“Sarah olhe para aqui” pediam uns. “Sarah está com umas curvas…” atiravam-se outros. E eu simplesmente caminhava por a passerele como se o mundo fosse meu e eu o dominasse.É bom sentir os flashes sobre a minha cara e os sorrisos atrevidos daqueles que me apreciam. É bom, tenho de o admitir… a moda é algo tão mágico, tão adaptado a mim que acho que se alguém me perguntasse o que é liberdade eu responderia moda.
“Sarah acorda!” grita a maggie. De repente apercebo-me que estou na aula de escrita livre, e quem em vez de estar concentrada naquilo que é o meu presente estou a imaginar um futuro, que apesar de fantástico é impossível.
“Diz-me que não estavas novamente a fugir daqui… para onde não deves.” Ela enerve-se comigo cada vez que faço isto, e têm razão.
“Desculpa… não é por mal.” Tento remediar a situação.
“Sarah se tu não queres isto… não mais… fala com eles.” Ela aconselha-me. Não. Não o farei… não só porque iria ver a desilusão nos seus olhos, como eles não iriam aceitar e… e eu quero ser escritora.
“Eu quero ser escritora.” Afirmo, mas não estou completamente certa, ou estou?
“Talvez não queiras ser só isso.” Ela conhece-me tão bem que me irrita ás vezes.
“Menina Maddie e menina Sarah silêncio!” o professor fala com um tom elevado e faz-me estremecer, odeio ser chamada atenção.
Tentei aplicar-me o máximo que podia no resto da aula e quando tocou senti-me aliviada.
“Sarah?” Ele toca-me no ombro.Liam.
“Sim?” Sorrio.
“Será que amanhã queres ir dar uma volta…já que é fim-de-semana?” Convida-me ele. Sinto o ar a apertar e as minhas bochechas a queimar.
“Claro.” Aceito sem pensar.
“Depois mando-te mensagem para combinar melhor tudo. Fica bem.” Ele vai-se embora da sala e dá-me um beijo na testa. A maddie vem logo a correr.
“Conta!” ela exige animada.
“Ele convidou-me para sair e eu aceitei. Mas não vamos fazer grande alarido por causa disto.” Digo.lhe. A última coisa que quero é que toda gente pense que sou louca pelo Liam… talvez já tenha sido um pouco, mas ele agora era só uma crush… e não sei se estou preparada para estar com alguém a sério. O medo toma conta da minha alma. Mas tenho de admitir que ele ainda faz o meu coração acelerar e o meu rosto corar.
“Sarah… tu pensas nele desde o sétimo ano… Eu pensei que fosses estar radiante.” Eu sei que a expressão dela estava um pouco confusa…
“Eu era uma criança Maddie… eu não planeio ter um namorado.” Explico-lhe.
“Sim… mas essas coisas são naturais.” Ela menciona a palavra “naturais” e fico um pouco abalada…
“Exatamente. Já basta metade da minha vida ter sido um bocadinho forçada… eu quero que tudo o que me espera aconteça com naturalidade.” Confesso.
“ Eu sei que estás-te a referir ao seres escritora e eu já te expliquei que não o tens de ser…tu podes ler livre.” Ela diz-me e ambas saimos da sala antes que o professor nos mande sair.
“Lá está. Eu posso e eu sou, daí querer ser escritora… as palavras são o meu instrumento de liberdade e eu uso-as para ser livre.” Está é a minha teoria e espero que ela a entenda de uma vez.
“Tu queres te enganar a ti própria, porquê?” Ela pergunta-me e eu não vou confessar-lhe que ela têm razão. Ela está a insistir num assunto que eu já tinha decidido e não quero pensar, não agora. E eu não quero discutir com ela, mas assim há de ser impossivel.
“Maddie… por favor vamos acabar com esta conversa. Tenho fome, vamos ao bar.” Proponho.
“Ok.” Ela responde-me e começa a andar á minha frente. Desculpa-me Maddie.
Assim que chegamos ao bar agradeço por estar quase vazio e por uma vez na vida poder escolher a mesa em que me vou sentar.
“O mesmo de sempre?” a Maddie pergunta-me eu aceno com a cabeça que sim.
Passados uns minutos ela volta com o nosso habitual.
“Olha… eu sei que vou mais ao menos voltar ao mesmo assunto… mas apenas gostava de saber se já te deram uma resposta…” ela começa.
“Não.” Digo de maneira a que ela perceba que não é altura certa para isto. Se alguém ouve ou sabe que liguei para lá para me inscrever…nem sei que faria, honestamente.
Depois de trincar tudo e de engolir o café rapidamente vejo que o meu pai me está a ligar.
“Tenho de ir. Beijinhos.” Despeço-me dela.
Ando o mais rápido que posso até ao portão principal e lá está o meu pai á minha espera no seu carro, tal como todos os dias. Eu não percebo se tenho 19 anos porque raio não posso ir para casa sozinha, não vivo no outro lado do Mundo, mas enfim.
“Olá pai.” Comprimento-o.
“Olá querida.” Ela fá-lo de volta.
Achei estranho a minha mãe não estar no carro também , mas decidi não perguntar nada ao meu pai sobre isso, ela devia estar numa das suas frequentes reuniões.
“Como foi o dia?” Ele questiona-me. Vai começar com as mil perguntas.
“Foi bom…. Pai…não leves a mal mas não me apetece falar muito agora, estou cansada, entendes? Mas está tudo bem.”
Ele não responde, felizmente. Ponho os fones nos ouvidos e anseio pela minha chegada a casa. Só pensava na minha cama, ai.
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Torn
FanfictionÉs apenas uma pessoa, mas ninguém te permite sê-lo. Será a tua alma suficientemente forte para equilibrar aquilo que dois mundos exigem? Ou terás de escolher um e ficar "Torn" (despedaçada) por perder o outro? Qual irás escolher? Há uma escolha a s...