Estamos a caminhar à cerca de trinta e cinco minutos e adoro a brisa de vento que me embate na cara e no meu corpo e me faz sentir um bocado mais livre.
"Tens fome?" ele pergunta-me e espero um sinal de dentro de mim como resposta.
"Não, quer dizer sim." Respondo-lhe e consigo perceber o quanto parva soou.
"Queres ir a algum restaurante? Eu pago." Ele oferece-se. Era por isto que inicialmente disse não, acho eu. Tenho a plena noção de que ao dizer sim ele ia se logo oferecer para me satisfazer as necessidades, porque ele é demasiado bem educado para não o fazer.
"Ahh...se quiseres... é que não me apetecia muito. Mas se quiseres podemos ir, sem problema." Explico e peço ao meu vestido para que seja mais forte que o vento e não se levante, de modo a humilhar-me
"Pensei que gostasses de ir..." Ele começa.
"Para ser sincera prefiro ir comer um hambúrguer a algum sitio do que a um restaurante chique ou assim. Diguemos que às vezes me enjoou de estar rodeada de um ambiente tão formal. Isto é tal como ir buscar uma bebida ao frigorífico para beber, podia usar um copo mas prefiro beber diretamente do pacote." Acabo de dizer e apercebo-me o porquê de nunca ter tido uma vida romântica muito viva.
Ele ri-se e consigo ver o quanto são perfeitas todas as suas imperfeições.
"Tu és mesmo escritora." Ele afirma por si mesmo, e os meus lábios quase que congelam, pois ele lembrou-me da situação em que estou e do quão dividida me encontro sobre aquilo que sou e terei de ser.
"Porque dizes isso? Questionei-lhe com tamanha curiosidade. Estava interessada na teoria dele, provavelmente falhada.
"Porque só um verdadeiro escritor consegue encontrar sentido nas coisas mais simples, tal como tu." Ele fez-me corar, mais uma vez.
É óbvio que ele também é escritor, ele é bom com as palavras e sabe usa-las no momento certo. Espero é que ele as sinta quando as diz.
"Acho que também não me ficas nada atrás." Tento partir o ambiente mais intenso.
"Até parece... sou melhor escritor que tu Sarah." Ele diz convencido de tal coisa, e talvez o será. Ele faz-me rir mesmo com tudo o que se está a passar, esse tipo de pessoas são as que mais aprecio.
"Não te iludas Liam, é melhor." Menciono o nome dele de tal maneira intensa que senti os meus lábios a colarem assim que o fiz, de tanto prazer que me provocou.
Quem me dera poder fugir das palavras dele, mas talvez tenha de admitir que ele é mais que uma crush, mas eu simplesmente não quero ser como as outras raparigas.
"Olha olha a menina!" ele ri-se, e agarra-me por trás com os seus enormes braços e faz-me pequenas cócegas. Rio-me de volta sem parar e por esta altura todas as pessoas que passem vão acordar da realidade com as nossas gargalhadas. O meu telemóvel toca e parece que sou eu a puxada para a realidade e não as pessoas para um Mundo melhor.
"Onde é que tu estás Sarah?" o meu pai grita-me e eu começo a pensar numa boa explicação.
"Vim dar uma volta. Não vinhas tarde?" Pergunto-lhe e sei que o estou a provocar.
"Sabes que arranjo maneira de saber onde estás, portanto, é bom que chegues depressa!" ele ordena-me mais uma vez num tom elevado e desliga. Merda.
O Liam lança-me um olhar preocupado.
"Explico-te mais tarde. Tenho de ir, desculpa-me." Tento falar apressadamente para me despachar.
"Ficas bem? Ele aproxima-se novamente do meu corpo.
"Fico. Obrigada por este tempo.... " Agradeço e dou-lhe um beijinho na face e ficámos a olhar-nos durante uns segundos e durante estes tentei decifrar qualquer tipo de sentimento para que me pudesse sentir-me segura em relação a ele, mas apenas vi a dependência que o meu sorriso tÊm dos seus olhos castanhos.
Começo a correr pelas ruas e deixo-o. Enquanto corro sinto o meu sangue a acelerar tal como a batida do meu coração, pareço uma bêbada mas não quero saber do que possam pensar de mim, o que importa é que me sinto livre por uns segundos.
...
Quando chego, entro pela porta principal e consigo visionar que muita confusão está para vir, noto isso porque desde que saira até agora, as flores do jardim pareciam ter perdido toda a cor ainda que estejam vestidas todas de uma cor própria delas.
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Torn
FanfictionÉs apenas uma pessoa, mas ninguém te permite sê-lo. Será a tua alma suficientemente forte para equilibrar aquilo que dois mundos exigem? Ou terás de escolher um e ficar "Torn" (despedaçada) por perder o outro? Qual irás escolher? Há uma escolha a s...