QUINZE

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     A semana passou praticamente voando. Entre as provas e a ajuda que tivemos que prestar na arrumação do ginásio para o baile (coisa que fomos obrigadas a fazer) eu sempre conseguia dar uma fugidinha para ficar com Anthony. Acho que viciei no garoto.

     Eu só fazia pensar nele a todo momento e lembrar da forma como ele me beijava. Da forma como ele apertava forte a minha cintura cada vez que usava seu corpo grande para prender o meu contra uma parede ou árvore. E da forma como ele me olhava quando pensava que eu não estava vendo. Tenho que confessar que estava ficando cada dia mais abobada e isso estava ficando visível até para os meus amigos.

     Agora eu estava diante da minha irmã que insistia em pintar a minha cara. Eu não tinha paciência para ficar de frente para o espelho me maquiando mas quando mencionei que pretendia ir sem maquiagem Malu encarnou a neandertal e quase me arrastou pelos cabelos escada acima para o seu quarto.

     -Já acabou? –Perguntei entediada.

     -Quase. –Murmurou com a expressão concentrada de quem está operando uma pessoa. –Fecha os olhos.

     Suspirei e a obedeci deixando os ombros caírem. Eu estava com medo de desobedecer ela e levar uma furada no olho com aquele lápis dos infernos. Na hora ela disse que foi sem querer mas eu sabia que foi birra por eu ter me recusado a usar cílios postiços. Eu já tinha os meus cílios. Não precisava de falsos.

     Uns minutos depois ela pediu para eu abrir os olhos e me liberou para me olhar no espelho. Vendo o meu reflexo eu tive que admitir que até que não tinha ficado tão ruim, mas eu não faria de novo a menos que fosse muito preciso. Tipo no dia do meu casamento, e eu estava cogitando a ideia de casar na praia para ter que passar só um brilho labial e pronto.

     Malu passou um tal esfumaçado nas minhas pálpebras e um lápis marrom nos meus olhos. Meus cílios foram alongados por um rímel sem cor e minhas bochechas estavam vermelhas pelos beliscões que minha irmã tinha dado. E pra finalizar meus lábios estavam com um batom cor de rosa 24h. Eu parecia aquelas bonecas de porcelana assustadoras que eram mais brancas que papel mas tinham a cara pintada.

     -Pode agradecer que eu mereço. –Malu se abanou sorrindo. Sacudi a cabeça rindo e comecei a me levantar da cadeira quando ela me fez voltar a sentar me empurrando pelos ombros. –Aonde você pensa que vai? Ainda falta o cabelo.

     E assim se passou mais uma hora até que ela decidisse passar um babylyss nos meus cabelos e deixá-los soltos. Só então eu pude finalmente ir para o meu quarto. Vesti o vestido, calcei os saltos cor de creme com o fundo vermelho (que Deus me ajudasse a me sustentar naquelas coisas) e coloquei o colar e os brincos que fui obrigada a comprar. Olhando o meu reflexo diante do espelho eu me sentia estranha, mas também me sentia bem. Nada como aquele frio na barriga que a maioria das meninas alegava sentir antes dos bailes.

     Peguei minha bolsinha de mão branca e desci as escadas me escorando no corrimão da escada e nas paredes. Eu me sentia como um prédio prestes a desabar em cima daqueles saltos.

     Quando eu finalmente cheguei na sala minha mãe estava me esperando com um sorrisão nos lábios e lágrimas nos olhos.

     -Olha a minha princesinha. –Falou emocionada enquanto vinha na minha direção.

     Nos abraçamos e quando eu menos esperava ela tirou várias fotos espontâneas minhas com o celular.

     -Mamãe! –Reclamei piscando por causa do flash forte do celular.

     Quando estava prestes a esfregar os olhos minha irmã saiu sabe-se lá de onde e agarrou meus pulsos me olhando seriamente.

     -Eu juro que se você estragar essa maquiagem eu te sufoco com o meu blush! –Ameaçou.

Apaixonado pela Nerd Onde histórias criam vida. Descubra agora