EXISTÊNCIA

148 30 4
                                    


Acho que foi em menos de um segundo. O enfermeiro andou a passos vagarosos pelo corredor, e Jorge correu como um louco atrás dele, provavelmente o desespero o fez esquecer que o celular configurado estava comigo.

Apenas observei, eu tinha o tempo ao meu favor. Só precisava atrasá-lo até o enfermeiro escanear o bebê e efetuar o login no L.o.v.e.

Abri o aplicativo no meu celular, cliquei em menu, configurações e deixei o dedo por cima da opção login.

Jorge olhou para trás e exibi o celular com um sorriso. Agora ele havia entendido.

Eu teria sentido medo de sua expressão, se o jogo já não estivesse ganho. Haviam três celulares comigo.

Quando Jorge me arrastava pela rua e eu me debatia, roubei o aparelho dele.

Levei a mão ao bolso e peguei o celular de Jorge com a mão esquerda. Assim que eu efetuasse login com o aparelho dele, o L.o.v.e. o detectaria como vírus, e tudo voltaria a ser como antes.

Ele arregalou os olhos e parou.

- Luíza, não, por favor!

- Desculpa, Jorge. Nós precisamos voltar.

- Não – ele se ajoelhou no chão. – Eu quero viver como um humano.

- Nós já não éramos humanos há muito tempo antes do L.o.v.e. Apenas pare e pense. Nesses poucos minutos que passei aqui, eu só pensava uma coisa.
Talvez, a gente tenha morrido enquanto vivia.

L.O.V.E.Onde histórias criam vida. Descubra agora