquanto guardava a arma.

—Os pombinhos já acabaram aí? —Falou Louis, zombando deles. —Acho melhor guardarmos isso, caso algo acabe acontecendo, é bom nenhum de nós estar envolvido.

Todos concordaram, fecharam a porta e colocaram a estante de volta em seu lugar. Foram para seus respectivos quartos, e conversaram sobre o que iriam fazer ao fim do dia.

—Mary, não acha que estamos focando apenas no lado ruim da viagem? Deveríamos estar nos divertindo...

—Concordo! Eu tive uma ideia. Vou ao supermercado comprar algumas coisas e fazemos uma festa. Que tal?

—Não acha que seria estranho comemorarmos no mesmo dia em que Mrs. Philips morreu? Ou, sei lá, uma festa poderia chamar a atenção de quem quer que tenha o matado. Isso é suicídio, fala sério.

—Ivy, deixe-me explicar uma coisa. —Sentou-se ao lado da menina. —Claro que é. Nós não sabemos quem o matou, não sabemos se essa pessoa continua na Ilha. Mas se formos parar pra pensar nisso... Nós nunca iremos fazer nada! Como iremos embora daqui? Não iremos ter coragem para sair. Eu não quero ser aquela garota medrosa, que depende de todos para a salvar. E, além do mais, se a pessoa que o matou também quisesse nos matar, já teria o feito. —Mary disse.

—Sim, você está certa... E sim, isso foi triste, mas nós nem conhecíamos o cara. Aliás... Estamos com fome. —Riu. —Vai lá, eu aviso pra eles que você saiu. Mas liga para a Maxine antes, ela conhece muito bem aqui.

E foi feito como foi dito: Mary ligou para Maxine e as duas foram juntas para o supermercado mais próximo.

Ivy desceu as escadas e foi á sala, acendeu a lareira e ficou ali, apenas se aquecendo. Ouviu passos atrás de si, e quando virou-se viu Louis, que logo sentou ao seu lado.

—Hoje está muito frio, ah?

Ivy concordou.

—Cadê a Mary?

—Foi ao supermercado com a Max, já devem estar voltando.

—Hum, Ivy... Queria perguntar uma coisa. O que está acontecendo com você e o Bryan?

—Oi? —Seu rosto queimou. —Nada.

—Qual é, eu sei que você gosta dele. Mas por que nunca falou nada?

—Não funciona assim, Louis. Eu tenho meus motivos, não me sinto confortável para dizer isso á ele.

—Tudo bem. Sei que essa conversa está te deixando constrangida, então vamos mudar de assunto. Me pergunte qualquer coisa. —Sorriu.

—E você? Já achou alguma garota?

Louis deu um riso abafado.

—Ah, Ivy... Acontece que eu também não me sinto á vontade de falar sobre isso. —Abriu um enorme sorriso ao pensar que sua amiga realmente não sabe nada sobre ele. —Mas conversamos sobre isso depois, quando todo o mundo estiver aqui. Okay? —Se levantou.

—Tá bom. —A garota de cabelo verde o acompanhou com o olhar.

Ela não parava de pensar no que ele havia falado. Estava curiosa para descobrir sua resposta, mas então o barulho de chaves interrompeu seus pensamentos. Maxine e Mary haviam chegado com várias sacolas em mãos.

Em poucos minutos, todos estavam reunidos na sala, conversando. Mary guardou algumas coisas nos armários e na geladeira, e então sentou no chão, junto com seus amigos.

—E, então, quando eu estava prestes a dar minha chave para ele, ele disse que estava brincando. —Riu Bryan.

Eles não estão normais, pensou Mary. Então olhou em volta, e achou uma garrafa de bebida. Não comprei isso, pensou novamente.

—Você comprou bebida, Max? —Perguntou.

—Não! Elas vieram até aqui, eu juro! —Riu.

—Alguém está sóbrio aqui? —Perguntou, mas desta vez olhando para todos.

Louis e Zach levantaram a mão, e rapidamente Mary olhou para Ivy.

—Ivy?

—Desculpa, Mary, está sendo um dia difícil para todos. —Estendeu a garrafa em sua direção.

—É, tanto faz. —Pegou a bebida.

Louis e Zach apenas observaram seus amigos bêbados e felizes, como se nada tivesse acontecido.

—Quer saber? Vou fazer uma coisa. Isso vai ajudar bastante a relação da Ivy com o Bryan. Eles estão em uma zona de conforto, gente. Tudo que é novo eles se escondem. —Falou Zach.

—Até você? Sério? —Louis riu. —Até Maxine já deve ter notado isso. Mas... O que você vai fazer?

—Vamos girar a garrafa. —Sorriu. —Precisamos de um pouco de diversão.

—Como assim?

—Não está óbvio? Somos aqueles tipos de adolescentes estúpidos, que viajam, festejam e brincam de verdade ou desafio, e ignoram o que acontecem aos seus redores, até que seja tarde demais. E é isso que irei fazer. —Zach olhou para Ivy, e em seguida para Bryan. —Então, gente, vamos fazer uma brincadeira.

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