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Quando tudo começou eu não pude imaginar que seria assim. Nunca pensei que ele se tornaria isso. Uma pessoa fria, vazia, conectada somente ao prazer do corpo, vivendo no meio de mentiras. Esse era um lado de Jeon Jungkook que poucos conheciam. Todos seus hyungs já haviam desistido dele, inclusive eu. Vivíamos de aparências, "sorria para a foto'', " façam uma boa apresentação", "Jungkook passe mais maquiagem para esconder essas olheiras e hematomas", mas nem sempre foi assim.

Por ser o mais novo, nenhum de nós acreditamos quando Jeon apareceu com uma garota de programa às três e vinte da manhã de uma sexta-feira qualquer, véspera de um de nossos shows na Inglaterra. Ficamos todos chocados. Ele se desculpou, disse que foi um erro e que nunca mais iria se repetir. Depois de um tempo acostumamos com as garotas, então vieram as bebidas, as drogas, e a partir daí, concordamos em silêncio a fingir que nada estava acontecendo. A empresa descobriu depois de alguns meses, tentou ajudá-lo, mas chegou a um ponto que também desistiu e só trabalhava para encobrir cada rastro descuidado do maknae.

Infelizmente eu o amava (e ainda amo) e sofria em silêncio, tentando ignorar cada resposta rude que recebia do mais novo. Eu desabafava com Jin e ele me consolava com palavras doces, porém sem esperanças. Era pelas ARMYs que eu sorria, mesmo estando despedaçado por dentro.

Quando estávamos no palco eu via aquela pessoa doce que ele fingia ser, e chegava a desejar que ele fingisse o tempo todo pois não podia suportar a realidade. Eu amava aquele Jungkook gentil e atencioso que cantava ao meu lado, mas tinha raiva daquele que chegava de madrugada com mais uma garota qualquer e me fazia perder o sono com ruídos nojentos. Eu não aguentava mais ignorar a situação, precisava fazer algo.

–Jungkook, por favor pare com isso, por mim. – murmurei perto do ouvido do mais novo mas logo me afastei, o cheiro de bebida estava ainda mais forte hoje.

–E desde quando você se importa com o que eu faço? – mais uma de suas respostas frias que me cortavam como uma faca.

–Sempre me importei.

–Se importa tanto que finge que não me vê cada vez que entro por essa porta.

–Te ver assim dói, Kook, meu coração se parte cada vez mais quando te ouço chegar, quando sinto esse cheiro. Só queria que tudo voltasse a ser como era antes. – quando percebi já tinha falado o que estava entalado na minha garganta há muito tempo.

–''Kook''? É sério isso? Se você realmente se preocupasse comigo tinha me parado no começo, mas observou tudo isso acontecer sem mover um dedo para ajudar, isso não tem mais volta e você sabe disso. Agora me deixa em paz, Jimin. – ele disse indo para seu quarto e batendo a porta, fazendo um estrondo. As lágrimas deslizaram pelo meu rosto assim que ouvi meu nome ser pronunciado com tanta frieza. Aquele não era o garoto que eu conheci quando éramos treinees.

–Jimin hyung, está tudo bem? – ouvi a voz preocupada de Taehyung que estava na cozinha segurando um copo d'agua.

–Sim Tae, não se preocupe. Vá dormir, está tarde, você deve estar cansado. – disse, secando as lágrimas do meu rosto e segurando o choro com toda a minha força. Virei as costas e fui em direção ao meu quarto, que compartilhava com Tae. Quando menos esperava, seus braços me envolveram em um abraço por trás, me surpreendendo. Me voltei para seu peito e o abraçei de volta. Não, não estava tudo bem, e ele sabia disso.

V ligou a TV do nosso quarto, assim os barulhos de objetos se quebrando, que eram frequentes no quarto do maknae ao lado, não chegariam aos nossos ouvidos. Tomei o chá de camomila que Yoongi havia preparado momentos antes, deitei na cama e senti Taehyung acariciar meus cabelos até eu conseguir finalmente cair no sono.

Lie - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora