CAPÍTULO ONZE

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CAPÍTULO ONZE

por Alef

Sinceramente, não sei o que me levou a essa busca incessante para contratar a Laura tão a ferro e fogo. E ainda paguei do meu próprio bolso. Queria entender porque era tão importante intervir nisso.

A quem eu estou querendo enganar? Lógico que só insisti mais nisso, por ter recebido um não logo de cara. Muitas pessoas podem aceitar um com tranquilidade e seguir a vida. Eu, sempre encaro um não como um desafio para conseguir um sim. Ego, orgulho, empáfia, tanto faz, no fim, geralmente consigo o que quero.

Eu não era uma pessoa dada a gentilezas e a me importar tanto com os outros, principalmente alguém que não conhecia, mas, eu tinha isso de querer vencer, seja no que for.Sou assim desde criança que queria ganhar até no par ou ímpar.

Já fazia uma semana que a Laura estava trabalhando aqui na empresa e fazia exatamente uma semana que eu sentia uma vontade agoniante, que nunca havia sentido em todos os anos que trabalhava aqui: eu queria ir até a oficina. Só ficava na vontade, por enquanto estava me segurando ou criando desculpas para não ir.

Dom era meu principal informante. Ele já tinha o hábito de comer no refeitório, bater papo com os funcionários e até ir ao pé sujo da esquina para tomar umas cervejas com eles.

A principal notícia que ele soltou para mexer comigo, era que a Laura é a nova sensação da empresa e todos a adoraram logo de cara. A Adriana estava fascinada por ela, mas também ela tinha o coração tão puro que conseguia achar até que uma megera como a Laura era uma boa pessoa. Ou, toda a "megerice" dela era destinada, especial e exclusivamente, para mim.

Eu estava extremamente cansado de ter que ficar controlando a minha mente para que ela focasse no trabalho, virava e mexia, ela se dispersava e voltava sua direção para uma morena marrenta, linguaruda e sem o menor pingo de classe, mas que tinha um corpo de matar e um rosto raro de se ver, por carregar uma beleza tão natural, única.

Passo as mãos nervosamente no cabelo. Frustrado. Era assim que me encontrava. Eu precisava me distrair, sair com o Dom, ir a alguma festa e conhecer gente nova.

Festa. Isso me lembra de que tinha uma bem próxima e eu exigiria que a Laura me acompanhasse. É uma festa anual de premiação das melhores máquinas nacionais e estávamos concorrendo em várias categorias.

Uma batida soa na porta da minha sala.

— Com licença, senhor. – A Adriana entra carregando vários envelopes juntos. Trabalho. É disso que eu preciso. – Trouxe aqueles documentos com as relações de pedidos que estávamos esperando das filiais. – Levanto e a ajudo a carregar.

— Porque você não trouxe aos poucos ou pediu ajuda? Não tem que ficar carregando esse peso. – Dou uma bronca mesmo, fico preocupado que ela se exceda sem necessidade. Gostaria de poder contar com ela durante muito tempo ao meu lado.

— Nem estava tão pesado. – Retruca.

— Não quero você pegando peso. Se achar que precisa de uma ajudante, me avisa que providencio. Ok?

— Tudo bem, mas não precisa se preocupar.

— Preciso sim, você é importante para mim aqui.

— Obrigada. – Ela não esperava por essa e agradece com a voz embargada. – Gosto muito de trabalhar com o senhor e ver o quanto se dedica. Precisa de mais alguma coisa?

Em duas rodas - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora