Capítulo 4

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Hey cremosos! Capítulo meio grande, mas é aquele ditado, né: não deu pra dividir. Espero que vocês não se entediem. Se dormirem, pelo menos não babem no celular. Beijos, amo vcs.

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"Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-los, mas aqueles que se recusam a esquecer do passado estão condenados a revivê-lo"

De novo eu me vi naquela mesma situação produzida tantas vezes pela minha cabeça, eu sabia ser um sonho, a perspectiva que eu tinha não era mais de um adulto, mas sim de uma criança e os móveis ao redor simbolizavam que estávamos na minha antiga casa. Desenhava na mesinha da sala, com minhas canetas coloridas e alguns papéis espalhados por todos os cantos sem me importar com nada. Sabia que quando mamãe saísse lá da cozinha brigaria comigo por estar fazendo aquela bagunça, mas também sabia que era só eu fazer uma carinha de inocente e mostrar meus rabiscos que ela me perdoaria. Papai logo chegaria, todos os dias eram iguais e, pra falar a verdade, meu pretexto de ficar por ali era vê-lo chegar, me abraçar e começar a contar como foi seu dia.

Não demorou muito para que eu escutasse o barulho de suas chaves e ele atravessasse pela porta da sala como todos os outros dias, ele vestia seu uniforme da firma, branco com azul, e calçava sapatos que eu achava pesados demais pra carregar. Um dia eu queria ser igual ele e usar aquilo também. Mas desta vez notei que ele estava diferente, nem me olhou como todos os dias fazia e passou direto por onde eu estava.

-Papai!!! Olha meu desenho.

Gritei alegre, mas era tarde, ele já tinha sumido de vista. Às vezes a mamãe falava que o trabalho dele o deixava muito cansado e que era pra eu deixá-lo ter um tempo sozinho, bom, esse deveria ser um dos dias ruins, mas logo logo ele estaria de volta. Continuei com meu desenho e decidi que quando terminasse iria dar de presente pra ele, seria legal e ele ia gostar. Dali onde estava escutei ele conversando com mamãe, parecia bravo e algumas vezes falavam alto sobre algo ter dado errado e terem descoberto, não entendia muito bem, mas também não me importei, pois sabia que eles sempre se acertavam depois.

Fiquei ali por mais um tempinho, dedicado e empenhado no meu desenho até que vi papai passar de novo por mim e ir em direção ao quarto, meu desenho estava quase pronto e eu resolvi ir atrás dele pra mostrar como tinha ficado. Mas parei no meio do caminho porque ouvi um barulho que fez doer meus ouvidos, vinha do quarto onde meus pais dormiam e embora o medo tomasse conta de mim, eu quis saber o que era. Papai estava lá, poderia ter acontecido alguma coisa com ele, corri o mais depressa que conseguia com minhas pequenas pernas e logo cheguei a porta do quarto. Tudo estava tão silencioso que eu pensei ter imaginado aquele som, exceto que papai estava no chão e parecia desacordado, a sua volta havia uma poça com liquido vermelho e na mão ele tinha aquele objeto estranho que me fez jurar nunca pegar.

-Não!

Acordei assustado, olhando para os lados, voltando à realidade da pequena quitinete onde morava e feliz por ter sido libertado daquela tortura. Não era a primeira vez e nem seria a ultima a sonhar assim com meu pai, porem os sonhos estavam se tornando mais frequentes agora com a minha nova rotina e tudo que estava acontecendo. Levantei da cama, parecendo mais pesado do que quando fui dormir e sabia que isso era efeito do álcool que havia ingerido na noite passada, o efeito havia passado e a realidade de novo vinha à tona.

Olhei pra manhã ensolarada e ela me olhou de volta ameaçadora e nada agradável, era dia de aula e eu como sempre não estava com a mínima vontade de ir. Mesmo assim, fui pro banho e decidi que iria cumprir com as minhas obrigações, alem do mais, lembrei que havia perdido um tempo no dia anterior fazendo um trabalho de português que precisava ser entregue e não queria que fosse em vão.

Pela Honra do Meu PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora