Eu apostava que já estava há uns bons vinte minutos em frente àquele prédio, batucando incessantemente no volante do meu carro, como se, eu fazendo isso, pudesse reduzir a arritmia constante e desregulada do meu coração. Juro que, por todo o fim de semana, eu tentava pensar em outra coisa, tentava pensar em meu trabalho, tentava pensar nas horas, semanas, meses e anos em que eu lutei para me formar e entrar em uma empresa de ponta no mercado de contabilidade. Juro que eu tentava também pensar em toda a minha eloquente história com a igreja, a qual eu frequentava desde criança e em que eu sabia de cor os seus ensinamentos. Contudo, isso se desfazia quando eu pensava nele.
Naquele homem impetuoso e maldito, que há alguns meses entrara em minha vida, só para bagunçá-la e de bônus levar todo o meu juízo ralo abaixo.
Tudo sumia.
Valores.
Juízos.
Princípios.
Sabedoria.
E é claro: Meu bom senso.
Essas merdas dessas duas palavras... Eu realmente nem sabia mais os seus reais sentidos.
Era só ele, só seu sorriso, só seu olhar enigmático e austero de macho alfa que reverberava por meus olhos e ouvidos. Somente aquele ar viril encravado em sua pele. Com a missão de infernizar minha vida e jogar janela afora tudo aquilo que eu acreditava. Eu tinha que manter a calma, pensar com clareza - na realidade, eu necessitava. Tinha que fazer isso antes que ficasse louco.
Como um homem poderia mexer tão depravadamente com alguém?
Suspirei, bufando. Porque, na realidade... Como ele podia mexer tanto comigo?
Pensando bem, ele tinha todas as qualificações necessárias: Ombros largos, abdômen que até mesmo sob o terno na medida dava perfeitamente para notar, alto, sorriso alinhado com seus dentes brancos que lembravam um coelhinho, somado à sua boca fina e pecaminosa. Olhos vorazes, como se presunçosamente tentavam me puxar para ele, com suas íris completamente pretas e chamativas, nas quais era completamente possível enxergar sua autoconfiança e poder de um comandante autossuficiente.
Se eu estava ferrado?
Era óbvio que sim.
Ele não dava trégua nem quando bagunçava aquele cabelo sedoso com as mãos ao passar rente a minha mesa todos os dias. O desgraçado sabia o que fazia, pois ele sempre fazia o mesmo ritual satânico; ele sorria sedutoramente, me olhava de cima a baixo e depois dava aquele sorriso de satisfação que deixar qualquer homem em um estado completamente surreal.
Se ele era um advogado do diabo eu não sabia, mas devia ser um candidato fiel à vaga.
Eu ainda tentava anexar todos esses fatos para a última sexta-feira, quando ele, mais charmoso do que o normal, se aproximou da minha mesa e sorriu descarado. Me deixando lá sem entender e visivelmente embasbacado.
Se ele sabia que tinha um efeito sobre mim?
Óbvio que sim.
Se ele sabia que tinha efeito sobre todo o departamento masculino e feminino?
Era claro que sim.
Eu definitivamente o odiava.
Ainda mais quando, em plena sexta-feira à noite, enquanto eu bebericava um vinho barato em cima do meu sofá, uma mensagem apareceu em meu WhatsApp. Não sou muito de receber mensagens à meia-noite, o que me fez estranhar aquela situação de imediato. Tão logo peguei o aparelho sobre a mesinha de centro da sala de estar, vi um número conhecido me chamando. Frizei o cenho e depois olhei sobressaltado para a tela do aparelho.
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love is not over ➻ jikook|kookmin
Random[ONE-SHOTS] Um livro onde cada capítulo é uma história aleatória entre Jeon Jeongguk e Park Jimin. © escrito por tattojeon