Já faz uns seis meses que me mudei para cá, e cada dia é um saco que se torna suportável com a presença da turma inteira, mas nas últimas duas semanas algo mudou por completo a nossa convivência.
Tudo começou com um aviso do Daniel:
— Galera! Quero avisar que eu e a Ana estamos namorando!
Tudo ficou em silêncio por um momento, então olhei para o Luiz, que estava com uma expressão vazia. Ninguém conseguia falar nada. Todos nós estranhamos, afinal, pelo que me diziam, eles se odiavam desde antes de eu me mudar para cá, era como se um gostasse de provocar o outro. Pelo que me contaram, eles estudavam juntos desde a pré-escola, e lá já eram assim. Eram dois opostos da mesma moeda, a filinha do papai, e um piá de rua.
O primeiro a esboçar alguma reação foi o próprio Luiz, que pergunta:
— Desde quando?
— Eu pedi ontem à noite.
Então novamente se instalou um silencio, todos se olhavam, parecia que sabiam de algo que eu não sabia. Então Luiz se levanta, esboça um pouco de felicidade:
— Meus parabéns, vamos todos comemorar, afinal não é todo dia que o Daniel pede alguém em namoro! — disse Luiz com um nítido sorriso forçado — Vamos para aquela nova lanchonete que abriu no fim da rua.
Todos levantam, e saem meio que esboçando uma felicidade forçada, estávamos indo para uma lanchonete que abrira há poucos dias, enquanto isso eu ainda tentava entender o que estava acontecendo, o porquê da reação de todos.
Depois de andarmos um pouco, Kamille me pediu para andar mais devagar. Não entendi o porque, então eu perguntei:
–– Está tudo bem?
–– Sim e não. Comigo está tudo bem, mas com o Luís, não esta. Mas acho que você percebeu
Fiz um movimento com a cabeça concordando. Então ela continuou:
–– Então me deixa te explica o que está acontecendo. O Luiz e o Daniel eram muito amigos, mas antes de você chegar eles tiveram uma briga, desde então eles não se dão mais bem.
–– Então por que eles ainda andam juntos? –– Perguntei para ela.
–– Eles andam juntos porque ainda fazem parte da turma. Tipo, nenhum deles quis abrir mão de andar conosco, então eles agem como amigos.
Eu fiquei pensando, e então perguntei para ela:
–– Mas por que o Luiz ficou assim então?
–– Bom o Luiz gosta da Ana já faz algum tempo, mas o Daniel ficava de rolo com ela, isso durou uns quatro meses, então a Ana não quis mais. O Luiz esperou um tempo, e então semana passada ele me falou que iria pedir a Ana em namoro no aniversario dela. –– Ela me respondeu.
–– Mas o Daniel sabia?— Perguntei para ela
–– Eu não sei se ele sabia, mas agora já estamos chegando na lanchonete, então finja que não sabe de nada, não queremos piorar a situação.
–– Ok Kammile.
Chegando lá, todos se sentiam desconfortáveis, menos o Daniel. Sentamos numa mesa do lado de fora. Eu sentei do lado da Kammile, Laura sentou na nossa frente, Daniel sentou numa ponta, e Luiz sentou na ponta oposta a ele.
Conversávamos sobre assunto aleatórios, evitando a todo custo tocar no assunto sobre o novo casal. Luiz estava calado, não tirava os olhos de Daniel.
Quando chegaram as bebidas, Luiz levantou, pegou o copo dele, e com um sorriso sarcástico e um tom de deboche falou:
–– Ao belo casal formado pela garota que eu gosto e pelo meu amigo, que me apunhalou pelas costas, não uma, mas duas vezes. Na verdade eu queria dizer ex-amigo.
Após essa declaração, houve um silêncio mortal, até que o Daniel tomou a palavra:
–– Eu não apunhalei ninguém, eu apenas não sabia que você gostava dela. Quando você descobriu e me falou, já era tarde, e mesmo quando eu tentei consertar você não deu bola, nem quando pedi desculpas, então segui minha vida, e tomei a decisão que você nunca quis tomar porque tinha medo. Então se você quer me odiar, vá em frente, eu não me importo.
Quando estas palavras atravessaram o ar, e chegaram aos ouvidos de Luiz, foi como se uma bomba explodisse. Luiz virou a mesa e foi em direção a Daniel, que já estava pronto para a briga. Quando tentei segurar o Luiz, recebi um soco no nariz e caí para trás, parecia que nada poderia ser feito e a briga estava certa. O primeiro soco foi desferido por Daniel, acertando o peito de Luiz, que imediatamente revidou, e assim os dois caíram no chão, um batendo no outro até que saíram para a rua. Eu não conseguia ver o que estava acontecendo, já que estava caído e a Kammile não me deixava levantar, achando que eu iria bater no Luiz. A única coisa que vi foi uma viatura chegando para apartar a briga.
Ambos foram conduzidos para a delegacia, Laura foi para casa, e eu e Kammile ficamos para ajudar a arrumar a lanchonete e pagar pelos estragos.
No final do diaficamos sabendo por meio da Ana que os dois tinham sido liberados.
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Live To Die
Mystery / ThrillerUm jovem americano vem para o Brasil com seu pai para recomeçar a vida, porém, quando chegam aqui, serie de eventos começam a mudar a vida deste jovem, e ele descobre alguns podres do seu pai, algumas coisas que lhe fazem pensar: Nós vivemos para mo...