Capítulo II - O Primeiro Dia

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Acordo no dia seguinte escutando meu pai me chamando para que eu não me atrase. Olho pela janela e vejo que tudo ainda está escuro, sinto uma vontade de deitar e dormir novamente. Acabo tendo de vencer essa vontade. Levanto e vou tomar banho; ao sair, vejo que meu pai já saiu, deixando um bilhete em cima da cama com dinheiro. No bilhete estava escrito como chegar ao colégio. Ficava a duas quadras descendo a rua então olho para o relógio: 06:32. Penso que ainda tenho tempo de atualizar o meu MP3, coloco algumas músicas do Kiss, Korn, e Black Sabbath, olho novamente para o relógio — 06:47 —, pego minha mala, o anel que meu avô me deu, minhas chaves, o dinheiro, e saio de casa, quase sem vontade de ir.

No caminho vejo algumas flores que me lembram de uma amiga. Rose. Ela deveria estar feliz com o Doug, afinal ambos foram feitos um para o outro. Enquanto pensava neles, me deparo com a entrada do colégio. Logo ao entrar, vejo um mural com um aglomerado de pessoas em volta, então me aproximo para ver mais de perto o que se passava ali. Vendo que é uma lista com nomes, uma espécie de separação por salas; procuro o meu nome, e ao encontrar percebo que vou para uma turma com denominação de 2° ano B., Por sorte não tive de procurar muito, fica em um pavilhão que, por aqui, chamam de bloco um.

Ao entrar na sala, vejo que todos conversavam entre si, então vou em direção a uma carteira no fundo, perto da janela. Ao me sentar, sinto como se todos me olhassem, então apenas ponho meus fones e me desligo do resto do mundo.

Alguns minutos se passam, e o professor entra na sala, um cara de uns dois metros de altura, careca, mas com uma barba de dar inveja. Ele se apresenta à turma.

— Bom dia classe, meu nome é Henrique de Albuquerque, a matéria é Educação Física.

Após ele se apresentar, pede para cada um da sala que se apresente, enquanto isso, eu simplesmente aumento o volume e começo a olha pela janela.

Assim vai até que chega à minha apresentação:

— Será que não tem como pular minha vez?

Acho que ele percebeu o meu sotaque meio engraçado, e talvez por isso, ele tenha insistido para que eu o fizesse:

— Vamos, meu jovem, todos se apresentaram, e esse é o melhor jeito de se conhecer novas pessoas e de fazer novas amizades. Vamos, será divertido.

Percebi que não tinha escolha, ele não iria parar. Então me levantei e comecei a me apresentar:

— Bom, meu nome é Scott, eu nasci nos Estados Unidos e vivia lá até dois dias atrás, quando eu me mudei para cá.

Ao falar isso, percebo um certo alvoroço no resto da sala, então o professor, como modo de chamar a atenção da sala, dá um assovio e retoma o assunto.

— Você morava aonde?

— Nova York.

— Gosta de praticar algum esporte?

— Jogava basquete toda semana.

Antes que o professor pudesse fazer mais alguma pergunta, o sinal toca. Então o professor se despede da sala e sai pela porta. Eu estranho, então acabo perguntando a uma aluna do meu lado:

— Por que o professor está saindo da sala?

— Porque acabou a aula dele.

— Mas não seriamos nós que deveríamos nos dirigir até outra sala?

— Não sei como era por lá, mas aqui são os professores que trocam de sala.

Então eu ponho novamente os fones, e viro para a janela.

O próximo professor a entrar em nossa sala era o professor de historia. Eu estava quase dormindo, quando a garota com quem eu tinha falado, me cutucou:

— Então você veio dos Estados Unidos?

— Sim...

— Eu também nasci lá, mas acabei vindo para cá muito cedo.

— Com quantos anos?

— Dois.

— Por que tão cedo?

— Meus pais se mudaram para cá, eu nunca soube direito o motivo.

— Entendo.

Eu queria perguntar o nome dela, mas estava sem jeito, afinal, ela tinha acabado de falar, quando se apresentava. Então eu tive a ideia de perguntar se ela tinha algum apelido. Foi quando pela primeira vez eu olhei de verdade para ela.

Ela era linda, cabelo curto e ruivo meio alaranjado, que iam de contraste com os olhos grandes esverdeados, seu rosto não tinha comparação, era como se fosse uma escultura feita pelo próprio Michelangelo. Ela transmitia uma espécie de segurança em tudo o que falava, como se tudo o que ela falava ou fizesse estava certo.

Só voltei a escutar escuta-la quando ela me chamou a atenção:

— HEY! Você está me ouvindo?

— Oi... M - mas é claro que estou te ouvindo.

— Então você concorda que o Kiss é a melhor banda do mundo?

Antes que eu pudesse responder, um garoto sardento, de mais ou menos um metro e oitenta se atravessou na conversa.

— Kammile! Por que você está conversando com o novato?

Enquanto ele se aproximava, eu pude dar uma olhada melhor nele. Era meio "largo", podia dizer que ele se parecia com um daqueles caras que ficavam no grupo dos atletas, que jogaria na "zaga" de um time de futebol americano.

Então a voz da Kammile cortou o ar:

— Júlio, vê se cresce. Você e eu não temos mais nada...

Ele torce o nariz, e então vai embora resmungando.

Depois de um tempo, o sinal toca e fomos para o intervalo. Lá eu conheci alguns amigos dela: Daniel, um garoto alto que tinha reprovado um ano; Luiz, um menino prodígio um ano adiantado, me parecia um pouco introvertido; Laura, loira e todos chamavam ela de 'mãezona', já que ela era a mais velha do grupo; e Ana, a "patricinha" do grupo.

Nunca soube que estas pessoas estariam tão ligadas ao meu futuro

Live To DieWhere stories live. Discover now