maldita falta de intuição

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       Eu poderia tentar explicar, mas você não entenderia, e ainda acharia graça. Ana, como você conseguiu incendiar o meu corpo em tão pouco tempo?
      Tudo começou em Dezembro, na véspera do Ano-novo.
      Foi preciso que eu repetisse o meu nome 3 vezes para que você entendesse, você estava tão bêbada que as cores dos seus olhos não era a mesma da que eu enxergo hoje, e que belos par de olhos Ana! Quando te vi, não era como se soubesse do que eu sei agora.
      Meus amigos te acharam bonita, eu também, mas não era como se isso fosse mudar minha vida, o que me fez chegar à conclusão anos depois que nós, seres humanos, somos incapazes de saber quando uma bomba atômica vai explodir em nosso território, ou que eu em específico não fui abençoado com o misticismo ou, se preferir, a famosa intuição. Quando te olhei, eram apenas olhos de uma garota embriagada, e agora, quando meus olhos encontram os seus, alguma explosão acontece dentro de mim. Não sei o que é, você sabe?
     Você me perguntou se eu tinha um isqueiro, disse que não fumava. Você riu, e pode ter certeza Ana, entre todos os incríveis clássicos que você me apresentou, sua risada ainda consegue ser meu som favorito.
    Faltava ainda 30 minutos para a virada do ano e você já estava no 5º copo de champanhe, que não sei como, tiveram efeitos tão rápidos sobre suas bochechas.
    Quando era meia-noite, você me beijou, tão embriagada que não sabia o que estava fazendo, mas mesmo assim fazia. Algo explodiu em mim naquele momento, e mesmo sabendo que não lembraria do meu nome no dia seguinte, te dei meu número ( lembro de ter pensado algo como: fica na mão do destino ).
     Não era pra acontecer. Mas, maldita falta de intuição, aconteceu.
     Não era pra você tocar com suas mãos delicadas, o seu antigo piano na sala de estar, e me apresentar os clássicos que você toca tão bem, e com tanta agilidade.
     Não era pra você me fazer ter um espasmo triste toda vez que uma sinfonia tocava Waltz in A minor.
      Ana, embora queira te xingar de todos os nomes, sei que nada bastaria pra acreditar que a culpa foi toda sua. Estava tudo ali, vestígios óbvios que não daria certo, mas maldita falta de intuição, te levei a todos os meus lugares favoritos, te liguei as 2 da manhã e te fotografei com a minha câmera profissional.
      No começo nem parecia que eu ia me fuder, mas vendo assim, sempre deu pra saber.

Eufemismo para mim mesmaOnde histórias criam vida. Descubra agora