Capítulo 2

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"Alguns dizem que nossas vidas são definidas pela soma das nossas escolhas. Mas não são nossas escolhas que distinguem quem somos, é o nosso compromisso com elas"

Naquela mesma semana eu comecei a botar em pratica meu plano de seduzir o garoto filho do meu alvo, mas por mais que eu soubesse que precisava me aproximar, aquilo tudo estava me cansando. Tudo estava sendo mais difícil do que eu imaginava, e pra falar a verdade, eu começava a ficar com saco cheio em ter que fingir as coisas. Fingir que era um bom aluno, fingir que estava gostando de tudo, fingir que era uma boa pessoa. Em todos esses dias lanchei com ele e sua amiga grudenta, tentei criar o máximo de proximidade possível e comecei a caprichar mais no meu visual antes de ir pro colégio. Até estava sendo um pouco mais simpático com todos, mas não adiantou, nada disso pareceu fazer algum efeito. Eu começava a ficar frustrado com tudo aquilo e até duvidava do meu potencial, mas ao julgar pela sua amiga, que visivelmente estava caidinha por mim, eu via que o problema não era comigo.

Sempre que podia e em momentos em que estávamos às sós, ou até mesmo nos intervalos das aulas, eu tentava jogar um charme e insinuar alguma coisa pra ele. Mas, ao contrário do imaginado, ele teve uma reação totalmente diferente, se retraindo e fingindo não entender que era com ele. Qual era o problema daquele garoto? Viadinhos gostam de terem um macho correndo atrás, certo?

O final daquela semana estava chegando e eu poderia finalmente ter uma folga daquele disfarce de bom moço, eu só precisava cumprir mais um dia, tentei me animar. Como todos os outros dias, acordei super atrasado e tive que me trocar voando pra não perder a aula, voei com minha moto, sem nem ao menos dar tempo de comer nada, pelas ruas da cidade, avançando sinais, mas mesmo assim foi em vão. Ao chegar no portão do colégio, vi que a velha já fechava.

-Ei, espera, me deixa entrar. – Gritei largando a moto em qualquer canto e arrancando o capacete às pressas.

-Está atrasado... e as normas...

Começou a velha rabugenta.

-Tá, eu sei que as normas não permitem que alunos atrasados entrem, mas meus pais foram viajar e eu estou sozinho e sem ninguém pra me acordar em casa. Por favor, me deixa entrar.

As mentiras saíram facilmente da minha boca, enquanto eu tentava usar meu sorriso mais sedutor a fim de que ela se sensibilizasse e me deixasse entrar. Funcionou, pois ela parou por um momento, decidindo, até que saiu da minha frente e deixou entrar, sorri ao constatar que sempre funcionava.

Na maior cara de pau, entrei na sala no meio da explicação do professor e fui pro lugar de sempre, isso, claro, chamou a atenção de todos. Caprichei bem na minha cara de paisagem e assim permaneci até que eles me esquecessem e voltassem para o que estavam fazendo. Lutei contra minhas pálpebras que a todo o momento queriam se fechar e rezei para que ninguém estivesse vendo aquela cena ridícula, principalmente o professor.

Na hora do intervalo, depois de duas sofridas aulas de história, eu já estava disposto a mandar qualquer um ao inferno e ir embora dormir o resto do dia, mas, como nos outros dias, Théo e sua amiga Yasmin me esperavam na porta da sala. Inferno!

-Oiii Kim. – Sua amiga me parecia animada demais.

-Oi Yas, Oi Théo. – Tentar ser simpático já estava me cansando. – Vocês estão bem? Cheguei atrasado hoje e não tive tempo de encontrar com vocês antes da aula.

-Atrasado como sempre, né, Kim.

O garoto me disse com uma risadinha e caçoando por ter presenciado isso mais de uma vez, lutei comigo mesmo para não pular em cima dele e arrancar aquele sorrisinho na base do soco. Seria lindo o ver sangrando e indo pra casa, e pro seu amável paizinho, sem uns dois dentes. Apenas sorri e concordei.

Pela Honra do Meu PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora