A vida de um Camundongo

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Quieto
Discreto
Esperto

Escondido
Não perdido
Pronto para ser descoberto

Tudo faz parte do plano
Sorrateiro, entra pelo cano
Sai na rua, onde brilha a cheia lua

Um único objetivo para se alcançar
Roubar
Para sua família alimentar

Esse camundongo teve de sair
Para ver seus filhos a sorrir
E sem fome ficar

Se vai dar certo, não se sabe
Haverá escape?
Não dá pra responder
Não dá pra saber

É tudo imprevisível
Saber o que vai lhe acontecer é impossível

Talvez um carro
Ou um acidente causado por um cigarro
O ser humano é meio incoerente
Destrói o meio em que vive
Dá até um troço na gente

Atenção em seus movimentos
E pode ser pego em qualquer momento
Vai sair ileso dessa
Seus movimentos são calmos, sem pressa

Correu
Escorregou
Quase contra um carro bateu
Escapou
Roubou
Pra casa voltou

Coitado
Tarde chegou
Sua esposa o deixou
Está arrasado

"Desculpe, querido
Chegou atrasado
Com nossos filhos parti
Creio que uma nova vida está por vir
E você talvez atrapalhasse as coisas por aqui
Desculpe
Não quero que se culpe
Agradeço por tudo o que fez
Nos encontraremos, um dia talvez"

Após ler
O coitado não sabia nem o que dizer
Chorou por dias
Não encontrava de jeito nenhum a tal da alegria

Depois de meses
Conseguiu ter sucesso
Deu a volta por cima
Conseguiu um progresso

Encontrou uma namorada
Que por ele era muito amada
Nela ele confiava
Pois ela provara que o amava

Tiveram crianças
Que enchiam o lar de esperança

Se foi
Tempos depois
Bem velhinho
Quando já tinha netinhos
E ali descobriu
Que foi muito feliz
Então, segundos antes de partir
Sorriu

-Ana Estevão, 31/5/17

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