3º capitulo- parte 1.

31 1 2
                                    

Estamos a caminhar à cerca de trinta e cinco minutos e adoro a brisa de vento que me embate na cara e no meu corpo e me faz sentir um bocado mais livre.

"Tens fome?"  ele pergunta-me e espero um sinal de dentro de mim como resposta.

"Não, quer dizer sim." Respondo-lhe e consigo perceber o quanto parva soou.

"Queres ir a algum restaurante? Eu pago." Ele oferece-se. Era por isto que inicialmente disse não, acho eu. Tenho a plena noção de que ao dizer sim ele ia se logo oferecer para me satisfazer as necessidades, porque ele é demasiado bem educado para não o fazer.

"Ahh...se quiseres... é que não me apetecia muito. Mas se quiseres podemos ir, sem problema." Explico e peço ao meu vestido para que seja mais forte que o vento e não se levante,  de modo a humilhar-me

"Pensei que gostasses de ir..." Ele começa.

"Para ser sincera prefiro ir comer um hambúrguer a algum sitio do que a um restaurante chique ou assim. Diguemos que às vezes me enjoou de estar rodeada de um ambiente tão formal. Isto é tal como ir buscar uma bebida ao frigorífico para beber, podia usar um copo mas prefiro beber diretamente do pacote." Acabo de dizer e apercebo-me o porquê de nunca ter tido uma vida romântica muito viva.  

Ele ri-se e consigo ver o quanto são perfeitas todas as suas imperfeições.

"Tu és mesmo escritora." Ele afirma por si mesmo, e os meus lábios quase que congelam, pois ele lembrou-me da situação em que estou e do quão dividida me encontro sobre aquilo que sou e terei de ser. 

"Porque dizes isso? Questionei-lhe com tamanha curiosidade. Estava interessada na teoria dele, provavelmente falhada.

"Porque só um verdadeiro escritor consegue encontrar sentido nas coisas mais simples, tal como tu." Ele fez-me corar, mais uma vez. 

É óbvio que ele também é escritor, ele é bom com as palavras e sabe usa-las no momento certo. Espero é que ele as sinta quando as diz.

"Acho que também não me ficas nada atrás." Tento partir o ambiente mais intenso.

"Até parece... sou melhor escritor que tu Sarah." Ele diz convencido de tal coisa, e talvez o será. Ele faz-me rir mesmo com tudo o que se está a passar, esse tipo de pessoas são as que mais aprecio. 

"Não te iludas Liam, é melhor." Menciono o nome dele de tal maneira intensa que senti os meus lábios a colarem assim que o fiz, de tanto prazer que me provocou. 

Quem me dera poder fugir das palavras dele, mas talvez tenha de admitir que ele é mais que uma crush, mas eu simplesmente não quero ser como as outras raparigas. 

"Olha olha a menina!" ele ri-se, e agarra-me por trás com os seus enormes braços e faz-me pequenas cócegas. Rio-me de volta sem parar e por esta altura todas as pessoas que passem vão acordar da realidade com as nossas gargalhadas. O meu telemóvel toca e parece que sou eu a puxada para a realidade e não as pessoas para um Mundo melhor.

"Onde é que tu estás Sarah?" o meu pai grita-me e eu começo a pensar numa boa explicação.

"Vim dar uma volta. Não vinhas tarde?" Pergunto-lhe e sei que o estou a provocar.

"Sabes que arranjo maneira de saber onde estás, portanto, é bom que chegues depressa!" ele ordena-me mais uma vez num tom elevado e desliga. Merda. 

O Liam lança-me um olhar preocupado.

"Explico-te mais tarde. Tenho de ir, desculpa-me." Tento falar apressadamente para me despachar.

"Ficas bem? Ele aproxima-se novamente do meu corpo.

"Fico. Obrigada por este tempo.... " Agradeço e dou-lhe um beijinho na face e ficámos a olhar-nos durante uns segundos e durante estes tentei decifrar qualquer tipo de sentimento para que me pudesse sentir-me segura em relação a ele, mas apenas vi a dependência que o meu sorriso tÊm dos seus olhos castanhos.

Começo  a correr pelas ruas e deixo-o.  Enquanto corro sinto o meu sangue a acelerar tal como a batida do meu coração, pareço uma bêbada mas não quero saber do que possam pensar de mim, o que importa é que me sinto livre por uns segundos.

...

Quando chego, entro pela porta principal  e consigo visionar que muita confusão está para vir, noto isso porque desde que saira até agora, as flores do jardim pareciam ter perdido toda a cor ainda que estejam vestidas todas de uma cor própria delas.  

TornOnde histórias criam vida. Descubra agora