Seis

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A base que a força-tarefa está usando na verdade é uma estação mineradora abandonada dentro do que normalmente consideram como território dos piratas. Encaro os monitores enquanto nos aproximamos, vendo o cilindro meio disforme, com vários níveis rotativos. Eu me lembro desse lugar, Drek tinha uma rota que passava por aqui. Mas não me lembro de ver a marca de explosão onde tenho certeza que ficam os hangares principais. De onde estamos, a impressão que tenho é de que dois ou três níveis se tornaram inabitáveis.

Ithori se aproxima e para ao meu lado na sala de desembarque.

— O que aconteceu aqui? — indico o monitor com a cabeça.

— Os homens de Arcen nos atacaram tentando capturar uma terráquea que escapou deles. Eu comentei que você ia ver o estrago.

E que estrago. Balanço a cabeça. Acho que em todos os meus anos no Acordo, não estive envolvida em nada com esse tipo de poder de fogo.

— E vocês não consertaram nada?

— Não vale a pena. A estação é grande o bastante para esses níveis não fazerem tanta diferença. Temos um escudo que bloqueia qualquer tipo de leitura termoenergética. Junto com as marcas de explosão, isso faz qualquer um pensar que a estação está realmente abandonada. — ele dá de ombros.

— Por algum motivo acho que isso seria um chamariz para os bandos de piratas.

Ithori dá uma risada baixa.

— Para isso temos o outro escudo.

Assenti. Uma estação de mineração dessas, afastada das áreas mais movimentadas do Acordo, teria boas defesas antes de ser abandonada. Eu não preciso de detalhes sobre o tal escudo para entender que é do tipo que faria qualquer pirata pensar duas vezes antes de atacar – porque se a estação tem esse tipo de defesa, então tem poder de fogo para atacá-los de volta.

Continuo encarando o monitor e fazendo o possível para ignorar Ithori parado ao meu lado enquanto a nave se aproxima. Um dos níveis superiores da estação se abre e entramos. Pelo que consigo ver, é um hangar pequeno para uma estação desse tamanho. Mesmo assim, é mais que o suficiente para a nave onde estamos e mais algumas naves pequenas.

Na primeira vez que fui para uma estação espacial, achei que podia sair assim que a nave pousasse. Por sorte, Ithori me segurou – isso foi antes de irmos parar no bando de Drek. Encaro o painel ao lado da escotilha principal, que está piscando com uma luz vermelha. Primeiro o hangar tem que ser fechado e pressurizado, senão vai ser morte instantânea para qualquer um que sair da nave sem roupas especiais.

Menos de cinco minutos depois, a luz vermelha se torna azul. Ithori toca um dos botões do painel e a escotilha se abre com um ruído sibilante, ao mesmo tempo em que uma rampa se estende à nossa frente. Deixo ele sair primeiro, por via das dúvidas, e desço logo atrás.

O espaçoporto realmente é pequeno, mas segue o modelo de construção padrão para estações espaciais. Olho ao redor. Uma nave individual que parece ser algumas décadas mais velha que eu e alguns contêineres velhos, um deles bastante enferrujado. Se alguém chegar aqui por acaso, vai realmente ter certeza de que a estação está abandonada.

Mesmo assim... Estreito os olhos e olho ao redor de novo. O procedimento normal é alguém receber os recém-chegados no hangar. Essa estação obviamente não está trabalhando assim, mas com certeza vai ter algum tipo de defesa aqui. É um chute, mas eu conheço os protocolos de segurança do bando de Drek e as localizações que têm prioridade para esconder alguém. Agora que estou procurando por isso, não preciso fazer muito esforço para ver o movimento discreto no alto de um dos contêineres. Duvido que alguém que não esteja acostumado com as medidas de segurança do bando consiga notar isso. E duvido ainda mais que alguém consiga reconhecer aquele posicionamento específico.

Ithori (Filhos do Acordo 3) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora