Entre Sereias

Capítulo 8

Maya avista grandes construções que, com certeza, inovariam a arquitetura da superfície. Na estrada real encontravam-se grandes placas dando as boas-vindas à sereia. Ela perguntava-se como as notícias proliferavam por lá, já que não tinham TVs. Seria por meio de peixes-correio? Maya soltou um riso com esse último pensamento, o que fez com o motorista olhasse para ela como se fosse uma louca.
Mas Maya se distanciou do pensamento sobre as notícias e começou a pensar sobre Apolo. Aquele corpo... aquele sorriso... aquele beijo... AH QUE TRITÃO DA PORRA.

Chegando no próximo ao palácio, ela notou algumas "pessoas" trabalhando em uma espécie de jardim aquático. Conforme se aproximava, o caminho aparecia mais chique e com pedras brilhantes. Não notou nada que Isis havia dito sobre "as pessoas viverem na escuridão".
O carro para e a ansiedade de Maya estava a mil. Ela teria que arrumar um jeito de ganhar a confiança do rei para traí-lo depois.
"Por Dhanariatis", pensou.
O motorista abre a porta e ela agradece. Ao descer, depara-se com dois tritãos, um mais velho e um mais novo, e uma sereia mais velha.
- Seja bem vinda, Maya! - o tritão mais velho exclamou abrindo os braços - Sou Saturno, rei de Jupithares.
- Rei? - ela pergunta confusa
- Isso mesmo. Essa é Cibele, minha esposa. E este, como deve imaginar, meu filho Júpiter. - a moça acena com a cabeça e o filho lança um olhar malicioso.
Maya não estava entendendo mais nada.
A história que a haviam contado era que Júpiter e Poseidon tinham brigado, Júpiter fundou Jupithares e a cidade vivia nas trevas.
Só que não era nada disso.
Jupithares parecia um lugar onde as pessoas viviam bem, e Júpiter não era rei, muito pelo contrário, seus pais - o rei e a rainha - pareciam bastante saudáveis. E simpáticos.

- Entre, as criadas irão lhe acompanhar até seus aposentos.

Ao entrar, Maya avista uma longa escada do que na superfície seria mármore, mas ela acreditava que seriam algas.
Passa por vários quadros que mostravam a família e seus alguns de seus antepassados. Tudo muito bem organizado e limpo demais pra ser algo que estivesse debaixo d'água.
Sobem as escadas, e caminham por um longo corredor com várias portas e alguns lances de escada, até pararem em frente a uma porta cor de creme.
- Senhorita, é aqui em que vai ficar - diz uma das duas criadas que a acompanharam
- Após arrumar suas coisas, avise ao criado que estará no corredor, que ele te levará ao Grande Salão para o jantar - fala a outra criada, Maya assente.
- Muito obrigada.
As sereias abrem a porta e deixam as malas de Maya em cima da enorme cama de concha. "Será que em todo palácio eles têm essas camas?", pensa. As criadas fazem uma reverência e fecham a porta ao sair. Maya dá uma olhada ao seu redor, suspira e senta na cama. E novamente as lembranças de Apolo vêm à mente.

A boca quente e suave encostando na sua, enquanto suas mãos deslizavam pela cintura dela. O calor dos corpos ao se tocarem pela primeira vez.
Os seus pensamentos são interrompidos com batidas na porta.
- Quem é? - pergunta
- Júpiter
Maya rapidamente levanta e nada até a porta para abrí-la. Gira a maçaneta e encontra com Júpiter sorrindo.
Júpiter era um tritão atraente. Tinha o abdomen magro, mas com alguns músculos. Seus cabelos eram escuros e bagunçados, e os olhos eram uma mistura de verde com azul. A cauda era de um tom de azul escuro, meio avermelhado.
- Queria garantir se você foi bem recebida e instalada em seus aposentos - diz o tritão ainda com aquele sorriso perfeito.
- É, sim, obrigada, as criadas foram bastante simpáticas - responde Maya que já tinha esquecido o que estava pensando antes.
- Se precisar de qualquer coisa, meu quarto é no fim do corredor. Nos vemos no jantar - diz Júpiter, dando uma piscadinha antes de sair.
Maya fecha porta e olha pra baixo.

- Como é que eu vou fazer isso?