Medo

30 1 0
                                    

O olho, e sinto um certo temor. Vim aqui para perguntar algo que há muito me assombra; não irei desistir agora.
Não é necessário chamar por ele, pois ele sempre está aqui, importunando, machucando, amedrontando; ele enfim me vê e sorri; sorri aquele sorriso que me dá calafrios e faz o medo percorrer por todo meu corpo.
Tomo uma dose de coragem invisível e resolvo assim perguntar:
- Quero, querido Medo, como sempre quis, saber o motivo. Quero explicação. Qual é o motivo para sempre me importunar? Me lembrar lembranças indesejadas? Por que sempre me rodeia, me lembrando que não importa o que eu faça nunca irá embora? Só quero saber o porquê.
- Boba és tu. Pobre criança... Só pensa em si. Já parou para pensar que não pedi para ser assim? Só sou. Este é o meu trabalho. Assusto, importuno, causo confusão, causou dor, causo feridas; isto é o que devo fazer e é afinal, o que faço.
Criança,  cresça! Sou o Medo e devo agir como o Medo deve agir. Aceite, como eu, e assim podes ter a chance tão desejada de se livrar de mim. Boba és tu. Tu me criastes, e só tu podes livrar - me de mim. Pense nisso.
Quando vejo, o Medo já fostes para o outro extremo do meu corpo, antes mesmo de eu responder; responder o que afinal? Odeio admitir, contudo ele estava certo. Eu o criei e o alimentei; creio, que só eu possa o fazer parar. E irei.

De poesias á textos Onde histórias criam vida. Descubra agora