Capítulo 4

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Caminho pelas ruas, sem destino porque se eu for p'ra casa de umas amigas a minha mãe vai me encontrar e não posso voltar p'ra casa.
As ruas estão quase desertas por conta da hora e tenho que achar um lugar ideal p'ra passar a noite.
Vejo de Longe uma caixa de papelão e acho que devo passar a noite aqui. Entro na caixa e me arrependo de não ter levado um cobertor porque está muito frio.
Como será que a minha mãe vai reagir quando não me encontrar no porão amanhã? .
Sou tirada dos meus pensamentos quando alguém sacode a caixa. Me assusto e vejo que é um homem barbudo todo sujo.

"Wow, será que tenho uma visitinha?" Disse sorrindo. Nojento.

"Não sabia que o caixote te pertencia".

"Ela pode pertencer a nois dois se você quiser".

"Não, eu vou embora" digo me levantando.

"Nossa, até parece que não quer" disse ele se aproximando.

"Não quero mesmo, não encosta em mim, seu barbudo nojento."

"Então saia daqui vagabunda antes que eu te enforque."

Saio correndo dali sem nem olhar p'ra trás. As rua são mais do que eu imaginei.
Encontro um cantinho por baixo de um viaduto e acho melhor ficar por aqui essa noite, só espero que não apareça alguém p'ra me violentar.

********************

Acordo na manhã seguinte com a movimentação de várias pessoas e carros. Me levanto e vejo que estou completamente suja, e estômago está roncando.
Ando pelas ruas e percebo que hoje está muito quente, meus pés estão queimando e sou obrigada a usar os saltos, eu sei que é estranho p'ras pessoas ver uma moça elegante, com saltos e tudo andando pelas ruas completamente suja.

Vejo uma casal saindo do McDonald's e eu penso em pedir p'ra eles o que está em suas mãos mas é um pouco embaraço p'ra mim mas a fome fala mais alto.
Me aproximo deles com receio e eles me encaram, estico a mão como permissão.

"Você quer? " disse o moço e acho que ele é mais simpático.

"Sim" disse eu encarando o chão.

Ele me dá a sacola inteira me surpreendendo. Só de imaginar que em poucos minutos tudo estará em meu estômago...

"Muito obrigado moço"

"Precisava entregar tudo?"disse à ruiva oxigenada que suponho que seja a sua namorada.

"Nós podemos comprar outra vez. Não se preocupe moça, disfrute"

Agradeço mais uma vez e estou feliz pela possibilidade de não ter que mexer no lixo.
Abro a sacola e o que vejo me dá água na boca.
Começo a comer tudo, nunca pensei que eu fosse comer tanto em toda minha vida. Tomo o refri e descanso por um tempo fazendo a digestão. O dia todo passei pedindo esmola e observando as pessoas apressadas na rua.

Voltei para "casa" e o meu lugar do dia anterior já estava ocupado por outro mendigo. Tive que ir a procura de um lugar p'ra passar a noite.
Dessa vez prefiro ficar em frente de uma pastelaria porque aqui tem um cantinho p'ra me proteger da chuva.

PROSTITUTA POR ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora