Letting Go

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Eu não deveria ter bebido naquele dia. Não deveria nem ter saído de casa. Mas aquele sentimento de raiva falou mais alto como sempre. E enfim, não acabou bem. Agora eu estava deitado numa cama de hospital tentando processar as últimas horas. Jimin me surpreendeu com um beijo durante a madrugada. Eu não sabia o que pensar. Sempre senti uma coisa diferente por ele, mas nunca imaginei que era amor dessa forma. Éramos muito ligados, por isso pensava que era um amor de irmão, querer proteger o outro a qualquer custo, ser capaz de lutar e morrer um pelo outro. Estava completamente confuso e perdido em um labirinto de pensamentos do qual eu não conseguia sair. E essa era uma das razões pelas quais eu odiava qualquer tipo de sentimentos, eles nos fazem esquecer quem somos. Mas agora eu precisava do amor de Park Jimin mais que tudo nesse mundo, pois só ele poderia me impedir de desmoronar. Só que eu não queria admitir, era orgulhoso demais.

Olhei para a poltrona e o hyung estava dormindo em uma posição aparentemente desconfortável. Queria chamá-lo para deitar na cama e ter um sono decente, mas não queria acordá-lo, estava tão cansado. Então em vez disso, levantei e fui ao banheiro. Precisava esticar um pouco o corpo. Olhei para o espelho, meu rosto estava pálido, parecia bem doente. Não poderia aparecer assim para os fãs, os deixaria preocupados. Aliás, ninguém poderia me ver assim, senão descobririam minhas condições. Talvez entrar nesse grupo tenha sido um erro. Eu sou e sempre fui um fracassado disfarçado de "maknae de ouro". Só faço todos ao meu redor sofrer e não sei como parar. Estava tão distraído que quase não ouvi quando Jimin chamou pelo meu nome momentos antes de abrir a porta do banheiro.

— Você está aqui. Que susto que me deu. Acordei e não te vi em lugar nenhum, chamei e você não respondeu. — ele disse se acalmando enquanto me envolvia em um abraço.

— Me desculpa. Precisava levantar daquela cama um pouco. Está com fome? Posso pedir para te trazerem algo para comer. — sugeri.

— Não, obrigado. Estou bem. Vou voltar a dormir. Você também deveria deitar, é perigoso ficar de pé sozinho, pode desmaiar e não ter ninguém para te ajudar. — o menor pegou minha mão e foi me puxando de volta para a cama. Me deitei novamente e observei de novo sua posição desconfortável na poltrona.

— Não está muito desconfortável nessa poltrona? Deite aqui na cama. — finalmente falei o que queria.

— Não. Vou te deixar com pouco espaço. Estou bem aqui. — ouvi sua voz hesitante.

— Venha, por favor, não quero te ver sofrer com dores no pescoço por minha causa.

— Tudo bem. — cedeu ele, levantando e vindo em minha direção.

Se deitou tão cuidadosamente que quase não pude sentir sua presença ao meu lado. Realmente, a cama não foi feita para acomodar duas pessoas, mas gostei de sentir seu calor, e isso me fez sentir confortável.

Acordei na manhã seguinte e em vez de Jimin, era Jin que estava sentado na poltrona, imerso em um dos livros que havia pego emprestado de Namjoon.

— Bom dia! Como está se sentindo? Jimin passou mal durante a noite e Yoongi veio buscá-lo. — O hyung falava calmamente enquanto fechava o livro e o colocava sobre a mesinha logo ao lado.

— Como assim ele passou mal? Conversamos no meio da noite e ele estava bem. — Tentei não deixar transparecer minha preocupação, mas falhei miseravelmente.

— Calma, ele está bem. Aparentemente foi só uma queda do nível de glicose no sangue por ter ficado sem comer, não foi nada sério. — Jin realmente estava tentando me acalmar, mas não estava obtendo sucesso.

— Idiota! — murmurei um pouco alto demais.

— Quem?

— O Jimin! Durante a madrugada perguntei se gostaria de alguma coisa para comer mas disse que estava bem! Ele está fazendo essas dietas loucas de novo, não está? — Elevei minha voz e quando percebi, já estava quase gritando.

— JungKook, você sabe que sempre tentamos impedir, mas ele faz escondido mesmo assim. Isso se intensificou depois que você... — O mais velho fez uma pausa, sem saber qual palavra escolher. — ...ficou "ausente". — Ele fez as aspas no ar com os dedos e em seguida me mandou tomar banho, pois o médico iria passar no quarto para me examinar.

Os dias foram passando e os membros iam se revezando nas visitas do hospital, com exceção de Jimin, que não apareceu mais após aquela noite. Quando finalmente tive alta do hospital, os cinco membros vieram me buscar. Fiquei me perguntando onde o mais baixo estava. Talvez tivessem percebido que minha mente estava longe, por isso disseram que Jimin tinha ido passar o fim de semana na casa de seus pais. Novamente ele estava me evitando. O que eu tinha feito agora?

Cheguei no apartamento e fui direto ao meu quarto. Peguei todas as garrafas de bebida que estavam debaixo da minha cama e dentro do meu guarda-roupa, joguei-as em uma caixa e a arrastei para fora do quarto. Se eu queria mudar minha vida, precisava começar de algum lugar, e a bebida era o primeiro passo. Precisava deixar meus velhos hábitos irem embora para sempre, se possível, e era exatamente isso que eu iria fazer.

Lie - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora