Meu Lado Oculto

Capitulo 9

2 meses depois

Estávamos bem. Conseguimos nos instalar no apartamento e a faculdade é maravilhosa. Conhecemos pessoas novas, fizemos novas amizades e nenhuma delas nos recriminou por estarmos namorando. Me lembro do momento no aeroporto quando Pri deu uma de louca implorando para eu não ir embora, dizia que não saberia viver sem mim e que jamais se perdoaria se não tentasse me fazer desistir. Eu apenas expliquei as coisas e ela foi embora furiosa sem nem se quer me dar um abraço. Fer ainda tentou contato, mas quando ligamos Pri simplesmente desligou na nossa cara e mandou uma mensagem - Vá se danar – Fer (mais conhecida como minha morena) ficou revoltada e simplesmente deixou de se importar com o que Pri tinha, e eu a apoiei desacreditada que Priscila realmente jogaria fora anos de amizade por alguma bobeira que estava acontecendo.

Agora nós estávamos passeando por Paris e tirando várias fotos para enviar a nossas mães. Elas morrem de saudade e não ficam um dia se quer sem mandar mensagem. Eu sinto falta do Rio e do calor, principalmente dos abraços amáveis da minha mãe. Em uma das conversas que eu tive com ela, me contou que acabou comprando um apartamento para ficar quando meu pai se tornasse um carrasco. Eu não desejava o mal para ele, mas sabia que faltava muito pouco para que eles se separassem e meu pai ficasse sozinho e esquecido naquela casa onde ninguém o suporta. Eu queria estar lá quando isso acontecesse, para abraçar mamãe e dizer que tudo ficaria bem, como ela fez comigo quando papai me expulsou de casa. Mas o tempo está passando tão rápido que eu acredito que em um piscar de olhos estaremos voltando para casa.

Estamos quase que vivendo um sonho, morar juntas está sendo melhor do que eu imaginei. Fer é organizada e carinhosa, sempre prepara nosso café e a noite quando chega da faculdade me conta tudo o que aconteceu no seu dia. Eu a ajudo fazer seus trabalhos e as vezes ela serve de modelo para as roupas que eu crio. Fazemos uma bela dupla e estamos pensando até em começar a pagar um apartamento para morarmos juntas definitivamente quando voltarmos para o Brasil. Se eu soubesse que me assumir tiraria aquele peso enorme das minhas costas teria feito isso quando assumi meu amor pela Fer, talvez não teríamos passado por todo aquele pesadelo. Eu sempre penso nisso, mas ela insiste em dizer que não foram coisas e sim aprendizados que nos levaram a crescer e amadurecer. E por um lado eu sei que ela está totalmente certa.

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6 anos depois.

Hoje eu estou radiante, acordei feliz e animada e tudo isso porque finalmente vamos embora para casa. Nos formamos na semana passada, foi uma cerimônia linda e pegar meu diploma de moda foi incrível. Ver minha mãe sorrindo para mim orgulhosa foi a melhor sensação de todas, não pude ter todos ao meu lado, mas recebi várias mensagens de parabéns pela grande conquista. Minha professora queria que eu ficasse mais um ano lá para me especializar em passarelas e outras coisas mais, porém eu não quero ser modelo e sim estilista, então o que aprendi nesses seis anos foi o suficiente para eu poder ter minha própria marca de roupas.

Fiquei sabendo pela mamãe que Ian resolveu cursar mecânica e logo terá sua própria oficina em algum lugar bem localizado no Rio. Descobri também que tenho sobrinhos – um casal – e hoje eles devem estar com seus cinco anos mais ou menos. Pietra é mais quieta, educada e muito carinhosa, tem o gênio forte que puxou da mãe e a aparência herdou do meu irmão. Henrique é totalmente o oposto, parece que nasceu ligado no 220 e não para nunca dando bastante trabalho, mas mesmo assim consegue ser uma criança amável e obediente quando se trata da mãe, e na aparência é o retrato do meu irmão – palavras da minha mãe – deixando Bianca indignada deles terem puxado apenas a cor dos cabelos dela. Pensar nisso me faz lembrar que Fer e eu temos uma tarefa muito importante quando chegarmos no Rio, vamos atrás de um orfanato adotar uma criança. Conversamos muito e chegamos ao entendimento que as duas quer ter essa sensação maravilhosa que é cuidar de alguém, educar e saber que essa pessoinha se espelhará em nós para ser alguém futuramente.