Cold

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Era mentira, eles não se importavam nem um pouco comigo, só queriam fama. E a empresa, dinheiro. Jimin sempre soube dos meus sentimentos por ele, mas optou por ignorar, sempre tão friamente. Agora me tornei o que eu mais odiava nele. Foi um processo gradual, fui buscar amor e atenção em outras pessoas, mas depois percebi que garotas de programa também só queriam dinheiro, então parti para as bebidas e as drogas. Todas as emoções foram lentamente desaparecendo, uma a uma, amor, alegria, tristeza. Eu não sentia mais nada, estava vazio e precisava de algo para me preencher.

Hoseok veio me perguntar se eu estava bem. E desde quando ele se preocupava com a minha saúde? Apenas ignorei e fui para o meu quarto. Ouvi batidas fracas na porta momentos depois de fechá-la, eu podia adivinhar quem era, reconheceria aquela batida em qualquer lugar. Abri uma fresta da porta, de modo que apenas parte do meu rosto era visível, pois estava só de roupão.

–O que foi? – eu realmente não queria conversar com Jimin.

–Posso entrar? – sua voz era quase um sussurro.

–Vai. – escancarei a porta, caminhei e sentei na ponta da cama. Estava esperando por respostas, mas Jimin apenas sentou ao meu lado e apoiou sua cabeça no meu ombro. O que ele queria afinal? Eu tinha mais o que fazer. Resolvi quebrar o silêncio. – O que você quer?

–Eu quero o antigo Jungkook de volta, só isso. – ele suspira de um modo que julguei dramático.

–Ele não existe mais. – falei enquanto o afastava de mim.

–Eu não entendo por que você se tornou tão frio.

–Eu não me tornei frio, você me tornou. – digo com aspereza.

–Como?

–Já chega Jimin, você não tem um projeto de música solo para terminar? – tento mudar de assunto.

–Sim...

–Então vá trabalhar nele, estou cansado dessa sua falsa preocupação.

–Por favor, Jungkook. Até quando você vai continuar com isso? Se você não pensa nos seus hyungs, pense nas ARMYs. Você não ama suas fãs? – talvez esse era meu único ponto fraco.

–Não toque no nome das ARMYs para fazer chantagem. Elas não têm nada a ver com isso, e se depender de mim, nunca irão saber dessa merda de pessoa que eu sou.

–Seja melhor por elas. Imagine se um dia elas descobrirem, seus corações ficariam despedaçados, assim como o meu está agora. E eu não desejo esse sentimento para ninguém. – ok, agora eu tinha certeza que o que ele queria era fazer uma chantagem emocional, mas nunca funcionaria, de qualquer forma.

–Jimin, por favor, saia do meu quarto. – disse em um tom autoritário, porém ele nem se moveu. Pelo contrário, entrelaçou suas mãos nas minhas. Estavam quentes.

–Dizem que quando suas mãos estão frias, significa que seu coração está quente. – ele estava falando das minhas mãos?

–Não no meu caso. – me soltei de suas mãos e levantei da cama. – Saia enquanto eu ainda peço com educação.

Ele não disse uma palavra. Levantou e saiu calado, fechando a porta atrás de si. Finalmente estava sozinho.

Ultimamente eu não estava usando muitas drogas, apenas um pouco de maconha, eu sabia me controlar. Eram as bebidas que eu consumia com mais frequência. O espaço debaixo da minha cama virou um depósito de garrafas vazias e outras pela metade. As cheias eu guardava dentro do guarda roupa.

Peguei uma garrafa de vodka que continha um pouco menos da metade e tomei tudo num gole só. Já começava a sentir o álcool correr pelas minhas veias. Eu estava com raiva, não especificamente de alguma coisa ou pessoa. Não sabia explicar de onde vinha aquilo. Então joguei na parede aquela garrafa que ainda segurava em minhas mãos. Por um momento eu me senti um pouco melhor, mas só por um momento.

Lie - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora