- E então vieram dois homens maus e raptaram o bebê...- Luke dizia, segurando o pequeno livro de contos. - Isso nem mesmo faz sentido! - disse, olhando para Angelina, que apenas ria.
- Continue a história. As crianças estão gostando, certo? - ela perguntou, olhando para o pequeno público de Luke, obtendo gritos em resposta.
- Não acredito que estou fazendo isso. - Luke suspirou. - Continuando... Os homens maus raptaram o bebê e o levaram para a bruxa, que prendeu a garotinha em uma torre. - leu, entediado. - Caramba, tudo isso por causa de rabanetes?
As crianças riram, o incentivando a continuar.
- Hum... Era uma torre sem portas, e muito alta. - Luke estava tentando resumir a história. Não tinha paciência para ficar lendo esse tipo de coisa. - Um tempo passou e Rapunzel cresceu. Ah, o nome dela é Rapunzel, esqueci de dizer. Enfim, ela se tornou uma menina muito bonita e com longas tranças, porque, aparentemente, ela não conhece tesouras. - mais risadas. As crianças pareciam estar gostando. - OK. Um dia um príncipe estava caçando e acabou encontrando a torre onde Rapunzel morava, e, como uma pessoa normal faria, ele ficou por ali esperando para ver o que aconteceria. Até que a bruxa do começo chegou e começou a gritar umas coisas sem sentido.
- Que coisas? - uma menina que estava sentada na frente de Luke perguntou.
- Ela gritou "Rapunzel, jogue suas tranças!" - respondeu, sem animação nenhuma.
- Você deveria imitar a voz da bruxa!
- Não, eu não deveria. - discordou, continuando a ler. - Uh... Espera, ela vai subir pelo cabelo da Rapunzel? Sério? Pelo cabelo? Isso deve doer. - falou, assustado. As crianças já haviam escutado essa história várias vezes, então não se surpreenderam. - Tudo bem. Ninguém liga se a Rapunzel vai se machucar, já entendi. O príncipe esperou a bruxa ir embora e, agindo como uma pessoa normal novamente, começou a gritar para Rapunzel jogar as tranças.
- Por que você não imita o príncipe? - uma garotinha perguntou, fazendo bico.
- Porque não. - Luke respondeu, dando de ombros.
As crianças começaram a gritar em protesto, pedindo para Luke imitar o príncipe. O loiro suspirou, pedindo para ficarem quietos.
- "Rapunzel, jogue suas tranças!" - falou, sem nenhuma animação e engrossando um pouco a voz. Conseguia ouvir a risada de Angelina atrás de si. - Dias se passaram e o príncipe continuava visitando a Rapunzel. Até que um dia a bruxa descobriu e ficou com raiva, então finalmente ensinou a Rapunzel como usar uma tesoura e cortou o cabelo dela. - lia tudo com uma voz monótona, mas, mesmo assim, as crianças estavam se divertindo. - Ela esperou o príncipe chegar e quando ele estava subindo pelo cabelo de Rapunzel a bruxa o empurrou, fazendo ele cair em cima de um espinheiro. De onde veio esse espinheiro?
- Continue. - pediu Angelina.
- O príncipe ficou cego, mas mesmo assim correu o mundo procurando por Rapunzel. Mas ele não poderia só encontrar outra princesa? Tipo, ele já está cego e mesmo assim fica procurando a Rapunzel? - perguntou, confuso.- Eu tenho pena desse príncipe, sinceramente. Um dia ele bateu na porta de uma pousada para pedir abrigo, e quem abriu a porta foi Rapunzel. Ela chorou por ele ter ficado cego, as lágrimas dela caíram nos olhos dele e ele voltou a enxergar. OK, só eu acho isso estranho? Crianças, não é assim que as coisas acontecem. Mas, de qualquer modo, ele levou Rapunzel para o seu reino e eles casaram.
As crianças bateram palmas, junto com Angelina, que só conseguia rir. Luke se levantou, agradecendo e sorrindo.
- Faltou uma parte! - um menino que aparentava ter por volta de nove anos disse, levantando a mão.
- Lá vem. Que parte? - Luke perguntou, cansado.
- O felizes para sempre, é claro! - respondeu outro menino, um pouco mais novo que o anterior.
* * *
- Michael? - Luke chamou, dando leves batidas na porta.
Depois de alguns segundos a porta foi aberta, e Luke viu a imagem de Michael aparecer em sua frente. Sorriu ao ver o menor.
- Olha só quem finalmente apareceu. - Michael disse, fazendo Luke rir. - Por um tempo eu achei que você tinha morrido.
- Para a sua infelicidade, estou parcialmente vivo. - respondeu, dando um leve sorriso.
- Eu não gostaria que você estivesse morto. - Michael disse, se apoiando no batente da porta e fazendo Luke engolir em seco. Não esperava por isso.
Luke apenas assentiu, por não saber o que dizer.
- Como você está? - perguntou.
- Parcialmente vivo, assim como você. - respondeu, abrindo um sorriso.
Luke não entendia o humor de Michael. Às vezes ele agia como uma criança, às vezes ficava bravo por motivos aleatórios e tinha as vezes em que o tratava bem.
Chegava até a chamá-lo de anjo.
- Ouvi dizer que agora você conta histórias. - riu, fazendo Luke corar. Como ele sabia disso?
- Todos sabem, é isso? Já fui parabenizado cerca de dez vezes.
Michael riu, assentindo.
- Poucas pessoas conseguem deixar aquelas crianças quietas. Elas devem ter gostado de você.
Luke passou a mão pelo cabelo, tendo Michael acompanhando seus movimentos com os olhos.
- Quem não gosta, não é? - Luke disse, mordendo o lábio inferior.
O mais novo apenas revirou os olhos. Sabia que Luke ia dizer algo do tipo.
- Você sentiu a minha falta? - Luke perguntou, por impulso e sem pensar antes de fazer isso.
- O quê? - Michael perguntou, franzindo a testa.
- O quê? - Luke perguntou de volta, limpando a garganta após isso. Ótima tentativa de ser discreto.
Michael apenas o olhou, confuso. Não sabia o que dizer após isso.
- Então... Como vai o namoro?
Luke realmente não sabia o que falar, então só perguntou algo aleatório. Ele não queria saber a resposta, mas aceitava se isso fazia Michael se sentir bem.
O colorido bufou, negando com a cabeça e confundindo mais Luke.
- Podemos não falar sobre isso, por favor? - perguntou, um certo tom de mágoa em sua voz.
Luke concordou. Não queria deixar Michael desconfortável, então achou melhor ir embora. Seu turno havia acabado, de qualquer maneira.
- Então... Acho que vou indo. - o maior disse, respirando fundo. Michael assentiu, então Luke apenas acenou em despedida e se virou, começando a andar em direção à saída.
- Luke? - Michael chamou, o fazendo parar e se virar. - Eu senti.
- Sentiu o quê? - perguntou, sem entender.
- Eu senti sua falta. - o colorido respondeu, se virando para fechar a porta logo depois.
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att dupla porque eu fiquei muito tempo sem atualizarespero que estejam gostando. quero saber a opinião de vocês, então comentem ou me mandem uma mensagem me falando o que estão achando! eu ficaria muito feliz:)
bj pra mim bj pra ti tchau tchau<3
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insane ➸ muke
FanfictionOnde Luke é voluntário no hospital psiquiátrico no qual Michael Clifford, um garoto suicida, foi internado.