Um cofcof alto me fez acordar - tosse de alguém que já viveu tanto, que me amedronta pensar.
Oitenta e quatro anos.A solidão é a grande companheira dos meus dias. As vezes me oprime e me apriosiona, as vezes me liberta; as vezes dói, outras vezes cura.
Não ter expectativas parece vazio pra quem olha de fora - e as vezes também é pra quem olha de dentro - mas normalmente é o remédio da ansiedade. Meu coração as vezes me trai e me faz esperar por coisas que, bem lá no fundo, eu sei que não vou ter; e por alguns momentos (que podem ser dias, semanas, ou apenas frases) eu sinto novamente aquela brisa de quem acredita.
Mas a gente não pode ter tudo, não é o que dizem?
A solidão é uma certeza. É uma coisa estranha de se dizer, eu sei, mas eu preciso de certezas.
Tem um trecho de uma música (que não me lembro agora qual) que eu gosto muito, e me traduz, de certa forma:
"Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém chamado saudade."Do que já fui um dia, só a saudade ficou. Do que já pude oferecer, migalhas. Não sou mais inteira, algo se quebrou.
Não quero viver oitenta e quatro anos. Deus me livre desse destino. Vinte e sete já tá sendo custoso! Mas posso dizer , mesmo caindo em contradição, que espero por uma certeza que abrigue. Uma certeza que me envolva e me aqueça um pouco mais do que a solidão.
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Crônicas Ao Vento
Random[Revisando...] Pensamentos, sentimentos, e poesia... Aquilo que não podemos ver, mas sempre está ali... aquela brisa, aquele pensamento durante o café, aquele desejo oculto, tudo que não temos coragem de dizer. Mi casa, su casa... Seja bem vindo!