CAPÍTULO DOZE

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CAPÍTULO DOZE


por Laura

A Débora havia ido totalmente, preparada para a minha casa. Com mudas de roupa no bagageiro da sua moto. Sim, mudas, no plural. Ela havia planejado uma festa do pijama, praticamente.

Acabou que ficamos mais tempo do que eu havia previsto olhando a moto. Quando fazemos algo que amamos, não vemos a hora passar quando estamos trabalhando e, como dividir essa paixão com ela era algo novo, ficamos presas discutindo sobre quais seriam os problemas da moto e acabamos que a consertamos, enquanto conversávamos.

Quando, por fim, acabamos, subimos para nos arrumar em meu quarto.

Emprestei uma toalha para ela tomar um banho e fui separar uma roupa. Ela voltou e eu ainda não havia escolhido nada. O máximo que eu havia me arrumado para sair, era colocar um short jeans ou uma calça, uma blusa limpa e estava pronta.

Nunca tive inseguranças quanto a me vestir, mas ao vê-la retirando dois vestidos da bolsa, cheguei a tremer nas bases.

— Qual você acha que devo vestir? – Ela me pergunta, mostrando um vestido verde com um decote generoso nas costas e outro preto, mais simples, mas com uns detalhes em renda.

— Para onde você está querendo ir?

— Não sei, algum lugar descolado. – Ela se vira de costas, retira a toalha sem o menor pudor, ela não estava vestindo nada. Viro de costas para deixá-la ainda mais a vontade, como se isso fosse necessário. – Quero relaxar, beber, conhecer uns carinhas legais.

— Acho que não tenho roupa para ir a nenhum dos lugares que você está pensando.

— Mulher nunca tem roupa, sei bem como é isso. – Ela solta uma risada, enquanto coloca o vestido verde. – Vamos olhar o seu armário.

— Fica a vontade. – Dou espaço para ela passar. – Mas nem é necessário, eu realmente não tenho nada além de shorts, calças jeans e blusas simples.

A Débora parece não acreditar muito no que eu digo e confere meu armário, de forma minuciosa.

— Porque isso? Realmente, não entendo, você é gata, todo mundo gosta de você...

— Nunca tive muito amigos para sair, no máximo vou a algum bar com o pessoal da oficina. – Respondo sem graça. – Acho que não me encaixo em qualquer lugar.

— Garota, pode parando. – Ela me empurra até o espelho no meu armário. Solta meu rabo de cavalo, começa a desembaraçar meus cabelos com os dedos e a jogar sobre os meus ombros, pega o vestido preto e coloca na frente do meu corpo. – Você é linda, aceita isso antes que eu te bata até você entender. E quanto a não ter amigos para isso, pode parando. – Ela me vira de frente e me encara. – Já disse que somos melhores amigas de infância, não importa o que viveu ou não, muita coisa vai mudar daqui a para frente. Agora vai tomar seu banho.

E eu fui. Peguei-me obedecendo. Toda a situação meio que me sobrecarregou, apesar de um pouco insegura, uma parte de mim estava mais do que animada em ver o que ela planejava.

Quando voltei para o quarto enrolada na toalha, só vestindo uma calcinha por baixo, a encontrei segurando um par de sandálias pretas de salto. Corei, imediatamente. Lembrei-me do dia que estava no Centro e passei por uma loja em liquidação e vi esses saltos. Nunca tinha tido e em um surto, acabei entrando e comprando, sem nem experimentar na hora. Ao chegar em casa, após essa compra sem noção, calcei e comecei a andar pelo quarto. Conforme ia passando o tempo, sempre calçava, como se quisesse me sentir diferente ou, simplesmente, saber se eu conseguiria andar direito neles.

Em duas rodas - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora