Alguns dias se passaram desde a minha última conversa com Jungkook, que eu fazia de tudo para tentar esquecer. Realmente não sei por que eu me submeti àquela tortura. Saí daquele quarto não somente triste, mas também com raiva de mim mesmo.
Era uma sexta-feira à noite e os membros sugeriram sair para jantar depois dos ensaios. O maknae não tinha dado as caras naquele dia. Ninguém soube dizer exatamente onde ele estava. Disse aos meninos que não estava muito no clima de sair e que ficaria no apartamento mesmo. Taehyung perguntou se eu queria que ele ficasse comigo, mas disse que ele não deveria se preocupar, eu ficaria bem.
Preparei um cup noodles e sentei no sofá. Encontrei um canal em que passava um filme que nunca havia visto. Algum tempo depois ouvi alguém tentar abrir a porta de entrada. Olhei através do olho mágico, era Jungkook, e estava em péssimo estado. Destranquei e abri a porta. Ele entrou cambaleando, mal conseguia parar em pé. Um pouco atrás havia uma garota.
–Agora ele é problema seu. – disse em um tom impaciente enquanto virava as costas e saía a passos largos, deixando um Jungkook fora de si em meus braços.
Fechei a porta e a tranquei novamente. O que faria com ele? Um banho gelado? Ou colocava-o direto na cama? A primeira opção me pareceu melhor.
–Vamos direto para o chuveiro. Consegue pelo menos andar?
–M-me larga, eu tô bem. – exclamou, e eu pude sentir o cheiro do álcool vindo de sua boca.
–Você não está bem! Vamos logo! Me obedeça caralho! – eu nunca havia falado assim com ele, mas tudo tem sua primeira vez, e de qualquer jeito ele não se lembraria de nada na manhã seguinte.
Coloquei-o na banheira com roupa e tudo, liguei o chuveiro na água gelada. Primeiro, Jeon tentou sair, mas não tinha controle sobre seu corpo. Então algo inesperado aconteceu. Lágrimas começaram a sair de seus olhos, escorrendo pelas bochechas até cair na água que havia se acumulado na banheira. O som do chuveiro era o único que quebrava aquele silêncio, que parecia durar uma eternidade.
–O quanto você bebeu? – resolvi perguntar.
–Não foi muito, eu juro. – respondeu, e eu sabia que estava mentindo.
–Não minta para mim, por favor. O quanto você bebeu? – repeti a pergunta.
–Meia garrafa de vodka e cinco latas de cerveja. – ele parecia se sentir culpado.
–Jungkook, o que vamos fazer com você? – perguntei mais para mim mesmo do que para o maknae.
–Tinham alguns paparazzis lá fora, talvez tenham me visto...
–O que você quer dizer?
–Que eu não posso mais continuar no BTS. Vou estragar tudo como sempre fiz, e não quero manchar a imagem do grupo inteiro. – como assim nos deixar? Estávamos juntos há quatro anos, não poderia acabar assim.
–Você está bêbado, não sabe o que está falando. Vamos, se levante, tire essas roupas molhadas, se seque e coloque um pijama. Consegue fazer isso sozinho?
–Acho que sim... – ele diz com pouca convicção.
–Me chame se precisar de ajuda. – disse enquanto deixava a toalha e as roupas secas na bancada do banheiro e me dirigia ao quarto.
Peguei meu celular e me espantei com o horário, já eram 23:47. Algumas mensagens dos meninos avisavam que eles voltariam logo. Resolvi entrar no Twitter e postar uma foto para as fãs. Não que eu estivesse afim de tirar selfie, mas suas mensagens positivas podiam me alegrar até no pior dos meus dias.
Alguns minutos depois, Jungkook saiu do banheiro.
–Sua camiseta está ao contrário. – avisei.
– Sério? – ele riu. Céus como eu sentia saudades dessa risada, já não a ouvia há meses.
– Sim, deixe que eu arrumo. – tirei sua camiseta e por um momento observei suas costas definidas, eu queria muito tocá-las, mas apenas recoloquei a peça de roupa em seu corpo. –Pronto. Quer que eu prepare um chocolate quente?
– Por favor. – o mais novo não estava sendo frio, devia estar realmente chapado, porém sua aparência era contraditória, pois depois daquele banho e de roupas limpas, parecia estar totalmente normal.
Preparei uma xícara de chocolate quente para Jungkook, que estava deitado no sofá, e outra de capuccino para mim. Quando ainda estava na cozinha, ouvi a campainha tocar. Os meninos haviam chegado.
– Oi pessoal, como foi o jantar? – perguntei enquanto eles passavam pela porta.
– Foi muito bom. – Jin comentou, parando ao meu lado. – Mas não estava completo sem você.
– O que o Jungkook está fazendo em casa tão cedo? – Yoongi se deparou com o maior dormindo em sono profundo no sofá e se voltou para mim.
– Ele está cansado, cuidado para não o acordar. – informei.
– Agora ele faz as merdas e você ainda cuida dele? – retrucou o mais velho.
– O que foi Yoongi? Vou deixar ele na rua no estado de sempre para o mundo ver e comentar? – elevei minha voz.
– Calma, Jimin, só não quero que você se machuque. Ele nunca fez nada para merecer tal tratamento, mas você está certo. Me desculpe.
– Tudo bem, eu que devo me desculpar por me alterar com qualquer coisa. – me desculpei e em seguida acrescentei: – quer chocolate quente? Ou talvez capuccino?
– Chocolate, por favor.
Acabei por fazer chocolate quente e capuccino para todos. Eles agradeceram e conversamos um pouco ao redor da mesa. Ninguém mais tocou no assunto do maknae. Era mais ou menos 00:50 quando todos foram para seus respectivos quartos. Suga veio até mim e me deu um abraço, até me espantei com o ato do mais velho, pois era não era frequente alguma demonstração direta de afeto vinda dele.
– Vai ficar tudo bem, Jimin-ah. Vamos cuidar dele, ele querendo ou não. – disse com sua voz calma e rouca.
Olhei para Jeon. Tinha um ar angelical e inocente, e ali dormia, mais vulnerável do que nunca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lie - Jikook
FanfictionJeon Jungkook se envolve com bebidas e prostituição, se perde completamente de tudo e todos, mantém as aparências nos palcos com a ajuda da empresa, que cobre seus rastros descuidados, e Park Jimin é o único que pode salvá-lo de si mesmo. ...