DEUS QUER O MAL?

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PARECE QUE DEUS QUER O MAL.

Pois, quer todo o bem que existe. Ora, é bom que o mal exista, conforme Agostinho: Embora o mal em si não seja bem, contudo é bom que exista, para que não somente exista o bem, mas também o mal. Logo, Deus quer o mal.

Dionísio diz: O mal contribui para a perfeição de todo o universo. E Agostinho: A admirável beleza do universo resulta de todos os seres; e nela, mesmo o que é mal, bem ordenado e posto no seu lugar, põe mais em evidência o bem, de modo que este mais agrade e seja mais louvável, quando comparado com o mal. Ora, Deus quer tudo o que pertence à perfeição e à beleza do universo, pois isso é o que ele sobretudo quer nas criaturas. Logo, quer o mal.

Ser feito e não ser feito o mal são opostos contraditórios. Ora, Deus não quer que o mal não se faça, porque praticando-se certos males nem sempre se cumpriria a vontade de Deus. Logo, Deus quer que o mal se faça.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Ninguém se torna pior por causa de um homem sábio. Mas, Deus vale mais que qualquer sábio. Logo, com maior razão, ninguém se torna pior por causa de Deus. Pois, uma coisa tem como autor a quem voluntariamente a fez. Logo, pela vontade de Deus o homem não se torna pior: Mas, sabemos que por qualquer mal uma coisa se torna pior. Portanto, Deus não quer o mal.

Embora o ato de praticar o mal se oponha contraditoriamente ao de não praticá-lo, contudo, querer que o mal seja praticado e que não o seja não se opõem contraditoriamente, pois, ambas são proposições afirmativas. Assim, Deus nem quer que o mal seja praticado, nem que não o seja; mas, quer permitir que o seja, e isto é bem.

Suma Teológica, Tomás Aquino, https://sumateologica.files.wordpress.com/2017/04/suma-teolc3b3gica.pdf#page273

DO BEM E DO MAL

Considerando-se que vivemos em um mundo dualista, a questão de cada ideia ou ação corresponder a uma reação podemos então concluir, que não existe o bem sem o mal e a recíproca é verdadeira, portanto os dois se completam apesar de serem praticados distintamente, mas não sobrevivem um sem o outro.
Para conhecermos o bem necessariamente teremos que saber o que é o mal pois somente assim podemos discernir e julgar o que é de fato materializado nas atitudes.
Se não conhecermos o mal viveremos em um mundo incompleto, pois seremos sempre levados a crer que estamos certos e para o bem dos viventes humanos devemos saber discernir o correto ou o que se pressupõe correto ou incorreto.
O que para uns é o bem para outros pode ser o mal, caso de uma guerra, quem está correto, ou com quem está a verdade ou o bem, só o saberemos depois que o mal estiver realizado.
Essa dualidade faz parte do pensar maior de um Deus, ou do objetivo e meta da criação, caso só exista o bem não seriam necessárias às leis sagradas ou jurídicas, portanto só existe religião e justiça se existir o mal, caso contrário não faria sentido essas duas instituições.
Uma grande epidemia que dizima uma parte da população é um grande mal, inegável, porém que a cura da epidemia é um grande bem, inquestionável, logo, se consideramos que um Ser Superior que criou e conduz os movimentos da natureza e suas consequências,o mesmo é criador tanto do bem como do mal.
Como nos ensina a sabedoria popular, "Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe", com efeito um acaba com o outro, essa dicotomia é verdadeira, apenas dois termos.
Considerando-se que essa questão é teológica podemos afirmar que O Ser Supremo, seja ele qual for, criou a humanidade para que a mesma seja algum dia perfeita, para tanto terá que sofrer as mazelas do mal e gozar das benesses do bem, só assim apreenderá e seguirá rumo a perfeição.
Alf Klein, Balneário Piçarras em 16 de Maio de 2017

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